(…)
O apelo do voto útil é facilmente explicável,
mas um terror para as democracias.
(…)
As pessoas são seduzidas para votar na solução
menos má em vez de serem mobilizadas para as ideias que querem construir.
(…)
Não por acaso, os maiores arrependidos em todas
as eleições são os que se perdem nas teias dessa chantagem.
(…)
É mesmo uma chantagem. O apelo pretende
mobilizar pela desistência. Parece um paradoxo porque é mesmo um paradoxo.
(…)
Visto pelo prisma do “copo meio vazio”, o apelo
é a que se coloquem de lado ideais ou valores, que se ignorem preferências ou
simpatias, para nos resignamos a uma inevitabilidade qualquer.
(…)
O voto útil é a imposição de uma vontade
qualquer que se quer sobrepor ao nosso livre arbítrio.
(…)
É um argumento de autoridade com que nos
pretendem condicionar, subjugando o nosso direito e a nossa liberdade.
(…)
[A verdadeira utilidade do voto é] ser usado
sem amarras, condicionalismos, paternalismos ou outros ismos que nos queiram
impor.
(…)
A utilidade do voto é medida pela representação
que lhe queremos dar.
(…)
O voto útil é o que resolve a vida das pessoas,
esse é o voto fundamental e inadiável.
Pedro Filipe Soares, “Expresso” online
Luís
Montenegro conseguiu ganhar o debate [a Ventura], apesar de não ter respondido
à pergunta que já o tinha deixado em silêncio no debate com Paulo Raimundo.
(…)
João
Adelino Faria deu início ao confronto perguntando novamente a Montenegro se
viabilizaria um governo minoritário socialista. De novo Montenegro não foi
capaz de responder.
(…)
Reparem
que esta pergunta é fundamental. Depois dos resultados eleitorais nos Açores,
dirigentes políticos e comentadores reivindicaram que o PS estava obrigado a
viabilizar o governo minoritário da coligação PSD-CDS-PPM nos Açores.
(…)
[José Luís Carneiro] afirmou que viabilizaria
um governo minoritário de direita para evitar que o Chega integrasse a
governação.
(…)
Se o
PS viabilizar um governo minoritário de direita estará a dar total protagonismo
ao Chega no sentido em que o partido passará a assumir o papel de grande
opositor do regime.
(…)
Se o
PS deixar o Chega assumir o protagonismo será o colapso do equilíbrio entre
centro-direita e centro-esquerda que temos conhecido.
(…)
O
ponto aqui é que, depois de tanto se ter exigido ao PS que viabilizasse um
governo minoritário de direita, Luís Montenegro não é capaz de responder à
mesma pergunta quando é a sua vez.
(…)
Mas,
como é mais do que evidente, o grande problema seria Montenegro responder que
sim, que viabilizaria um governo minoritário de esquerda. Nesse “sim” estaria o
fim de Luís Montenegro.
(…)
Sabe
Deus, e sabemos todos nós, que [Montenegro] não sobreviverá como líder do PSD
se isso acontecer, ou seja, se tiver condições para formar governo e não o
fizer [ainda que necessite de entendimentos com o Chega].
(…)
O
partido exige-lhe que ganhe as eleições ou, em alternativa, que repita à direita
o que a esquerda fez em 2015.
(…)
Luís Montenegro está frágil. Ganhar a Ventura
não chega.
Carmo Afonso, “Público”
(sem link)
Infelizmente, o analfabetismo não está
erradicado. São analfabetos 3,1% dos portugueses (INE e Pordata, 6/4/23).
(…)
[Vivemos] numa Europa onde são vários os países
que conseguem desempenhos superiores aos nossos com apenas nove anos de
escolaridade obrigatória.
(…)
Oito
anos de governos PS criaram duas escolas, definitivamente homogéneas: a
pública, pobre, para os pobres; a privada, rica, para os ricos.
Santana Castilho, “Público” (sem link)
Só Israel teria autorização e impunidade para
fazer o que faz há quatro meses na faixa de Gaza.
(…)
Repita-se:
a mais nenhum país do mundo seria tolerado uma invasão, mesmo com toda a
legitimidade de defesa e de resposta após os sangrentos ataques do Hamas em
Outubro, com este efeito catastrófico e desumano.
(…)
Não é
possível ignorar o que as agências das Nações Unidos têm bramado: duas mães
morrem em Gaza em cada hora, 45 mil mulheres grávidas e 68 mil a amamentar não têm comida
suficiente, e uma criança morre a cada dez minutos.
(…)
Qualquer
crítica à desproporcionada intervenção militar, com as consequências humanas
devastadoras que se conhecem, que o ataque
a Rafah irá agravar, é tida como anti-semita.
(…)
A UE
apressou-se a legitimar qualquer retaliação militar em Gaza, pela voz de Ursula
von der Leyen, e apressou-se a condenar a agência das Nações Unidas de apoio
aos refugiados palestinianos, por supostamente 12 dos 13 mil funcionários da
UNRWA em Gaza terem participado nos ataques do Hamas.
(…)
Portugal
teve a verticalidade necessária para fazer uma doação
especial de um milhão de euros a esta agência das Nações Unidas [a UNRWA].
(…)
Como
escrevia o El Pais
em editorial, no final do mês passado, a suspensão das contribuições para a
agência da ONU para os refugiados palestinianos não condena o Hamas, mas os
civis, “abandonados por muitas das democracias mais poderosas do
mundo”.
(…)
São
cruéis as imagens de cidadãos israelitas com a bandeira nacional em punho a
travar a entrada de camiões com assistência humanitária numa terra onde seres
humanos se encontram irremediavelmente presos e perigosamente próximos de
morrerem à fome.
(…)
[A UE] Não é capaz de sancionar Israel, nem é
capaz de reconhecer o Estado palestiniano.
(…)
Como é natural, o facto de EUA e UE continuarem
a caucionar Israel não os favorece no papel de mediação.
(…)
Não há ali riqueza alguma que possa interessar
a uns e a outros.
(…)
Estamos
a assistir ao aniquilamento de um povo, fechado num território de onde não pode
sair, sem água, alimentação e medicamentos, condenado a morrer à fome, às mãos
de um atirador ou num bombardeamento.
(…)
[Vivemos] num contexto em que uma população
encurralada é vítima da crueldade de Israel e do fanatismo facínora do Hamas.
(…)
Uma longa e impensável tragédia.
Amílcar Correia, “Público”
(sem link)
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