quarta-feira, 14 de fevereiro de 2024

CITAÇÕES À QUARTA (90)

 
O voto útil é um clássico. 

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O apelo do voto útil é facilmente explicável, mas um terror para as democracias. 

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As pessoas são seduzidas para votar na solução menos má em vez de serem mobilizadas para as ideias que querem construir.

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Não por acaso, os maiores arrependidos em todas as eleições são os que se perdem nas teias dessa chantagem.

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É mesmo uma chantagem. O apelo pretende mobilizar pela desistência. Parece um paradoxo porque é mesmo um paradoxo.

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Visto pelo prisma do “copo meio vazio”, o apelo é a que se coloquem de lado ideais ou valores, que se ignorem preferências ou simpatias, para nos resignamos a uma inevitabilidade qualquer. 

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O voto útil é a imposição de uma vontade qualquer que se quer sobrepor ao nosso livre arbítrio. 

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É um argumento de autoridade com que nos pretendem condicionar, subjugando o nosso direito e a nossa liberdade.

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[A verdadeira utilidade do voto é] ser usado sem amarras, condicionalismos, paternalismos ou outros ismos que nos queiram impor.

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A utilidade do voto é medida pela representação que lhe queremos dar.

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O voto útil é o que resolve a vida das pessoas, esse é o voto fundamental e inadiável.

Pedro Filipe Soares, “Expresso” online

 

Luís Montenegro conseguiu ganhar o debate [a Ventura], apesar de não ter respondido à pergunta que já o tinha deixado em silêncio no debate com Paulo Raimundo.

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João Adelino Faria deu início ao confronto perguntando novamente a Montenegro se viabilizaria um governo minoritário socialista. De novo Montenegro não foi capaz de responder.

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Reparem que esta pergunta é fundamental. Depois dos resultados eleitorais nos Açores, dirigentes políticos e comentadores reivindicaram que o PS estava obrigado a viabilizar o governo minoritário da coligação PSD-CDS-PPM nos Açores.

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[José Luís Carneiro] afirmou que viabilizaria um governo minoritário de direita para evitar que o Chega integrasse a governação.

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Se o PS viabilizar um governo minoritário de direita estará a dar total protagonismo ao Chega no sentido em que o partido passará a assumir o papel de grande opositor do regime.

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Se o PS deixar o Chega assumir o protagonismo será o colapso do equilíbrio entre centro-direita e centro-esquerda que temos conhecido.

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O ponto aqui é que, depois de tanto se ter exigido ao PS que viabilizasse um governo minoritário de direita, Luís Montenegro não é capaz de responder à mesma pergunta quando é a sua vez.

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Mas, como é mais do que evidente, o grande problema seria Montenegro responder que sim, que viabilizaria um governo minoritário de esquerda. Nesse “sim” estaria o fim de Luís Montenegro.

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Sabe Deus, e sabemos todos nós, que [Montenegro] não sobreviverá como líder do PSD se isso acontecer, ou seja, se tiver condições para formar governo e não o fizer [ainda que necessite de entendimentos com o Chega].

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O partido exige-lhe que ganhe as eleições ou, em alternativa, que repita à direita o que a esquerda fez em 2015.

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Luís Montenegro está frágil. Ganhar a Ventura não chega.

Carmo Afonso, “Público” (sem link)

 

Infelizmente, o analfabetismo não está erradicado. São analfabetos 3,1% dos portugueses (INE e Pordata, 6/4/23).

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[Vivemos] numa Europa onde são vários os países que conseguem desempenhos superiores aos nossos com apenas nove anos de escolaridade obrigatória.

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Oito anos de governos PS criaram duas escolas, definitivamente homogéneas: a pública, pobre, para os pobres; a privada, rica, para os ricos.

Santana Castilho, “Público” (sem link)

 

Só Israel teria autorização e impunidade para fazer o que faz há quatro meses na faixa de Gaza.

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Repita-se: a mais nenhum país do mundo seria tolerado uma invasão, mesmo com toda a legitimidade de defesa e de resposta após os sangrentos ataques do Hamas em Outubro, com este efeito catastrófico e desumano.

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Não é possível ignorar o que as agências das Nações Unidos têm bramado: duas mães morrem em Gaza em cada hora, 45 mil mulheres grávidas e 68 mil a amamentar não têm comida suficiente, e uma criança morre a cada dez minutos.

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Qualquer crítica à desproporcionada intervenção militar, com as consequências humanas devastadoras que se conhecem, que o ataque a Rafah irá agravar, é tida como anti-semita.

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A UE apressou-se a legitimar qualquer retaliação militar em Gaza, pela voz de Ursula von der Leyen, e apressou-se a condenar a agência das Nações Unidas de apoio aos refugiados palestinianos, por supostamente 12 dos 13 mil funcionários da UNRWA em Gaza terem participado nos ataques do Hamas.

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Portugal teve a verticalidade necessária para fazer uma doação especial de um milhão de euros a esta agência das Nações Unidas [a UNRWA].

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Como escrevia o El Pais em editorial, no final do mês passado, a suspensão das contribuições para a agência da ONU para os refugiados palestinianos não condena o Hamas, mas os civis, “abandonados por muitas das democracias mais poderosas do mundo”.

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São cruéis as imagens de cidadãos israelitas com a bandeira nacional em punho a travar a entrada de camiões com assistência humanitária numa terra onde seres humanos se encontram irremediavelmente presos e perigosamente próximos de morrerem à fome.

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[A UE] Não é capaz de sancionar Israel, nem é capaz de reconhecer o Estado palestiniano.

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Como é natural, o facto de EUA e UE continuarem a caucionar Israel não os favorece no papel de mediação.

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Não há ali riqueza alguma que possa interessar a uns e a outros.

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Estamos a assistir ao aniquilamento de um povo, fechado num território de onde não pode sair, sem água, alimentação e medicamentos, condenado a morrer à fome, às mãos de um atirador ou num bombardeamento.

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[Vivemos] num contexto em que uma população encurralada é vítima da crueldade de Israel e do fanatismo facínora do Hamas. 

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Uma longa e impensável tragédia.

Amílcar Correia, “Público” (sem link)


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