(…)
[Este início de mandato de Luís Montenegro prova] que gerir
silêncios não chega para ser um bom líder, muito menos quando o contexto
político é tão difícil como este.
(…)
Um começo que já está a ajudar a marcar o lugar que cada um
ocupará neste complexo xadrez político.
(…)
Aconselha-se o respeito político [ao PSD] pelos oponentes.
(…)
É deslocada a arrogância com que [o PSD]
entrou neste processo.
(…)
PSD, PS e Chega estão
lutar pela sua autonomia estratégica que pode determinar a sua própria
sobrevivência política.
(…)
[Nestes primeiros
meses] ficará claro que se o PSD tem um interlocutor preferencial, se fica em
condições de o prender à sua governação e se terá condições para o
responsabilizar por uma crise política.
(…)
Nenhum aceitará ser
usado sem dar muita luta.
(…)
Os jogos de sombras, as
meias palavras, os acordos escondidos, as chantagens dissimuladas só
resultariam com muita arte política.
(…)
Neste jogo, o PSD terá
de fazer escolhas e aceitar o preço dessas escolhas.
(…)
Quando quiser falar com
o PS (…) tem em conta que está a conversar com um partido que tem os
mesmos deputados que ele.
(…)
O primeiro dia do resto
da vida do PSD não podia ter sido mais desastroso. Juntou-se o amadorismo ao
cinismo, uma combinação politicamente explosiva.
(…)
O Chega conseguiu o
caos de que se alimenta.
(…)
Ninguém conseguiria
tramar o PSD como o PSD se tramou.
Daniel
Oliveira, “Expresso” online (sem
link)
Pacheco de Amorim fez parte do grupo de
luta armada, de extrema-direita, Movimento Democrático de Libertação de
Portugal, responsável por vários ataques bombistas e mortes, entre elas a do
padre Max e da estudante Maria de Lurdes.
(…)
Tenham presente que os crimes de sangue
nunca foram amnistiados e que houve um julgamento no Tribunal da Boa Hora para
esses crimes.
(…)
Tenham sobretudo presente que o homem a
quem devemos a organização do 25 de Abril, Otelo Saraiva de Carvalho, não teve direito ao decretamento de luto nacional
por ter feito parte das FP-25. Neste caso houve consequências.
(…)
Em vida, Otelo foi
julgado e condenado a pena de prisão por associação terrorista. Cumpriu cinco
anos.
(…)
Otelo acertou as suas contas com a justiça
e com a sociedade. Mas não lhe reconheceram o direito às honras que os seus
feitos de Abril exigiam.
(…)
As contas ficaram por
acertar.
(…)
A história escreve-se mesmo quando não
nos apercebemos que está a ser escrita e a nossa história recente descreve um
país a virar à direita.
(…)
[Pacheco de Amorim] nunca
foi julgado pela sua associação a um movimento de luta armada. A
extrema-direita nunca acertou contas com a justiça.
(…)
[A luta armada] da
extrema-direita pretendia a reposição da ditadura do antigo regime.
(…)
Os ideais da
extrema-direita continuam vivos e presentes entre nós.
(…)
Em 2021, na Convenção do Movimento
Europa e Liberdade, os estados-gerais da direita, Rui Rio afirmou que o PSD
está muito mais à direita do que estava com Sá Carneiro.
(…)
Reparem que este
definia o PSD como um partido de esquerda não marxista.
(…)
O que aconteceu ao PSD é muito parecido
ao que aconteceu aos portugueses. Vamo-nos deslocando para a direita e,
entretanto, normalizando aquilo que deveria ser inaceitável.
(…)
A bancada parlamentar
do PSD já deveria saber que o Chega não é fiável.
(…)
O sistema [democrático]
ignorou as suas próprias regras para proteger quem diz estar na vida política
para o derrubar.
Carmo
Afonso, “Público” (sem
link)
É bastante distópico
ser estudante no tempo que estamos a viver.
(…)
Neste momento
histórico, só vemos algo que, mais que nunca, é completamente abstrato.
(…)
O nosso futuro nunca
foi tão incerto como agora.
(…)
Parece estranho
estarmos ativamente em construção de um futuro que não sabemos como virá.
(…)
Face a isto, muitos
estudantes sentem a desproporcionalidade no que toca à resposta do
"movimento estudantil" ao momento atual, em que seria necessária uma
maior combatividade.
(…)
Celebrar Abril sem o
cumprir é um erro que estamos a fazer há demasiado tempo.
(…)
O porquê destes
protestos [pelo fim ao fóssil, por exemplo] também é o mesmo: não aceitamos a
vida que nos está a ser imposta.
(…)
Como jovens no limiar
de um futuro, é nosso dever rebelar-nos contra as injustiças que este sistema
nos impõe.
(…)
Até há alguns anos isto
[polícia fora do campus das nossas faculdades] seria impensável, mas, de
facto, voltou a acontecer, e isso significa algo.
(…)
Clima não é causa.
Clima é contexto.
(…)
A ciência e a justiça
são claras quando alertam para o necessário: precisamos do Fim ao fóssil até
2030.
(…)
O sistema é claro ao
não ter sistema, é claro ao não ter nenhum plano para isto.
(…)
O ritmo atual de
mudança não é suficiente face ao que estamos a viver. Torna-se então claro que
a insurgência pela vida é uma necessidade.
(…)
[Os estudantes
organizados na Greve Climática Estudantil] após dois anos de marchas
perceberam que fazer isso apenas não era suficiente face à destruição, colapso
e mortes que a crise climática estava a causar com uma intensidade crescente.
(…)
É insanidade achar que
repetindo as mesmas coisas que não têm funcionado vamos chegar a lado algum.
(…)
A alternativa que nos
deixaram é uma luta que se deve fazer combativa e ativa, constante, criativa e
interseccional.
(…)
Precisamos de
interromper as instituições de poder que nos estão a condenar.
(…)
Sem futuro não há paz,
não é apenas uma frase para ser gritada numa marcha. É uma forma de luta.
(…)
É sabermos que enquanto
o nosso governo não tiver um plano que garanta fim ao fóssil até 2030, e com
isso nos garanta um futuro, nós não lhe daremos paz.
(…)
Precisamos de um
movimento massivo e disruptivo que se mobilize por justiça climática e justiça
social, porque não nos deixaram outra hipótese.
Matilde Ventura, “Expresso” online
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