(…)
PSD e PS podem entender-se sobre reformas da justiça,
política penal ou política internacional. Até podem mexer nas remunerações e
carreiras de servidores do Estado, porque houve um consenso na campanha.
(…)
Mas o Orçamento é a espinha dorsal de um projeto de Governo.
(…)
A tarefa democrática do PS é reconstruir-se depois de oito
anos de poder.
(…)
O PS precisa de uma cura de oposição.
(…)
Seria absurdo e perigoso termos 135 deputados de direita e o
grande partido da esquerda impedido de fazer oposição plena.
(…)
Agora é sobre o Chega que a pressão tem de se sentir.
(…)
Todos sabem que a composição deste Parlamento é incompatível
com estabilidade política.
(…)
A pressão sobre o PS não serve para mudar uma posição já
fechada.
(…)
Serve para responsabilizar o PS, e não o Chega, pela queda
inevitável do Governo.
(…)
O partido que for visto como tendo o dever de viabilizar o
Governo será o responsável pela sua queda quando Montenegro achar que chegou o
momento para ir de novo a votos.
(…)
Montenegro quer que este ciclo seja curto para se livrar
desta composição parlamentar impossível.
(…)
Quem ficar como ajudante forçado será responsabilizado
pela queda do Governo, que acontecerá quando Montenegro quiser.
(…)
A AD quer que o sacrificado seja o PS, porque, como Macron,
sabe que é mais seguro ter o inaceitável Chega como alternativa.
(…)
A estabilidade é impossível porque o Chega tem 18%. Se é ali
que está o problema, isso deve ser claro para os eleitores.
(…)
Quem quer combater o Chega deve, neste momento, pressionar
para Ventura assumir as suas responsabilidades junto do eleitorado de direita.
(…)
É que sem o PS a liderar a oposição não haverá alternativa
democrática ao PSD.
Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)
Os resultados das eleições legislativas do passado domingo
deixaram qualquer democrata preocupado.
(…)
É preocupante a grande expressão da extrema-direita na
Assembleia da República (AR).
(…)
A ameaça fascista não é um fenómeno conjuntural nos planos
nacional, europeu e mundial. O bicho há muito entrou na maçã e vai
contaminando-a.
(…)
[Costa] secundarizou o papel das representações coletivas, em
particular dos sindicatos.
(…)
Marcelo Rebelo de Sousa foi fazendo exercícios de
encantamento e jogos táticos, à espera de uma oportunidade para entregar o
poder à Direita.
(…)
Fê-lo com maestria, muitas vezes substituindo a falta de
programa e de ação dos partidos da Direita
(…)
Preparou tudo para que fosse o povo a decidir autocastigar-se.
(…)
Também há muitos anos se nota incapacidade do sistema de
Justiça em comunicar de forma aberta (adequada às limitações institucionais)
com os cidadãos.
(…)
Muitas pessoas têm profundas razões para estarem
descontentes.
(…)
Há que conhecer melhor os objetivos programáticos da
extrema-direita, os instrumentos, mecanismos e camuflagens que utiliza para os
concretizar.
De um
modo geral, os vários dirigentes partidários e os comentadores tendem a
estender uma mão complacente na direção destes portugueses [que votaram Chega].
(…)
O
apelo é para encararmos estes portugueses descontentes (ou insatisfeitos, como
agora se diz muito) com a infinita misericórdia do Senhor e para usarmos da
máxima condescendência.
(…)
Um
grupo muito alargado de portugueses acredita que existe um sistema que
beneficia sempre os mesmos e que os prejudica a eles e acredita também que
existe uma elite podre e corrupta que deve ser derrubada. São os eleitores do Chega.
(…)
É que
tanta compreensão parece assentar num qualquer sentimento de superioridade
relativamente às pessoas que votaram Chega e acabará por ser interpretada
assim.
(…)
Votaram a favor da discriminação racial e xenófoba e em
prejuízo das minorias, das mulheres e de qualquer progressismo social.
(…)
Não
tenho propostas infalíveis para contrariar o crescimento de uma força política
que traz ao de cima o pior da natureza humana e que engana os que são
vulneráveis ao seu discurso.
(…)
O partido figura no boletim de voto como se fosse democrático
e perdeu-se a oportunidade [de o ilegalizarmos como a própria lei o permite].
Carmo Afonso, “Público” (sem link)
Há hoje várias indústrias a funcionar no contínuo
político-mediático.
(…)
O contexto, a atmosfera, a ecologia é do crescente investimento
num jornalismo politizado.
(…)
É hoje maioritariamente, e muito, de direita.
(…)
Quando há
gente do PS, são os PS fofinhos que estão sempre prontos para querer aquilo que
é, no seu entender, “moderação” com a direita.
(…)
Todas estas indústrias funcionam em conjunto, alimentando-se
umas às outras, abafando qualquer voz que saia dos seus produtos tóxicos.
(…)
Na
indústria do tomar à letra, combinada com a indústria das contradições, a
procura incessante de contradições, sempre para criar notícias e para atacar os
políticos com supostas contradições.
(…)
A
politização do jornalismo nem sempre é resultado da volição política do
jornalista; pode ser um efeito do rebanho ou da alcateia, mas é hoje tão comum
que ninguém diz “Pára aí” ou “O rei vai nu”.
(…)
Subitamente,
órgãos políticos e de interesses, como a Rádio Observador, cujos orgasmos
matinais contra o Governo davam o tom para as notícias de muitos outros órgãos
de informação, passaram agora, como era de prever, a ensinar como é que a AD
deve governar.
(…)
[Os resultados eleitorais] mostram que quem deu o tom
comunicacional ao Chega foi o sistema mediático de direita.
Pacheco Pereira, “Público” (sem link)
Nas
últimas décadas, tanto a nível nacional como internacional, a promoção da
igualdade de género, incluindo no local de trabalho, tem sido uma questão
central na evolução legislativa e social de Portugal.
(…)
O
esforço governamental para garantir a igualdade de género no trabalho é uma
questão essencial para a população, não só em Portugal como a nível mundial,
dada a divisão sexual do trabalho reprodutivo.
(…)
O
trabalho reprodutivo tem sido tradicionalmente atribuído às mulheres e,
atualmente, estas, para além de participarem no trabalho produtivo, continuam a
assumir a maior parte da responsabilidade pelo trabalho reprodutivo em relação
aos seus parceiros masculinos.
(…)
Embora
a legislação portuguesa forneça um quadro jurídico que apoia e promove políticas
inclusivas no local de trabalho, a desigualdade de género está enraizada nas
estruturas sociais e laborais.
(…)
A
divisão sexual do trabalho não está especificamente regulamentada, o que, na
prática, significa que as mulheres que teletrabalham em casa são obrigadas a
complementar simultaneamente o seu papel profissional com o seu papel de
cuidadoras da família.
(…)
O
processo de erradicação da violência de género, tanto no trabalho como em
geral, deve ser legislado, mas também alargado a todas as outras áreas sociais
e culturais.
Sem comentários:
Enviar um comentário