(…)
No “European Social Survey”, 62% dos
portugueses manifestam visões racistas da sociedade.
(…)
[Os partidos de extrema-direita] normalizados, atraem
políticos mais competentes e a direita tradicional acaba por naturalizar as
relações com eles.
(…)
Este processo já está a acontecer na Europa,
com Von der Leyen a dar sinais de querer Meloni no PPE.
(…)
Em resumo: a normalização da extrema-direita já
está em processo acelerado. Como o corpo incómodo não pode ser ignorado, é
absorvido pelo sistema.
(…)
Sem outra alternativa viável ao poder, a
extrema-direita torna-se única candidata à alternância, acabando por chegar,
sozinha, ao poder.
(…)
Ninguém acredita que esta composição
parlamentar permita um Governo de quatro anos.
(…)
E quando o PSD diz que o seu modelo de Governo
é o primeiro de Cavaco, não está a pensar que o Chega é o PRD. Seria demasiada
ignorância quanto ao comportamento desse eleitorado.
(…)
É perigosamente sedutora a ideia de amarrar o
PS ao Governo para, quando cair (e, nestas situações, cai sempre quando é
conveniente a quem governa), responsabilizar o PS e tentar a maioria absoluta.
(…)
No dia em que [o Chega] tiver mais um
voto do que um dos dois grandes — como já teve em vários círculos eleitorais —,
o sistema partidário muda para sempre.
(…)
[Como já está a acontecer por toda a Europa] a
direita vai-se entendendo com o Chega.
(…)
Estou a falar de formas mais ou menos fluidas
de convergência com Ventura para sustentar o Governo.
(…)
Por mim, não quero empurrar a direita para os
braços da extrema-direita.
(…)
Se reconhecermos, olhando para a Europa, que o
futuro próximo é trágico, temos de fazer escolhas.
Daniel Oliveira, “Expresso”
(sem link)
O tempo político legislativo acelerou e todas
as eleições que aí vêm colocaram pé no travão.
(…)
Os grandes desafios do governo de Luís
Montenegro serão os de operacionalizar, em tempo recorde, uma distribuição
generosa de benesses por um conjunto de agitadores supostamente desprezados
pelo PS.
(…)
A paz social pode sair cara e Montenegro terá
de pagar bom preço pela estabilidade
(…)
Nada parece interessar ou impedir o voto de
protesto de um eleitorado que elegeu, pelo círculo eleitoral da Europa, um
deputado emigrante ilegal em França durante anos e que chegou a ser expulso
duas vezes até conseguir obter a residência legal.
(…)
Para um partido que defende a expulsão dos
imigrantes ilegais, a piada estaria feita não fosse tudo isto trágico.
Em
Portugal existe hoje menos 20% de água disponível do que no século passado. Além
disso, devido a inúmeras fugas, mais de 40% da água que circula nas condutas é
desperdiçada.
(…)
Para
uma grande maioria de nós — mais de 60% — as secas extremas são vistas como o
problema ambiental que mais pode vir a impactar a nossa saúde.
(…)
[Nós
portugueses, deitamos] fora cerca de setenta e três mil piscinas olímpicas de
água por ano* , somos os mesmos que nos inquietamos com a seca extrema.
(…)
E vivemos nesta incongruência, como quem
caminha confiante para um precipício, sem mudar hábitos e rotinas?
(…)
Hoje, em todo o planeta, a sustentabilidade e disponibilidade dos recursos hídricos
estão ameaçadas.
(…)
Segundo
a Organização Mundial de Saúde, dois mil milhões de pessoas, 25% da população
mundial, não têm acesso a água potável.
(…)
À escala global, a má qualidade da água
provoca, por ano, mais de 800 mil mortes.
(…)
Pelo
mundo fora, e também em Portugal, temos alguns bons exemplos de táticas que
estão a ser encontradas para reduzir a poluição e a escassez de água.
(…)
A água
é um recurso finito que precisa de proteção e valorização urgentes, sob pena de
se esgotar e não a termos num futuro muito próximo.
Maria do Carmo Silveira, “Público” (sem link)
Nunca,
na história da nossa democracia, um primeiro-ministro foi eleito com tão poucos
votos e com uma diferença tão pequena relativamente à segunda força política
mais votada.
(…)
[Trata-se de uma diferença] que corresponde a
54.544 votos.
(…)
Desde 1976, apenas uma vez este centro [leia-se
centrão político] obteve um resultado inferior.
(…)
O problema [da votação na extrema-direita] veio
para ficar.
(…)
A
vitória da AD pode ficar para a história como o canto do cisne da direita
tradicional e nem se pode dizer que tenha tido alguma exuberância.
(…)
[Um
número considerável de emigrantes portugueses] votaram num partido que assume
posições contrárias à emigração e demonstraram solidariedade zero perante os
emigrantes que, como eles nos países que escolheram para trabalhar e viver,
vieram para Portugal em busca de melhores condições de vida.
(…)
Não podemos zangar-nos e não podemos
confrontá-las com a gravidade das suas [dos emigrantes] escolhas.
(…)
Temos de acrescentar uma camada extra ao
espírito democrático com que devemos encarar todos os resultados eleitorais.
Carmo Afonso, “Público”
(sem link)
O
constante estado de degradação dos nossos rios e a acentuação de fenómenos
resultantes das alterações
climáticas são aspetos que merecem preocupação e que
contribuem fortemente para a escassez de água.
(…)
A
nível ambiental, os transvases promovem um aumento das espécies exóticas
invasoras, devido ao facto de haver uma transferência de espécies entre bacias
hidrográficas.
(…)
Os
transvases são obras de custos absolutamente astronómicos e sem garantias de
poderem trazer benefícios a longo prazo, muito pelo contrário.
(…)
Não é de todo correto dizer-se que o Norte tem
excesso de água.
(…)
É
crucial que sejamos mais eficientes na agricultura — através de melhorias na
gestão da rega — e também nos meios urbanos, evitar perdas de água e melhorar a
distribuição de água, de uma forma mais sustentável, justa e correta para
todos.
(…)
A construção de mais barragens também não
parece uma solução viável. (…) Alteram os ecossistemas, acabando por ser
uma barreira para a normal circulação da água. (…) As barragens
contribuem para a degradação da qualidade da água, acentuando os fenómenos de
eutrofização.
(…)
Deve-se assim, em alternativa, apostar na
melhoria das barragens existentes e, uma vez mais, apostar na eficiência
hídrica.
(…)
Nesta
efeméride, que incentiva à reflexão sobre um dos bens mais essenciais que
temos, talvez possamos pensar que o caminho passa por se encontrar outro tipo
de soluções, mais eficazes, que promovam a preservação dos recursos naturais.
Sérgio Flores, “Público” (sem link)
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