(…)
[As aplicações digitais obrigam as pessoas que para
elas trabalham] a fazer horários de 10, 12 ou mais horas por dia e a trabalhar
sem folgas nem fins de semana.
(…)
Formalmente, não é uma greve, na medida em que os estafetas
não têm ainda, legalmente, o estatuto de trabalhador por conta de outrem, não
estão enquadrados pelo direito do trabalho, são supostamente empresários por
conta própria ou trabalhadores independentes.
(…)
Esta é uma questão, aliás, em apreciação pelos tribunais.
(…)
Há 861 processos que aguardam decisão, na sequência da nova
lei que entrou em vigor em maio do ano passado.
(…)
Estes trabalhadores também não têm (ainda?) um sindicato que
organize estes protestos ou que convoque esta “paralisação”.
(…)
[Na substância não é uma] greve de quem não pode,
formalmente, fazê-la.
(…)
Uma greve de quem tem como patrão um algoritmo e é atirado
para a condição de pessoa-empresa. Uma greve dos trabalhadores da nova
escravatura digital.
(…)
[Em vários países, idêntico protesto teve como resposta as
aplicações tentarem] retaliar.
(…)
Se aceitarmos que eles são, de facto, trabalhadores
subordinados da aplicação, então do que se tratou foi da ameaça de despedir sem
justa causa.
(…)
Mas esta conduta das aplicações não teve sucesso.
(…)
É certo que a precariedade extrema em que assenta o “modelo
de negócio” das plataformas é um forte entrave à organização sindical.
(…)
E no entanto, o mundo move-se: na sombra, vai crescendo uma
mobilização, através de coletivos informais e de redes de contacto.
(…)
Onde se forja o despotismo digital, inventam-se também
solidariedades.
(…)
Se o mundo digital continua a depender do trabalho vivo, este
encontra também as formas de demonstrar a sua força e imprescindibilidade.
[No manifesto “Portugal Primeiro”, sete militantes do PSD] apelam
a Luís Montenegro que “coloque Portugal em primeiro lugar.
(…)
Para estes militantes, nas palavras de Rui Gomes da Silva, as
linhas vermelhas [colocadas por Montenegro] são um “erro tremendo”.
(…)
Estão a pressionar publicamente Luís Montenegro a agir contra
a palavra dada.
(…)
Montenegro teria de fazer tábua rasa da sua principal
promessa eleitoral [para chegar a uma solução de governação com o
Chega].
(…)
O objectivo é fazer um entendimento com a extrema-direita,
mas o manifesto, do que vi, nunca fala em extrema-direita.
(…)
Estes militantes não têm medo da extrema-direita.
(…)
Enquanto
alguns temem a linguagem racista, a xenofobia, o populismo e as mentiras, estes
sete militantes só têm medo daquilo a que chamam o jogo da esquerda.
(…)
Ou
seja: todos os militantes do PSD que não estiverem prontos para se juntar ao
Chega estarão a agir no interesse da esquerda.
(…)
Se a
AD fizesse um acordo com o Chega, poderia ter condições para governar durante
quatro anos, mas, nesse período, a coligação seria engolida por Ventura e não
voltaria a disputar eleições com o centro-esquerda.
(…)
Acabar
com a direita tradicional, hipótese que estes setes militantes fazem de conta
que não está em cima da mesa, não é de todo o objetivo da esquerda.
(…)
A
direita não é toda igual e, sobretudo, é importante distinguir a direita
tradicional desta nova direita radical e antidemocrática.
Carmo Afonso, “Público” (sem link)
É difícil imaginar o desenvolvimento de uma nação sem a participação
ativa dos mais abastados.
(…)
Aqueles
que, por capricho do destino, nasceram em ambientes muito privilegiados
carregam consigo vastas possibilidades de ajudar na construção de melhores
oportunidades para os menos afortunados.
(…)
Esses indivíduos representam agentes de mudança.
(…)
Contudo, como em qualquer grupo, as atitudes individuais
variam consideravelmente, e nem todos ultrapassam os limites de seus próprios
interesses.
(…)
Parte
daqueles que não enfrentaram limitações financeiras em suas vidas
frequentemente possui uma compreensão muito limitada das lutas diárias enfrentadas
pela classe trabalhadora.
(…)
[Indivíduos criados em famílias abastadas tendem]
a contribuir para uma falta de empatia em relação aos mais pobres e às
dificuldades daqueles que dependem do trabalho para garantir o mínimo de
subsistência.
(…)
O exibicionismo frequentemente transmite uma imagem de
sucesso, criando uma falsa associação entre riqueza e valor.
(…)
O valor de uma pessoa não deveria estar vinculado à sua
condição financeira.
(…)
A
incessante busca pela promoção da própria imagem desvia a atenção de assuntos
mais substanciais, contribuindo para uma visão superficial da realidade.
(…)
A associação da riqueza a valor cria uma miragem na qual
vários ricos se escondem.
Michael França, “Público” (sem link)
É claro que os excedentes deixados nos vários ministérios
permitem que o novo governo satisfaça as exigências de pessoal de saúde (não
apenas médicos), professores, oficiais de justiça e forças de segurança (a que
se podem vir a juntar os militares).
(…)
[Se um orçamento retificativo for necessário para acudir às exigências
destes profissionais], o problema está resolvido. Se for necessário, também
estará.
(…)
Uma primeira função será prevenir um impasse político.
(…)
A segunda foi clarificadora do estilo de oposição [de
Pedro Nuno Santos]
(…)
A terceira pode ser considerada mais tática: ficar associado
a medidas simpáticas.
Daniel Oliveira, “Expresso” online
(sem link)
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