quarta-feira, 20 de março de 2024

CITAÇÕES À QUARTA (95)

 
Está marcada para esta sexta-feira, 22 de março, e promete ter impacto (…) mais uma “paralisação pacífica” dos estafetas, sob o mote “Respeito”, tendo como foco o valor das tarifas e como reivindicação principal um pagamento mínimo de 3 euros por entrega.

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[As aplicações digitais obrigam as pessoas que para elas trabalham] a fazer horários de 10, 12 ou mais horas por dia e a trabalhar sem folgas nem fins de semana.

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Formalmente, não é uma greve, na medida em que os estafetas não têm ainda, legalmente, o estatuto de trabalhador por conta de outrem, não estão enquadrados pelo direito do trabalho, são supostamente empresários por conta própria ou trabalhadores independentes.

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Esta é uma questão, aliás, em apreciação pelos tribunais.

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Há 861 processos que aguardam decisão, na sequência da nova lei que entrou em vigor em maio do ano passado.

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Estes trabalhadores também não têm (ainda?) um sindicato que organize estes protestos ou que convoque esta “paralisação”.

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[Na substância não é uma] greve de quem não pode, formalmente, fazê-la.

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Uma greve de quem tem como patrão um algoritmo e é atirado para a condição de pessoa-empresa. Uma greve dos trabalhadores da nova escravatura digital.

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[Em vários países, idêntico protesto teve como resposta as aplicações tentarem] retaliar.

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Se aceitarmos que eles são, de facto, trabalhadores subordinados da aplicação, então do que se tratou foi da ameaça de despedir sem justa causa.

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Mas esta conduta das aplicações não teve sucesso.

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É certo que a precariedade extrema em que assenta o “modelo de negócio” das plataformas é um forte entrave à organização sindical.

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E no entanto, o mundo move-se: na sombra, vai crescendo uma mobilização, através de coletivos informais e de redes de contacto.

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Onde se forja o despotismo digital, inventam-se também solidariedades.

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Se o mundo digital continua a depender do trabalho vivo, este encontra também as formas de demonstrar a sua força e imprescindibilidade.

José Soeiro, “Expresso”

 

[No manifesto “Portugal Primeiro”, sete militantes do PSD] apelam a Luís Montenegro que “coloque Portugal em primeiro lugar.

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Para estes militantes, nas palavras de Rui Gomes da Silva, as linhas vermelhas [colocadas por Montenegro] são um “erro tremendo”.

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Estão a pressionar publicamente Luís Montenegro a agir contra a palavra dada.

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Montenegro teria de fazer tábua rasa da sua principal promessa eleitoral [para chegar a uma solução de governação com o Chega].

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O objectivo é fazer um entendimento com a extrema-direita, mas o manifesto, do que vi, nunca fala em extrema-direita.

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Estes militantes não têm medo da extrema-direita.

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Enquanto alguns temem a linguagem racista, a xenofobia, o populismo e as mentiras, estes sete militantes só têm medo daquilo a que chamam o jogo da esquerda.

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Ou seja: todos os militantes do PSD que não estiverem prontos para se juntar ao Chega estarão a agir no interesse da esquerda.

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Se a AD fizesse um acordo com o Chega, poderia ter condições para governar durante quatro anos, mas, nesse período, a coligação seria engolida por Ventura e não voltaria a disputar eleições com o centro-esquerda.

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Acabar com a direita tradicional, hipótese que estes setes militantes fazem de conta que não está em cima da mesa, não é de todo o objetivo da esquerda.

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A direita não é toda igual e, sobretudo, é importante distinguir a direita tradicional desta nova direita radical e antidemocrática.

Carmo Afonso, “Público” (sem link)

 

É difícil imaginar o desenvolvimento de uma nação sem a participação ativa dos mais abastados.

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Aqueles que, por capricho do destino, nasceram em ambientes muito privilegiados carregam consigo vastas possibilidades de ajudar na construção de melhores oportunidades para os menos afortunados.

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Esses indivíduos representam agentes de mudança.

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Contudo, como em qualquer grupo, as atitudes individuais variam consideravelmente, e nem todos ultrapassam os limites de seus próprios interesses.

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Parte daqueles que não enfrentaram limitações financeiras em suas vidas frequentemente possui uma compreensão muito limitada das lutas diárias enfrentadas pela classe trabalhadora.

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[Indivíduos criados em famílias abastadas tendem] a contribuir para uma falta de empatia em relação aos mais pobres e às dificuldades daqueles que dependem do trabalho para garantir o mínimo de subsistência.

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O exibicionismo frequentemente transmite uma imagem de sucesso, criando uma falsa associação entre riqueza e valor.

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O valor de uma pessoa não deveria estar vinculado à sua condição financeira.

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A incessante busca pela promoção da própria imagem desvia a atenção de assuntos mais substanciais, contribuindo para uma visão superficial da realidade.

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A associação da riqueza a valor cria uma miragem na qual vários ricos se escondem.

Michael França, “Público” (sem link)

 

É claro que os excedentes deixados nos vários ministérios permitem que o novo governo satisfaça as exigências de pessoal de saúde (não apenas médicos), professores, oficiais de justiça e forças de segurança (a que se podem vir a juntar os militares).

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[Se um orçamento retificativo for necessário para acudir às exigências destes profissionais], o problema está resolvido. Se for necessário, também estará.

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Uma primeira função será prevenir um impasse político.

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A segunda foi clarificadora do estilo de oposição [de Pedro Nuno Santos]

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A terceira pode ser considerada mais tática: ficar associado a medidas simpáticas.

Daniel Oliveira, “Expresso” online (sem link)


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