(…)
Nos 50 anos da revolução que derrubou a ditadura mais longa
da Europa, o medo do futuro domina os que se reivindicam da tradição
revolucionária.
(…)
Porque em 2024 imaginar querer e ter a coragem de se lançar a
conquistar muito mais do que em 1974 é considerado coisa para meia dúzia de
líricos, pá.
(…)
A crise climática é um ato deliberado cujos efeitos são a
morte de milhares de pessoas hoje e de centenas de milhões no futuro, levada a
cabo pelas elites do sistema económico
(…)
A revolução em Portugal foi feita em contra-ciclo histórico,
arrancada violentamente a uma elite decrépita que matava uma geração inteira
numa guerra para fingir que Portugal ainda era o que nunca tinha sido
(…)
Enquanto os países europeus começavam a levar as primeiras
punhaladas do neoliberalismo, Portugal construía a toda a velocidade o Estado
Social
(…)
Em poucos anos constituíram-se a saúde pública, a educação
pública, nacionalizaram-se alguns sectores essenciais, mas pouco depois a
história apanhou-nos.
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O Reaganismo e Tatcherismo chegariam uma década mais tarde
por Cavaco Silva, que inverteu a redistribuição de riqueza e poder para cima.
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Nos poucos sítios onde não abundavam militares [em 25 de
abril de 1974], como a sede da PIDE em Lisboa, o regime contra-atacou visando e
matando os civis que se mobilizavam à porta.
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Quem tinha passado quase uma vida inteira a obedecer a uma
ditadura decidiu que bastava.
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O 25 de Abril foi uma revolução contra uma guerra.
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Anos de guerra corroeram a capacidade narrativa e coerciva do
aparelho fascista português e a ação do movimento dos capitães começou o que
foi o golpe final.
(…)
A mobilização social contra a guerra hoje produz-se num
contexto tão ou mais adverso do que em 1974.
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Em Abril de 1974 tudo era futuro, as portas do novo estavam
abertas, enquanto as âncoras do passado eram levantadas.
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50 anos depois, nas vésperas do aniversário da revolução, os
Onze de Abril, ativistas climáticos detidos por ações nos últimos meses para
travar uma guerra declarada por governos e empresas a toda a sociedade, que
levam à catástrofe climática, vão ser julgados.
João Camargo, “Expresso” online
Será possível celebrar a liberdade de outro país e reprimi-la
no seu? Sim, é.
(…)
Se nos
debruçarmos, em particular, no caso de Angola, a Amnistia Internacional tem
seguido atentamente o contexto de detenções arbitrarias, intimidação e assédio
por parte das autoridades angolanas contra vozes corajosas.
(…)
Ainda
assim, o presidente angolano, João Lourenço, terá confirmado a sua presença nas
comemorações dos 50 anos do 25 de Abril à Presidência da República Portuguesa.
(…)
No
Estado que João Lourenço governa, a liberdade é uma miragem para quem se
manifesta, mesmo com os direitos à liberdade de expressão e à liberdade de
reunião pacífica protegidos pela Constituição.
(…)
Abril
não se cumpriu ainda para tantos e tantas ativistas, para tantas pessoas em
Angola que continuam sem liberdade de expressão ou manifestação livre e
pacífica.
(…)
[Neste dia 25 de Abril] que a mensagem [da liberdade] possa
passar, de alguma forma, para os líderes que ainda a reprimem.
(…)
“Protege a Liberdade” é também o nome de uma
campanha global da Amnistia Internacional, criada para sustentar e defender a liberdade
de todos, numa altura em que ela regista retrocessos e restrições em vários
países do mundo – um deles é Angola.
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Em setembro de 2023, sete ativistas angolanos foram detidos
em Luanda, enquanto esperavam para participar numa manifestação pacífica.
(…)
Estão, neste preciso momento [quatro ativistas] a
cumprir pena de dois anos e cinco meses de prisão e foram ainda sujeitos a uma
multa de 80.000 kwanzas cada um.
(…)
A liberdade é algo de muito digno e sublime. Que Abril chegue
a Angola.
Pedro A. Neto, “Público” (sem link)
Ninguém deve ser sujeito a falar sobre a sua vida privada se
essa não for a sua vontade.
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Não incluo na categoria de facto da vida privada a violência
doméstica.
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É do
conhecimento público que uma ex-namorada de Sebastião Bugalho iniciou um
processo-crime contra ele, alegando ter sido vítima de violência doméstica.
(…)
Não chegou a apresentar as provas que declarou ter em seu
poder concretamente mensagens, e não compareceu numa diligência na
Polícia Judiciária.
(…)
Claro que foi um arquivamento diferente daquele que
resultaria de uma apreciação plena dos indícios que existissem.
(…)
Houve
uma decisão, ou no mínimo uma hesitação, da ofendida, que optou por não dar
seguimento a um procedimento que tinha começado.
(…)
Isso
pode levar-nos a várias conclusões, não necessariamente à inocência de
Sebastião Bugalho.
(…)
É da
máxima relevância sabermos se Sebastião Bugalho agrediu ou não aquela ex-namorada
ou qualquer outra pessoa com quem tenha mantido uma relação amorosa.
(…)
Claro
que é um assunto desagradável e, por alguma razão, Sebastião Bugalho tem
conseguido fazer a sua vida sem que nada lhe seja perguntado.
(…)
Uma das razões será a inconveniência que reveste qualquer
tentativa de esclarecimento de factos que todos parecem querer esquecer.
(…)
Mas agora Sebastião Bugalho é o primeiro da lista de
candidatos às europeias da AD.
(…)
Chegou
o momento em que tem de ser perguntado a Sebastião Bugalho se é ou não verdade
que agrediu uma ou mais ex-namoradas.
(…)
Mais do que natureza pública, o crime em causa é um dos
principais problemas da sociedade portuguesa.
(…)
Precisamos de saber se o próprio se declara inocente ou se,
pelo contrário, admite que alguma coisa muito errada aconteceu.
(…)
É relevante saber como uma pessoa se declara perante as
suspeitas ou acusações que sobre si recaem.
Carmo Afonso, “Público” (sem link)
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