(…)
São os resultados dos alunos e estes, como
confirma uma vastíssima
literatura científica, resultam em grande parte do contexto social, cultural e
familiar.
(…)
Os colégios privados fazem uma seleção natural.
(…)
Do outro temos uma escola universal, onde todos
têm lugar.
(…)
O contexto social conta, de forma determinante
na educação, e isso é esmagado pelos rankings.
(…)
[As escolas públicas] nunca conseguirão
competir com as dos filhos da elite económica e cultural dos bairros mais
abastados de Lisboa ou Porto.
(…)
Um dos indicadores mais reveladores dos
rankings deste ano é que, das 100 escolas melhor classificadas, 53 ficam
em apenas cinco concelhos: Lisboa, Porto, Coimbra, Cascais e Braga.
(…)
E as “melhores escolas” públicas do país estão
quase todas nos bairros mais seletos das cidades com maior poder de compra.
(…)
[Há ainda] uma nova realidade: o aumento do
número de alunos estrangeiros, que não falam português como língua materna e
que baixam a classificação das escolas públicas.
(…)
[Mas] o que sobressai são as parangonas sobre
“a melhor escola do país”. É isto que “vende” e é isto que a maioria dos
pais procura.
(…)
Os colégios privados juntam à seleção natural
(das propinas), a artificial, afastando alunos piores ou indisciplinados.
(…)
Dez lugares acima ou abaixo no ranking são mais
ou menos crianças inscritas e mais ou menos receitas para o colégio.
(…)
[É a] escola interclassista, e não a seleção
social ou a tentativa de aplicar a lógica meritocrática a crianças, que contribui
para a igualdade de oportunidades.
(…)
Uma corrida que já é desigual, que os rankings
exibem sem explicar, fica mais viciada pelas notas inflacionadas de muitos
colégios privados.
(…)
A nota interna mais comum nos colégios é o 19 e
a segunda é o 20.
(…)
Já nos exames, 20% teve negativa.
(…)
Em média, os resultados internos nas escolas
públicas são 3,6 valores mais elevados do que nos exames, enquanto nos privados
essa disparidade é de 4,8 valores.
(…)
A discrepância de 1,2 valores, quando há
centenas de alunos que não entram no curso pretendido ou no ensino superior por
uma décima, atira para fora da universidade centenas ou milhares de jovens das
escolas públicas.
Daniel Oliveira, “Expresso” online
Em
2018, a Assembleia da República aprovou, pela primeira vez, o direito à
protecção das características sexuais, limitando modificações medicamente
desnecessárias nas características sexuais das pessoas menores intersexo.
(…)
A lei actual não se mostra suficiente para
garantir a integridade das crianças intersexo.
(…)
Continuamos
a ver hospitais a divulgar estas modificações em crianças intersexo sem a
existência de um comprovado risco para a saúde ou consentimento da criança.
(…)
Não se trata de uma categoria única de corpo, existem
várias formas de ser intersexo.
(…)
Muitas
famílias são aconselhadas ou pressionadas a permitir que as crianças intersexo
passem por intervenções médicas adiáveis e irreversíveis, sem o seu consentimento
livre e informado.
(…)
Estas intervenções raramente são medicamente
necessárias e violam a integridade física e mental das crianças.
(…)
Prevalece assim a tentativa de conformar as
crianças às normas de género, sem prezar pela sua integridade física e mental.
(…)
Muitas vezes, a comunidade médica reage às leis
que visam proibir cirurgias em crianças intersexo adoptando uma definição
restrita.
(…)
Ao reduzir o número de pessoas consideradas
intersexo, menos pessoas são protegidas pela lei e mais procedimentos podem ser
realizados.
(…)
É
crucial esclarecer a proibição legal das crianças intersexo de procedimentos
médicos desnecessários e não consentidos, algo que já foi pedido pela
ILGA-Europa.
(…)
A esterilização forçada das pessoas com deficiência em Portugal
ainda é permitida por lei. A circuncisão peniana em crianças sem motivos de
saúde e consentimento é igualmente permitida.
(…)
É preciso educar para a existência dos corpos
intersexo e para o consentimento informado.
Pedro Valente, “Público”
(sem link)
A
pandemia de covid-19 transformou profundamente a perceção social da saúde
pública, elevando-a para o centro da agenda global e destacando a sua
importância para políticos, instituições, empresas e cidadãos.
(…)
A saúde pública é um direito humano fundamental
e a base da estabilidade social, económica e política.
(…)
É imperativo capitalizar as lições aprendidas,
valorizar o reconhecimento social e manter o investimento na saúde pública.
(…)
Vivemos tempos de grandes desafios e
oportunidades, e o nosso país, como muitos outros, enfrenta questões complexas
e interligadas.
(…)
É
inequívoca a necessidade de uma transformação das políticas e do sistema de
saúde para garantir a saúde, o bem-estar e a sustentabilidade económica, social
e ambiental do nosso país.
(…)
Assim,
identificámos conjuntamente áreas prioritárias: transformar positivamente as
políticas e os sistemas de saúde, criar comunidades mais saudáveis, robustecer
a força de trabalho em saúde, e desenvolver a inovação, empreendedorismo e transformação
digital em saúde.
(…)
A
importância da transformação dos sistemas de saúde para enfrentar desafios
emergentes e abordar problemas sistémicos foi definida como vital, abordando
áreas da gestão em saúde, organização, modelos de liderança e força de trabalho
em saúde.
(…)
Destaca-se
[também] a importância do desenvolvimento de uma política de promoção da saúde
e de literacia em saúde ativa, eficaz e participada, que apoie a capacitação
das comunidades e indivíduos ao longo do ciclo de vida, mas também a criação de
contextos favoráveis à saúde.
Sónia Dias, “Público” (sem link)
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