sábado, 7 de junho de 2025

MAIS CITAÇÕES (336)

 
Os portugueses e portuguesas podem esperar do XXV Governo, que esta semana tomou posse, mudanças de políticas face ao anterior? 

(…)

A missão do Governo anterior foi a de preparar eleições. 

(…)

A missão do atual será a aplicação da agenda da Direita, pelo período mais longo possível, num contexto europeu de mobilização de recursos para a economia de guerra, de ataque ao Estado social, de reconvocação dos bodes expiatórios de sempre: os trabalhadores e o povo.

(…)

No discurso do primeiro-ministro na posse do Governo, tudo isto já lá está.

(…)

Observemos o que virá de novo na Segurança Social.

(…)

Na Saúde, a manutenção da ministra significará continuidade e aprofundamento do ataque estrutural ao Serviço Nacional de Saúde e o reforço do negócio privado.

(…)

Para o comum dos cidadãos ficará a eliminação de serviços com funcionários que apoiem os cidadãos, substituídos por serviços das “primas” que distanciam e isolam as pessoas.

(…)

O país precisava muito de ter, e não tem, política económica.

(…)

Só a cabeça de loucos pode admitir que não há diferença entre produzir bens e serviços para garantir vida e felicidade, ou produzir instrumentos para causar sofrimento e morte.

Carvalho da Silva, JN

 

A ruptura pública entre Donald Trump e Elon Musk, transmitida em directo e em modo “vale tudo” nas redes sociais, é o fim ruidoso de uma aliança tão funcional quanto tóxica.

(…)

Durou 136 dias. E, como em todas as histórias movidas por egos e vaidade, terminou em espectáculo.

(…)

Musk ajudou a financiar a campanha de Trump, a amplificá-lo nas redes, a conferir-lhe uma credibilidade tecnológica que a Presidência nunca teve.

(…)

O que os uniu não foi tanto uma visão partilhada para o país, mas sobretudo a crença cínica de que o sistema é um obstáculo a contornar.

(…)

Durante semanas, Musk foi o "czar da eficiência" na Casa Branca.

(…)

Só que a história mostrou, uma vez mais, que alianças construídas sobre o narcisismo e o desprezo pelas instituições acabam sempre em tragédia ou farsa.

(…)

Musk não suportou que a “grande e bela lei” orçamental de Trump não lhe servisse os interesses corporativos; Trump não tolerou que alguém ousasse contestá-lo.

(…)

[Musk] a deixar escapar um tímido “sim” à hipótese de destituir o Presidente que o próprio ajudou a eleger.

(…)

Quando as alianças mais influentes da política mundial se desfazem em memes e vendetas nas redes sociais, a questão deixa de ser “quem tem razão” e passa a ser “o que resta para defender”.

Tiago Luz Pedro. “Público” (sem link)

 

Há mais de 40 anos que trabalho na área da Educação Especial.

(…)

Tenho assistido a uma tendência persistente e preocupante: o abandono progressivo dos alunos com necessidades educativas especiais.

(…)

Uma integração ilusória, que mascara o insucesso, perpetua a exclusão e aprofunda as desigualdades.

(…)

Continuamos a assistir a uma má compreensão do conceito de inclusão, a uma formação deficitária dos professores (do ensino regular e da educação especial), à ausência de recursos humanos especializados e a uma escassa articulação com as famílias.

(…)

Parece persistir uma cultura de imobilismo, sustentada por dirigentes que há décadas ocupam cargos-chave sem trazerem inovação, experiência prática ou visão estratégica.

(…)

É urgente uma renovação. Precisamos, no Ministério da Educação, de técnicos verdadeiramente especializados, com formação sólida e experiência real em contextos escolares.

(…)

A inclusão não se faz com discursos, mas com políticas estruturadas, investimento consistente e vontade política real. 

(…)

Até lá, os alunos com diferenças significativas de aprendizagem continuarão a ser tratados [como] descartáveis, esquecidos, culpados por um falhanço que não é — nem nunca foi — deles.

Luís de Miranda Correia, “Público” (sem link)

 

Foi recentemente publicado o primeiro relatório temático sobre Portugal do Grevio (Grupo de Peritos do Conselho da Europa que monitoriza a aplicação da Convenção de Istambul, centrada na prevenção e combate à violência contra as mulheres e à violência doméstica.

(…)

O relatório identifica vários problemas, evidenciando a forma como o sistema judicial continua a não responder adequadamente às vítimas.

(…)

A lei existe; o que falha é aquilo que o sistema tolera.

(…)

Nenhum sistema judicial pode ser avaliado apenas por casos extremos.

(…)

É preciso perguntar porque continuam a existir decisões que revitimizam, descreem e desvalorizam.

(…)

A Ordem dos Advogados (OA) também tem responsabilidades institucionais neste domínio.

(…)

Tratar-se-ia do cumprimento efetivo de um dever: proteger a função constitucional da advocacia e reforçar a confiança no sistema judicial.

(…)

É arriscado falar sobre estes temas: o debate público sobre violência de género está capturado por linguagem estereotipada e dogmática.

(…)

Defender as mulheres e exigir melhor justiça requer reformas concretas, para além dos slogans.

(…)

É mais um exemplo de como a justiça portuguesa reage quando chamada a prestar contas: com retraimento e desconforto.

(…)

A inação da OA e o reflexo defensivo do CSM pertencem à mesma lógica institucional: a recusa em reconhecer que a justiça pode falhar, e que é precisamente esse reconhecimento que a pode tornar mais justa.

(…)

A justiça não fica mais forte por se blindar à crítica.

Eva Dias Costa, “Público” (sem link)


Sem comentários:

Enviar um comentário