Será, no mínimo, difícil
acreditar que de um dia para o outro o seu [de Thierry Breton] foco deixará de
ser o das grandes corporações para passar a defender os interesses dos cidadãos
europeus.
(…)
Tendo em conta a sistemática violação do Estado de
direito e os ataques aos direitos humanos por parte do governo húngaro, é
difícil perceber como poderá ele [Olivér Várhelyi] assegurar que a democracia e
o respeito pelos direitos humanos não serão enfraquecidos na política de
vizinhança dos próximos anos.
Ontem no Parlamento, com
alguma previsibilidade, assistimos à tentativa de instrumentalização de uma
manifestação supostamente apartidária por elementos da extrema-direita e por um
deputado a soldo da sua agenda.
(…)
As reivindicações das
forças de segurança são indiscutíveis e escapa a qualquer ordem racional que
não tenham sido atendidas por sucessivos governos.
(…)
Mas depois da simbologia
associada ao "Movimento zero", percebemos que a maturidade das
reivindicações não acompanha a maturidade do movimento sindical.
(…)
Este mergulho às
profundezas aproxima-se do abismo e não há sinal-ok-de-mão que nos diga que
está tudo em segurança.
(…)
São mesmo forças policiais
a ostentarem simbologia inimiga do Estado de direito.
Sem contratação coletiva -
como hoje constatamos em Portugal - os salários não evoluem de forma
estabilizada, morrem as carreiras profissionais que tanta falta fazem, não são
reconhecidas e enquadradas as novas profissões, a saúde e segurança no trabalho
são secundarizadas.
(…)
Por outro lado,
especuladores ou gestores que destroem emprego para engordar acionistas são
mais valorizados que empresários que criam emprego.
(…)
Naturalmente, os
sindicatos são menos valorizados quando fica frágil o seu poder.
(…)
Os trabalhadores
continuarão a necessitar de se organizarem para assegurar direitos coletivos e
individuais.
O único partido que é um
travão ao Chega, é, imagine-se, o PCP, que é também o partido cujo eleitorado
mais é sugado pelo Chega.
(…)
Com o enfraquecimento do
PCP, cresce o Chega.
(…)
Houve um tempo em que as
reivindicações policiais e da GNR eram expressas por sindicatos e associações
de uma esquerda próxima do PCP e da CGTP, mas hoje a força dominante é o Movimento Zero.
(…)
Os polícias vêm dos mesmos
meios que hoje abandonam o Labour ou os democratas americanos, e sentem-se
a perder autoridade e estatuto que tinham quando ser polícia significava um upgrade nessas comunidades.
Pacheco
Pereira, “Público” (sem
link)
A imagem de um Parlamento
sitiado é diminuidora da nossa democracia: num Estado de direito não devemos
ter medo das nossas forças de segurança.
(…)
Essa segurança que o país
tem não é dissociada da competência e do profissionalismo das nossas forças e
serviços de segurança.
(…[
Quando se conhece as condições de trabalho dos profissionais das forças e serviços de segurança,
percebemos as enormes dificuldades que enfrentam.
(…)
É legítima a pretensão de
aumento das pensões de reforma que levam quase uma década de congelamento.
(…)
A situação atual leva a um
sentimento de abandono e de desrespeito dos profissionais que é compreensível.
(…)
O terreno fértil para
estas ervas daninhas [leia-se infiltração de elementos da extrema-direita]
crescerem é o sentimento de abandono que existe.
Pedro
Filipe Soares, “Público” (sem
link)
Passos capitaneou em
Portugal o monumental embuste de que a crise resultava dos portugueses viverem
acima das possibilidades, escondendo que tinha sido o sistema financeiro quem
com a sua ganância desmedida tinha provocado a crise.
(…)
De cima do seu mando e de
chicote na mão fustigou económica, social e moralmente a população trabalhadora
de Portugal.
(…)
Com Passos Coelho os que
eram pobres ficaram mais pobres. Muitos dos remediados ficaram pobres. A classe
média encolheu. Uma minoria ínfima ficou mais rica.
(…)
Porventura o que faz
alguns recordarem nostalgicamente Passos Coelho é a sua obstinação ideológica
em querer destruir o Estado social.
(…)
O legado de Passos foi
pobreza a rodos, servida com a veemência de alguém que se desumanizou.
Domingos
Lopes, “Público” (sem
link)
Relevante é a forma como
Ventura usa o marketing e
manipula a realidade. E como, para esse objectivo, os polícias são presa fácil.
(…)
As facturas provam
que há falta de coletes no país ou apenas que “dezenas de
polícias” — num universo de 45 mil — compraram um
colete diferente do que lhes é dado pelo Estado?
(…)
Em Portugal, no ano
passado, houve 13.981 participações de criminalidade
violenta, uma descida de 8,6% em relação a 2017 e de 42,5% em relação a
2008. Os crimes violentos são 4,2% de todos os
crimes.
(…)
Ventura sabe tudo isto,
mas estes números não lhe interessam. Fala dos coletes antibala para dar
nas vistas.
(…)
Em vez de
sabonetes, Ventura vende medo e polícias. É o que lhe
dá lucro.
Bárbara Reis, “Público” (sem link)
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