A ofensiva de Trump contra a China,
tendo como alvos imediatos a Huawei, a TikTok e a WeChat, é a guerra fria do
nosso tempo.
(…)
A ordem da Casa Branca para proibir, a
partir deste mês, o fornecimento de semicondutores é um golpe poderoso contra a
Huawei.
(…)
A Huawei, dada a sua vantagem efetiva no
5G, aumenta a sua quota de mercado, pelo que Washington decidiu atacar a sua
cadeia de fornecimento.
(…)
Mas tem uma consequência: a China
procurará avançar depressa na produção desses equipamentos e na investigação em
chips ou em sistemas operativos.
(…)
É por saber que o conflito não tem
solução na guerra contra a Huawei, e que se trata de uma disputa pelo mercado
global, que Trump, que ainda controla os circuitos financeiros e alguma alta
tecnologia, ataca também as redes de difusão e de fidelização de utilizadores.
(…)
Temos aqui mais um processo de divisão
do mundo em duas internets: na China, Facebook e Google são barrados, e, se
Trump se impuser, as empresas chinesas serão barradas no ocidente.
(…)
Tecnologia de produção e sistemas de
acesso são, assim, as duas primeiras frentes desta batalha. E há uma terceira,
os jogos.
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As duas internets lutam pela atenção e
pelos dados, as armas mais poderosas do nosso tempo. A guerra já começou.
Francisco Louçã,
“Expresso” (sem link)
Como já é notório, o Governo prepara-se
para propor no Orçamento que continue o pagamento ao Novo Banco até se
esgotarem os 3,9 mil milhões de euros assumidos no contrato
(…)
Ramalho é o mais poderoso dos banqueiros
portugueses, pois pode fazer qualquer venda com a maior perda, com o acionista principal
a aplaudir e o Estado a pagar o prejuízo.
(…)
Até por instinto de sobrevivência, o
Governo devia acautelar-se e parar este jorro de dinheiro, dotando o Fundo de
Resolução de capacidade efetiva de controlo das operações e demonstrando que os
abusos de confiança representam uma rutura do contrato.
(…)
Num tempo em que falta dinheiro para
contratar médicos, fechar os olhos às manigâncias pouco imaginativas destes
banqueiros não é política. É gosto pelo abismo. E, sobretudo, desmerece o país.
Francisco Louçã,
“Expresso” Economia (sem link)
Com a subida do SMN, de 30% desde 2014,
o número de trabalhadores a recebê-lo foi aumentando, para mais de 22% do
total. Hoje haverá cerca de 750 mil pessoas a ganhar 635 euros (565 líquidos 14
meses por ano).
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Com a crise, que já ninguém esconde que
será longa, os rendimentos já estão a cair e os quase 170 mil postos de
trabalho que já foram varridos serão ainda engrossados por mais falências
(…)
O salário mínimo é um nivelador mínimo
pela dignidade da vida dos trabalhadores.
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Abdicar de combater as desigualdades por
causa de uma crise que por natureza já as aprofunda é aceitar que os mais
desfavorecidos ficarão entregues a si próprios.
(…)
[Quando se entra na] vida real, topa-se
com um país com salários baixos e impostos altos, com uma desigualdade gritante
e níveis persistentes de miséria.
Pedro Santos
Guerreiro, “Expresso” (sem link)
[Os juízes constituem] um grupo profissional
a quem concedemos poderes únicos e de quem esperamos uma idoneidade à prova de
bala.
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O facto de chegarmos ao momento da
acusação [na operação LEX] já com sanções disciplinares, decretadas pelo
Conselho Superior de Magistratura, faz diferença em relação à confiança na
prova produzida.
(…)
Talvez a partir da Operação Lex seja
possível iluminar alguns dos lados sombrios da nossa Justiça.
Pedro Adão e
Silva, “Expresso” (sem link)
Tornou-se proverbial o desconforto
térmico das nossas casas e a pouca frequência dos painéis solares nas
habitações quando somos um dos países europeus que mais horas solares anuais
regista.
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Repetidos inquéritos têm revelado que
Portugal sofre de grande iliteracia energética, o que implica um esforço
(in)formativo acrescido.
Luísa Schmidt, “Expresso”
(sem link)
O problema é os bairros sociais
existirem. E não estou a dizer o óbvio — que o problema é haver pobres.
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Já devíamos ter abandonado as políticas
que fizeram nascer, entre os anos 70 e 80, este [Bairro Amarelo] e muitos
outros bairros para onde foram viver retornados, realojados e imigrantes.
(…)
Não precisamos que Inês de Medeiros viva
no Bairro Amarelo, precisamos que uma família do Bairro Amarelo viva no bairro
de Inês de Medeiros, se ela vivesse em Almada.
(…)
As vistas maravilhosas só garantirão a
pressão para que os pobres sejam expulsos para um bairro social menos
“maravilhoso”.
Daniel Oliveira,
“Expresso” (sem link)
Na sua proposta de revisão
constitucional, o Chega evolui da castração química de abusadores sexuais de
menores e atos sexuais com adolescentes para a castração física.
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A vitória da barbárie não é conseguir
levar uma proposta de extração dos ovários a um congresso ou a castração física
ao Parlamento.
(…)
O Estado não mata, o Estado não mutila,
o Estado não castra, o Estado não esteriliza contra a vontade do próprio.
(…)
Como se lê na Convenção Europeia dos
Direitos Humanos e na Declaração Universal dos Direitos Humanos, ninguém pode
ser submetido a tortura nem a penas ou tratamentos desumanos ou degradantes.
Daniel
Oliveira, “Expresso” Diário (sem link)