(…)
De há uns anos para cá, a precariedade
tornou-se uma espécie de “novo normal”: em média, não saímos de taxas de
contratos a prazo superiores a 20% e os empregos precários são a condição de
66% dos jovens até aos 24 anos.
(…)
O trabalho temporário atinge mais de 100
mil pessoas.
(…)
Os cerca de 70 mil que trabalham em
plataformas (como motoristas ou estafetas, seja da Uber, Glovo, ou outras)
estão excluídos de qualquer proteção social e não têm sequer acesso a um
contrato.
(…)
Atualmente, cerca de 2/3 dos
desempregados não consegue aceder às prestações de desemprego que existem.
(…)
Como se aceita que seja possível
negociar convenções coletivas de trabalho com regras piores do que a lei geral
em domínios decisivos da relação de trabalho?
(…)
Alguém entende que se continue a fechar
os olhos aos grandes modos de precarização que têm sido desenvolvidos, como o
outsourcing
(…)
É impossível o Governo fazer um debate
sério com a Esquerda se não estiver disponível para responder a quem trabalha,
a quem é precário, a quem foi despedido.
O país sofrido é [o da] gente pobre,
gente empurrada para a fragilidade diante dos poderes sempre imensos, gente sem
voz, gente sem bússola.
(…)
O país zangado é [o da] gente quase
sempre despolitizada, a quem as emoções fugazes das redes sociais multiplicam
alvos.
(…)
Em ambos [país sofrido e país zangado]
habita a mesma relação magoada com poderes inacessíveis e opacos e a mesma
perceção de fosso entre os de baixo e os de cima.
(…)
Ao país zangado [Marcelo] não quis dar a
resposta de que o discurso contra uma suposta corrupção generalizada é a melhor
cortina de fumo para enevoar os negócios dos que sempre ganharam com uma
economia que gera pobreza.
(…)
A acentuação da crise social exige uma
alternativa que dê outras respostas em simultâneo ao país sofrido e ao país
zangado.
José Manuel Pureza,“Diário as beiras”
O incêndio no campo de refugiados de
Moria, na ilha de Lesbos, é o epílogo de uma
história que só pode envergonhar a Europa.
(…)
A responsabilidade mancha
as mãos dos responsáveis da União Europeia, promotora de uma desumana política
de detenção de requerentes de asilo.
(…)
Como pode perder tudo
alguém que nada tem? Quando lhe negam o mais essencial, a dignidade e a
humanidade – era esse o significado do campo de refugiados de Moria.
(…)
Viviam no campo de
refugiados quatro vezes mais pessoas do que a sua real capacidade.
(…)
O presente é de desespero.
Afirmou uma das voluntárias portuguesas que prestava auxílio em Moria que a
“situação é de caos total e absoluto”.
(…)
Depois do fumo do
incêndio, chegaram as granadas de gás lacrimogéneo da polícia de choque, a
desumanidade não tem fim.
(…)
[Moria é] propositadamente,
um cartão de visita para os refugiados com a mensagem muito clara: não são bem
vindos, a solidariedade não mora aqui, a vossa vida não nos merece compaixão.
(…)
A ilha de Lesbos é o
exemplo maior do monumental fracasso da Europa, das suas políticas migratórias
e das escolhas feitas ao sabor de preconceitos ultrarreacionários impulsionados
pela extrema direita.
Pedro
Filipe Soares, “Público” (sem link)
Sem candidato presidencial
em 2016 e sem candidato presidencial em 2021, eis o candidato-piloto-automático
do PS: Marcelo Rebelo de Sousa.
(…)
A estranheza de ver o PS
sem candidato presidencial quando está no poder, ganha contornos mais
esotéricos quando recusa apoiar uma candidata efectivamente sua.
(…)
A incomodidade que [Ana
Gomes] representa para o actual Governo é bem revelador do grau de conforto que
Costa criou com Marcelo.
(…)
O PSD caminha com duas
pedras no sapato, Marcelo e Rio, pelo que a tarefa não se afigura fácil no
futuro próximo.
(…)
À Esquerda, Marisa Matias
e Ana Gomes irão obrigar Marcelo a ocupar o seu espaço político natural.
O grande desafio é
procurar saídas do sítio onde estamos: evitar, a todo o custo, que a
sobreposição do desemprego à pandemia se torne estrutural e nos aprisione nas
profundezas.
(…)
O desemprego é a pior das
formas de desperdício.
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Desemprego é capacidade de
trabalho não mobilizada para responder a necessidades, muitas vezes prementes,
da economia e da sociedade.
(…)
A não criação de emprego
transforma desempregados de curta em longa duração e destrói aceleradamente
qualificações.
(…)
É imperioso que o processo
de negociação do Orçamento gere um consenso em torno da prioridade de combate
ao desemprego.
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