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Até que as soluções liberais voltaram a dominar no nosso século,
com os remédios da austeridade expansionista: privatizar, garantir rendas
financeiras e baixar o valor do salário.
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A geringonça de 2015 reverteu essa política, gerando alívio na
sociedade. Mas quando chegou o momento de mudanças estruturais que anulassem a
jaula troikista, o Governo recusou-as.
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Agora que há 10% de desemprego e a subir, agora que teremos dois
anos de queda do PIB, agora que temos danos permanentes na economia?
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Perante a crise, [Centeno entende que] devemos fazer alguma coisa,
ao contrário do que pensam os liberais, mas pouco, ao contrário do que propõe a
esquerda.
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O governador do Banco de Portugal sugere deixar as empresas
falirem e limitar o apoio ao emprego só a alguns casos.
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Como Centeno, [o Governo] não aceita que se toque na lei laboral,
ou seja, nas regras para despedir ou para os contratos de trabalho.
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É para empurrar as soluções para a margem que o Governo nem aceita
normalizar as relações de trabalho, nem um investimento estrutural no SNS.
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Pouco agora e menos no ano seguinte é uma solução para desastre.
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[Centeno] repete que a crise é ligeira e passageira, nem de outro
modo poderia explicar ter abandonado o ministério no meio da tempestade.
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A crise é estrutural: qual é a dúvida de que alguns sectores não
recuperarão em 2021 e que o desemprego aumentará?
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Há ainda uma segunda razão para agir já, os riscos internacionais.
Francisco Louçã, “Expresso” Economia (sem link)
Seria ingénuo persistir na ideia de que Portugal é imune ao novo
populismo e que estamos perante um epifenómeno, assente nas capacidades
particulares do líder.
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A democracia portuguesa viveu quatro décadas de paz constitucional
que, de facto, agora terminaram.
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Perdeu-se a vergonha de, em público, se exprimir posições racistas
e xenófobas.
Pedro Adão e Silva, “Expresso” (sem link)
No mapa dos descasos está uma governação a arder em lume pouco
brando com a pandemia durante 2021 e que entra em ebulição no outono.
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Não há estabilidade política sem estabilidade social, e esta não
existe sem estabilidade económica.
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E prepare-se para longos meses de crises, que começam em janeiro
com um Orçamento desequilibrado.
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Seguir-se-ão ainda meses de pandemia e crise económica, falências
e desemprego.
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É fácil antever que daqui a um ano estará tudo com as tochas
políticas na mão.
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As causas para a deprimência da sociedade com o que chamam de
“sistema” crescem no forno.
Pedro Santos Guerreiro, “Expresso” (sem link)
À medida que a crise vai empurrando mais gente para o desespero,
essa paz pontuada pela divergência sobre a melhor forma de lidar com a pandemia
vai dando lugar à luta pela sobrevivência.
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[A ilusão de que estávamos todos no mesmo barco] acabou e a
notícia de que mais de 80% das doses de vacinas estão reservadas para 14% da
população mundial mostra que as coisas são como sempre foram.
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Como sabemos pelas alterações climáticas, os negacionistas não têm
de dar respostas a um problema que não reconhecem.
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À medida que a crise e a fadiga forem apertando será cada vez mais
fácil espicaçar a irracionalidade.
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No acordo dos Açores ou na entrevista que a TVI fez a Ventura está
toda a displicência de uma elite política e mediática impreparada para lidar
com um oportunismo perigoso que nos bateu à porta no pior momento.
Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)
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