(…)
O ano próximo, quando quer que as vacinas comecem a alcançar a
maioria da população, será de desemprego e falta de procura agregada.
(…)
A queda de receita de IVA e outros impostos pode alcançar os 10 a
20%, segundo as projeções das instituições internacionais, e em 2021 ficaremos
longe do nível do produto de 2019.
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Vai ser preciso contrair dívida, beneficiando dos juros negativos.
O que o orçamento não pode é ser curto.
(…)
Não haverá uma segunda oportunidade para responder a tempo aos
problemas sociais imediatos.
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Se alguém ainda tem dúvidas sobre esta anomalia [da euforia
bolsista], é melhor tomar atenção: a bolha concentra-se nas empresas que
fizeram e farão grandes lucros.
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As bolsas estão intoxicadas com boas notícias e assim vão
continuar.
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Ora, a euforia é ignorante. Na incerteza atual, já se registam
três a dez vezes mais incumprimentos de hipotecas, o que pesa nos balanços dos
bancos, e o efeito de arrastamento em 2021 será maior.
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Os restaurantes e o turismo vão reduzir-se por muito tempo. Por
isso, haverá setores que não recuperam com a vacina.
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A prioridade é recuperar a procura que salva empregos.
Francisco Louçã, “Expresso” Economia (sem link)
O assassinato de George Floyd, que espalhou indignação pelo mundo,
não tem a gravidade do que se passou com Ihor Homeniuk no aeroporto de Lisboa,
em meados de março.
(…)
O insulto já não é o silêncio. Nem é a insensibilidade perante a
família de Ihor. É Cristina Gatões ainda ser diretora do SEF.
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Com imigrantes isolados do mundo e sem intérpretes, o Centro de
Instalação Temporária (CIT) do aeroporto seria, segundo uma testemunha, um
lugar de ameaças, pancada e medo.
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Quando chegou ao cargo, em janeiro de 2019, [Cristina Gatões] já
tinha ouvido a provedora de Justiça chamar ao CIT de Lisboa “terra de ninguém”,
um universo mais impenetrável do que as prisões.
(…)
Ela própria fora inspetora no aeroporto. Por isso, Cristina Gatões
é politicamente responsável por o que aconteceu a Ihor Homeniuk.
(…)
Cada dia que passa com a diretora do SEF no lugar é mais um dia
que o ministro que a mantém assume para si a culpa.
(…)
Cada dia que passa sem que o ministro nada faça é um dia em que o
primeiro-ministro assume para si a culpa.
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Depois de oito meses sem que a diretora do SEF se demitisse ou
fosse demitida, é o ministro que está a mais.
Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)
As portagens nas SCUT são a maior prática anticompetitiva que nos
foi imposta.
Luís Veiga, “Expresso” (sem link)
Esse mundo é na sua quinta-essência o de uma
forma vil de covardia, porque só o anonimato e a desresponsabilização explicam
porque é que gente mesquinha, escondida no canto do seu telemóvel ou
computador, faz do insulto, da intriga, da mentira e do ódio um passatempo
quotidiano.
(…)
O que deveria acontecer é que o que é lei cá
fora devia ser lei lá dentro [das redes sociais], e isto é um crime.
(…)
Aqueles programas [como o da Cristina]
representam muitas vezes um papel perverso que têm mais relação com o mundo do
ódio nas redes sociais do que se pensa.
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A promiscuidade de que muitas vezes esses
programas se alimentam acaba mais cedo ou mais tarde por limitar a liberdade de
quem não traça uma linha muito firme entre o público e o privado.
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Sempre existiu esta indústria do vilipêndio e
agora vê-se mais? É verdade que sempre existiu e que agora se vê mais, mas
também é verdade que agora é mais, mais descarado, mais vergonhoso.
Pacheco Pereira, “Público”
(sem link)
O aparvalhamento do mundo é um facto
confirmado, embora, eventualmente, ainda não consumado.
(…)
Catástrofe ou não, mais meteorito, menos
meteorito, o certo é que ao aparvalhamento ninguém escapa, embora Trump e
Bolsonaro tenham claramente abusado.
Ana Cristina
Leonardo, “Público” (sem link)
Os processos históricos de mudança não são
conseguidos por este ou aquele líder, mas pela força do colectivo.
(…)
São as massas que ajudam a mudar o mundo e,
sem elas, os líderes de esquerda bem podem clamar as suas vias para transformar
o futuro que elas continuarão intransitáveis por falta de seguidores.
(…)
A chegada [de Lula] ao poder e os seus dois
mandatos na chefia do Estado representaram uma autêntica revolução num dos
países mais desiguais e racistas do mundo.
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O tempo de Lula passou e quanto mais tempo o
PT continuar preso por essa âncora do passado, mais tempo levará a sua
travessia do deserto.
António Rodrigues,
“Público” (sem
link)
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