domingo, 2 de maio de 2021

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O Presidente do Chega disse no domingo que “metade do país acha hoje que está pior do que antes do 25 de Abril”. Citou uma sondagem. Mas esse dado não está na sondagem. É assim que se fazem as fake news

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Ventura incomoda porque diz mentiras e, como Portugal é uma democracia, intoxica o espaço político na própria “casa” da democracia.

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 Ventura pode dizer mil mentiras por dia e o Estado continuará a pagar o seu salário de deputado e o dos seus seis assessores parlamentares.

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Falo de mentiras simples como as falsas facturas dos coletes antibala da PSP, a falsa dívida da GNR à EDP ou o falso cigano.

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Ventura diz isto no Facebook com um miniposter: “Jornalista da Visão que fez reportagem sobre o Chega é comunista e escreveu a biografia de Cunhal. O que poderíamos esperar?” É falso.

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Hoje, com Ventura a alimentar fake news, estamos num patamar diferente: o descaramento. Os militantes do Chega publicam vídeos com mentiras que se desmentem num clique e não pestanejam.

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Há uns dias, vi tantas pessoas do Chega a insultarem a RTP por — diziam — não noticiar a manifestação do partido no Rossio, centro de Lisboa, que fui à procura. Também é mentira.

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Até o mais cândido português sabe que descredibilizar os media com mentiras é a táctica dos autoritários.

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Sondagens ao longo dos anos lembram-nos de que há muitos portugueses que acham que o salazarismo teve tantas coisas positivas como negativas. Mas a “metade” que diz que “está hoje pior” não está nas sondagens [como afirma Ventura].

Bárbara Reis, “Público” (sem link)

 

Se há coisa que a covid-19 tem feito é dar visibilidade a problemas crónicos do nosso país.

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Quando o país confinou pela primeira vez, retirámos da cave os problemas das famílias que não têm condições para apoiar os filhos na telescola. 

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[Odemira e Rabo de Peixe têm em comum] pobreza e condições de vida longe do que podemos considerar serem dignas. Diagnósticos há muito conhecidos.

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[Em Odemira essas pessoas são] sobretudo imigrantes que procuram trabalho em Portugal para fazer aquilo que nenhum português aceita fazer, muito menos nas condições que lhes são oferecidas.

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[Rabo de Peixe tem um problema parecido] que todos sabem que existe, mas que ninguém resolve: a pobreza e novamente situações em que há mais de 14 pessoas a viver na mesma casa.

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Muito dependente da indústria piscatória, e da sorte madrasta do mar, [em Rabo de peixe] não se pode pescar um peixe com fibra óptica.

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Há mais casos como Odemira e Rabo de Peixe. Não podemos deixar estas pessoas à espera que apenas um desastre como o que agora experimentamos as tornem visíveis.

Ivo Neto, “Público” (sem link)

 

Os falsos recibos verdes podem agora, com a recuperação económica que paulatinamente vai chegando, atingir valores semelhantes aos do ano de 2012.

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Pode existir a tentação de criar emprego em condições precárias ao qual os mais jovens, sem outra solução à vista, são “forçados” pelas circunstâncias a aceitar.

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Muitas empresas, aproveitando a fragilidade do mercado na óptica do excesso de procura, usam os falsos recibos verdes como forma de não serem obrigadas a pagar quaisquer direitos inerentes a um contrato de trabalho.

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O esquema dos falsos recibos verdes e de não criar qualquer vínculo laboral foi também o que levou grande parte dos jovens a não terem qualquer apoio durante a pandemia, ao serem dispensados do trabalho sem quaisquer direitos e/ou justificações.

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Para atenuar possíveis abusos, para além de o Estado ser o primeiro a dar o exemplo, é necessário reforçar desde já os meios das entidades fiscalizadoras. No entanto, só isto não será suficiente.

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Seria de se pensar num mecanismo legal que, de alguma forma, pudesse punir exemplarmente quem abusa dos falsos recibos verdes; aquilo a que chamo aqui vacina.

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Com o mecanismo a tornar obrigatório um “registo criminal empresarial” seria fácil aferir se a empresa já teve ou não alguma condenação com o uso falsos recibos verdes.

Sérgio Guerreiro, “Público” (sem link)

 

É no olhar para o passado que construímos os valores do presente. 

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Uma sociedade que não condena moralmente o colonialismo nunca condenará sinceramente o racismo.

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A guerra colonial já estava desfasada do seu tempo. 

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Não se gaba uma das mais relevantes potências no tráfico esclavagista, que manteve a exploração do trabalho forçado até ao início dos anos 70, de ser pioneira do abolicionismo? 

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O debate sobre a memória não é uma questão identitária ou fútil.

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Ainda são os mitos da propaganda nacionalista que dominam a cultura popular.

Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)

 

O pobre não tem sindicato, partido, nem voz.

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Eles, os pobres, são dois milhões de nós.

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[Lê-se num estudo da FFMS] que há pobres com contrato de trabalho, que há pobres com trabalhos precários, que pobres crianças que serão pais de pobres, que há velhos pobres e não os há mais porque há pensões. 

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A raiz não está na preguiça, como os ignorantes gostam de estalar, está nos salários baixos e nas pensões baixas que eles geram.

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Metade dos pobres trabalha, com contrato ou sem ele. 

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Joe Biden anunciou [esta semana] um plano para cortar metade da pobreza infantil nos EUA e associou as medidas ao aumento do salário mínimo.

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Um país que não cresce há duas décadas não pode senão fabricar pobres.

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Artificialmente inteligentes somos nós se consentirmos este país pobre, desigual, excludente. 

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Com os nossos apoios sociais não se morre de fome, mas com esta economia vive-se de fome. 

Pedro Santos Guerreiro, “Expresso” (sem link)


Quando a realidade contraria as ideias feitas, é bem provável que o problema esteja na forma como olhamos para a realidade. 

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Afinal, os determinantes do voto são menos voláteis do que se quer fazer crer.

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[Os portugueses] não fazem a avaliação apocalíptica do processo de vacinação que nos foi apresentada de forma estridente.

Pedro Adão e Silva, “Expresso” (sem link)


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