(…)
Só a Censura tinha uma história longa e exemplar para contar,
mas não havia só Censura, havia falsificações, fake news, com a publicação pela Legião Portuguesa e pela PIDE de
documentos falsos, disfarçados de verdadeiros.
(…)
Desde Salazar, mentindo publicamente sobre o assassinato de
Delgado, ao legionário da esquina, a falsidade era o corrente. A falsidade, a
calúnia e a difamação como instrumento de ataque aos opositores.
(…)
[Mário Sottomayor] Cardia é acusado de roubar dinheiro
nos vestiários da Cidade Universitária para ir cear ao restaurante Mónaco, de
onde saía embriagado, e de ter sido protegido pela PIDE por ter participado num
atentado à bomba.
(…)
Aliás, a mesma propensão dos valentes polícias e pides para baterem
em homens de constituição frágil [como Cardia] provou-a Urbano Tavares
Rodrigues.
(…)
Eu, aos do MEL, do Observador, dos novos think tanks e da galáxia comunicacional cada vez mais vasta,
percebo-os bem de mais. (…) o que os irrita é não poderem assumir uma inocência
que a sombra dos 48 anos de governo da direita em ditadura lhes tira.
Pacheco Pereira, “Público” (sem link)
Todo o
discurso público sobre a pandemia está neste estado [disparar para todos os
lados]. Porque, chegados ao momento de abrir, o hábito do medo nos faz hesitar.
(…)
Em
Lisboa, as condições em que vivem muitos imigrantes ou as casas dos estudantes
de Erasmus parecem ser mais preocupantes.
(…)
A
política deve ponderar a saúde pública, nela incluindo os efeitos da pandemia e
do adiamento do regresso à vida normal.
(…)
E uma
vantagem sobre outros países: somos dos europeus com menor resistência à
vacina.
(…)
Em
cada cabeça há uma sentença porque o discurso andou desfasado da realidade
pandémica.
(…)
Mesmo
com a variante indiana, a preocupação das autoridades já não é com a saúde
pública. É a péssima publicidade de um recuo no desconfinamento em Lisboa ou
noutras regiões populosas.
(…)
Parte
do esforço que andamos a fazer já não corresponde à defesa de vidas ou à
ponderação de riscos, mas ao cumprimento de metas burocráticas.
(…)
Não
estando em causa a defesa da vida, mas a vinda de turistas ingleses, é
aceitável impor restrições à liberdade?
Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)
Estamos
a conseguir transformar um recurso magnífico num pesadelo destrutivo. Trata-se
das megacentrais solares.
(…)
O país
tem nas energias limpas, incluindo a solar, um sector esperançoso de que se
pode francamente orgulhar.
(…)
Esta
excelente oportunidade começa a revelar-se um pesadelo em muitos locais e para
muita gente, devido à forma arbitrária como se tem preparado a sua instalação e
extensão.
(…)
O país
é apenas um mapa e riscam-se por cima dele os projetos e já está.
(…)
É
sobretudo pela rapidez atabalhoada com que se quer executar estas megacentrais
antes que as pessoas deem por isso, opinem e se manifestem ou tenham sequer
tempo de reagir.
(…)
Tudo
feito depressa e a eito, fragmentando as paisagens, sem uma base de planeamento
mínimo e sem consultas públicas sérias.
(…)
A
população e a economia local parecem ser um estorvo e o respeito pela vida dos
outros, um entrave.
(…)
Com
uma pressa que lembra uma intenção furtiva, atropelam-se todas as regras que
vão desde a decência e bom senso até à própria lei.
(…)
[Continuamos]
com a nossa crónica falta de efetividade de ordenamento e planeamento do
território, a insistir nos erros de sempre.
(…)
Temos
sorte com o solar, com a sua abundância e com o seu aproveitamento
fotovoltaico. Era o que faltava acabarmos agora eletrocutados pela má condução
dos projetos para a sua instalação.
Luísa Schmidt, “Expresso” (sem link)
Afinal,
os políticos têm, em doses desiguais, um misto de fascínio em relação à
popularidade do desporto-rei com temor reverencial face à sua propalada
influência social.
(…)
Esta
combinação cria um terreno fértil para que a relação entre política e futebol
tenda para o disparate.
(…)
Disseminou-se
a ideia de que, por ser um fenómeno de popularidade sem paralelo, é impossível
contrariar os desejos vindos do mundo do futebol.
(…)
O
primeiro [equívoco] é pressupor que os adeptos, por mais paixão que tenham pelo
jogo (é o meu caso), são falhos de discernimento e incapazes de separar a
filiação clubística da racionalidade política.
(…)
Por
definição, quem tem responsabilidades políticas deveria manter uma distância de
segurança em relação ao mundo do futebol.
Pedro Adão e Silva, “Expresso” (sem link)
Marrocos
usa vidas humanas para fins políticos.
Abdulah Arabi (Frente Polisário), “Expresso” (sem link)
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