(…)
As ondas de calor longas e de temperaturas muito
elevadas são fenómenos de mortandade extrema.
(…)
Se durante a noite a temperatura não baixa, corpos,
materiais, todo o ambiente se degrada e a qualidade do ar baixa drasticamente.
(…)
Quando uma onda de calor dura mais do que três ou quatro
dias, as infra-estruturas que garantiriam a segurança deixam de ser factores
diferenciadores porque colapsam.
(…)
A crise climática é uma crise global. É também um crime
global.
(…)
Os fenómenos climáticos extremos são consequência directa da
acção do capitalismo fóssil.
(…)
Os responsáveis, quer políticos, quer empresariais, pela
continuação da existência dos principais emissores de gases com efeito de
estufa, são criminosos contra a Humanidade, actual e futura.
(…)
Apesar de este crime ser inequívoco, não só não é punido,
como a sua continuação não é sequer dissuadida.
(…)
O sistema legal não está equipado para lidar com estes
crimes. As instituições políticas criadas sob e para a manutenção do
capitalismo tampouco.
(…)
A crise climática e os crimes climáticos não serão resolvidos
pelas instituições actuais.
João Camargo, “Público” (sem link)
Voltou
a confusão sobre o que fazer com as regras orçamentais europeias.
(…)
Olaf
Scholz, ministro das Finanças de Merkel e candidato social-democrata às
próximas eleições, (…) repetiu em março que [as regras orçamentais europeias]
já são suficientemente flexíveis e há dias fechou o assunto, fica como está.
(…)
O
problema é que a obediência ao diktat não basta para as economias mais aflitas.
(…)
[Klaas
Knot, governador do Banco da Holanda] sabe que, se as regras não mudam,
os resultados serão sempre maus para os perdedores deste contrato.
Francisco Louçã, “Expresso” Economia (sem link)
Foi há
dois anos, em julho de 2019, que um grupo de deputados do PSD e do CDS (…) [decidiu]
lançar uma campanha contra a lei que foi aprovada para proteger o direito de
cada pessoa à sua identidade e expressão.
(…)
O que
resulta do mais elementar respeito pelos direitos humanos, nos quais se inclui
o direito à identidade e ao livre desenvolvimento, foi então tratado como um
crime de lesa-pátria.
(…)
Proteger,
nas escolas, o direito de crianças e jovens a serem quem são foi tratado por um
deputado do PSD como “porcaria”. Tudo lamentável.
(…)
O
delírio desse grupo de deputados, sem outro programa estival que não fosse
transformar o respeito pelas pessoas trans numa arma de arremesso partidário,
passava por questionar a constitucionalidade da lei por um suposto
“endoutrinamento de género”.
(…)
Passados
dois anos, o Tribunal Constitucional pronunciou-se e rechaçou os argumentos
substanciais dos deputados que queriam anular a lei.
(…)
Assim,
a lei que fizemos em 2018, que deu um passo seguro no respeito pelas
identidades trans e na simplificação da alteração de nome e registo de sexo no
registo civil, mantém-se.
(…)
A
discriminação e o bullying de jovens trans é um problema sério.
(…)
As
escolas têm um papel fundamental em dar esse sinal de respeito e
reconhecimento, protegendo contra o preconceito.
(…)
É a
proteção das crianças que deve prevalecer.
(…)
O
direito à identidade e expressão de género, bem como todos os direitos LGBTI+,
são uma parte constitutiva dos direitos humanos.
José Soeiro, “Expresso” Diário
O Brasil passou a marca de 500 mil mortos por covid-19. Um número dantesco,
cuja dimensão é bem maior do que a dos dados oficiais.
(…)
Bolsonaro é o rosto desse flagelo, o Presidente que rejeitou publicamente a
ciência e insultou cada uma das vítimas da doença que ele dizia ser “uma
gripezinha”.
(…)
A
Comissão Parlamentar de Inquérito da Pandemia (CPI) está a investigar a atuação
de Bolsonaro e do seu governo na resposta pandémica e as provas reunidas são
assustadoras.
(…)
Agora
sabemos que Bolsonaro tinha muitos empresários amigos que faziam negócio com a
venda de cloroquina e de hidroxicloroquina e tinham interesse nessa promoção.
(…)
Foi o
próprio presidente que falou com o seu homologo indiano para garantir que os
seus amigos conseguiam ultrapassar as dificuldades alfandegárias. Só por isso
ele merece o impeachement.
(…)
Já a
compra de vacinas é um caso claro de corrupção. Correção: não é um caso, são dois
casos com duas vacinas diferentes.
(…)
Bolsonaro
terá sido informado de todo o processo e não mexeu uma palha. Só por isso
Bolsonaro merece o impeachement.
(…)
Bolsonaro
reconhece que foi alertado para o esquema de corrupção [no caso da Covaxim] e nada
fez alega em sua defesa que o negócio não se fez.
(…)
Mas
a intenção de corrupção também é crime, pactuar com isso faz dele um criminoso.
Só por isso Bolsonaro merece o impeachement.
(…)
A CPI demonstra que
Bolsonaro e o seu governo estão no centro de enormes teias de corrupção, nas
quais até os militares são figuras principais.
(…)
É cada
vez mais uma certeza: o impeachment não só é inevitável, como uma questão de
higiene democrática e reposição da legalidade.
Pedro Filipe Soares, “Público” (sem link)
Em tempo de paz, nunca, como ao longo
desta pandemia, os governos de todo Mundo despejaram tanto dinheiro sob a forma
de crédito e subvenções sobre as economias.
(…)
Nem o mais ferrenho dos liberais teve
coragem de protestar contra "o despesismo" [em cuidados de
saúde].
(…)
No processo de construção de respostas
aos impactos da pandemia, o Governo português destacou-se como um dos que mais
apostaram nas moratórias, em detrimento de subvenções.
(…)
Agora, que as moratórias estão a
terminar, talvez o caminho seguido se confirme como irracional.
(…)
No caso das moratórias, a
responsabilidade pelo pagamento diferido no tempo incumbe a cada devedor em
separado, é individualizada. No caso das subvenções, essa responsabilidade
incumbe ao Estado, ou seja, a todos nós, mutualizando assim a dívida.
(…)
No nosso entender, o Governo fez uma
opção errada. No lugar de uma dívida mutualizada que o país teria de enfrentar
coletivamente, temos agora uma multidão de dívidas privadas a que cada um por
si, uns mais do que outros, terá de fazer face.
(…)
Neste quadro, as políticas em socorro dos
setores mais afetados devem ser acompanhadas por outras de estímulo aos setores
capazes de induzir arrastamento económico com potencial de criação de emprego
com qualidade.
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