(…)
O
Governo eleito em 2015 tinha assegurado que haveria médico de família para cada
pessoa sem falta até 2017.
(…)
Nunca
terá havido menos do que 700 mil pessoas sem médico de família e agora a
situação piorou.
(…)
Entre
março do ano passado e fevereiro de 2021, o número de consultas médicas
presenciais nos centros de saúde terá diminuído em 46%, ou menos nove milhões
de consultas.
(…)
Mas o
desinteresse dos governos pelas condições estruturais do SNS agravaram uma
fragilidade fundamental, que agora derrapou para números pesados.
(…)
Os
incentivos e a carreira assegurada a estes profissionais [médicos] de há muito
que não correspondem às necessidades do SNS.
(…)
É na
gestão das capacidades profissionais que se revela a maior falha dos
ministérios da Saúde.
(…)
Todo o
ano de 2020, quando foram precisos mais profissionais para enfrentar o fluxo de
doentes covid, foi um desastre, deixou-se andar.
(…)
Até
maio já perdemos mais 400 médicos, tanto para a aposentação como para o
privado.
(…)
As
promessas de novos concursos são entretenimento político.
(…)
[Há
que] ir buscar médicos ao privado, oferecendo boas condições profissionais e
criando carreiras com exclusividade que sejam a base do SNS.
(…)
[Apesar
dos milhões que estão a caminho] o Governo anunciou que a decisão sobre
exclusividade é adiada.
Francisco Louçã, “Expresso” Economia (sem link)
[A OCDE, em recente relatório], releva a
importância daquelas [micro, pequenas e médias] empresas no contexto das
respostas aos impactos da pandemia, diz-nos que Portugal foi o segundo país da
Zona Euro que menos gastou a apoiá-las.
(…)
Basta consultar o relatório da OCDE para
constatar que os pardais não tiveram direito ao milho que lhes devia pertencer
e que é preciso cuidar deles bem melhor.
(…)
A falta de atenção às pequenas empresas
provocaria um doloroso aumento do desemprego.
(…)
Segundo o referido relatório, o amplo e
diferenciado conjunto das empresas que vai das micro até às médias representa,
no geral dos países da OCDE, cerca de 99% do total das empresas.
(…)
Em vez de políticas laborais e de
formação que articulem responsabilidades individuais e coletivas, prega-se e
impõe-se o "faz-te à vida e sê empreendedor".
(…)
A microestrutura e os meios limitados das
pequeninas empresas dificultam-lhes o acesso a programas de apoio e à
operacionalização de procedimentos junto das instituições com que têm de lidar.
A importância das CPI (…) cresceu na
medida em que tornou visível a soberba do discurso dos visados, a sua
arrogância, o comportamento de enguia ou de desvalorização intrínseca de
qualquer trafulhice ou esquema montado para lesar o Estado, beneficiar os
próprios ou terceiros.
(…)
Joe Berardo, LFV e tantos outros transportaram
a identidade para as CPI, deram-nos o que são, tal como são, descarregaram toda
a sua impunidade para português ver. Como intocáveis que julgavam ser,
incriminaram-se publicamente.
(…)
A detenção do presidente do Benfica na
"Operação Cartão Vermelho" é um real alerta de prevenção geral com
efeito dissuasor.
A
queda do banco do regime (ou seria este o regime do banco?) levou à queda das
cartas, marcadas no baralho dos esquemas financeiros, dos negócios de favor, da
cortina de fumo que os amores clubísticos ajudaram a manter.
(…)
Berardo
não era um estranho no sistema, ele foi sua criação.
(…)
E nem
a fanfarronice lhe é unicamente imputável, muitos outros acharam que podiam
viver acima (e em cima) das nossas possibilidades.
(…)
O
empreendedor [LFV], afinal, era um reestruturador encartado que passou as
últimas décadas fugindo ao crédito malparado através de benevolentes
reestruturações de dívidas.
(…)
Quando
já não dava para fintar a conta e a fatura chegou à mesa, foi ao Estado que
vieram pedir a solução.
(…)
E é
ver a lista de governantes, políticos, destacados membros da sociedade que, a
cada candidatura, se acotovelavam para colocar o seu nome na lista de apoiantes
de Vieira para o Benfica.
(…)
Nem
falo dos deputados que privavam diretamente com Luís Filipe Vieira – com
outro qualquer, André Ventura já teria esgotado a palavra “Vergonha!”
(…)
Vieira
também é fruto de um sistema que lhe permitiu prosperar, mesmo arruinando
negócio atrás de negócio.
(…)
Hoje
está exposta ao ridículo a lengalenga que nos foi vendida: A meritocracia é,
tão só, o acesso fácil a decisores.
(…)
As
recentes detenções não foram das maçãs podres que colocam em causa a qualidade
do cesto, são as peças de fruta que deixaram cair para tentar manter o resto do
cesto intocado.
(…)
Para
não repetirmos os mesmos erros, temos de levar até ao fim o combate a este
sistema de “gangsterismo” financeiro – este é o grande desafio.
Pedro Filipe Soares, “Público” (sem link)
Este
fim-de-semana as temperaturas chegarão aos 40ºC em vários locais do país,
havendo até previsões internacionais de serem atingidos os 45ºC em alguns
lugares.
(…)
António
Costa é actualmente o responsável máximo pelo estado de degradação florestal em
Portugal.
(…)
Para
salvar o capitalismo, governos e empresas provocam deliberadamente a
continuação e até o aumento de emissões de gases com efeito de estufa em vez de
cortar as emissões a meio até 2030.
(…)
Esta
temperatura elevada articular-se-á com o estado cada vez mais deplorável do
território nacional em termos de ordenamento e, claro, da disseminação massiva
de árvores altamente combustíveis.
(…)
Poderia
dizer-se que é um fenómeno natural, este novo regime de incêndios, mas é uma
construção deliberada.
(…)
Os
governos que apoiam e sustentam estas empresas [fósseis e de celuloses] são tão
ou mais responsáveis do que elas.
(…)
Este
governo e o que o precedeu são responsáveis por, após o desastre de 2017, terem
feito aproximadamente nada.
(…)
As
zonas que arderam em 2017 têm hoje uma carga combustível ainda maior, com o
eucaliptal a rebentar em força nas áreas em que ardeu.
(…)
A
aliança celuloses-Governo já decidiu que Portugal pode arder.
João Camargo, “Público” (sem link)
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