(…)
O país
tem andado perigosamente distraído da gravidade do destrambelho sobre o uso dos
nossos dados pessoais.
(…)
A
verdade é que, sem darmos conta, com a maior das facilidades, damos o nome, o
número de cartão de cidadão, a morada, o contacto e sei lá mais o quê.
(…)
A
quase totalidade de nós acha que os dados pessoais são uma simples informação sem
relevo especial e que a sua partilha não tem mal algum – mas tem.
(…)
É com
os nossos dados que trabalha a política de vigilância generalizada e é com os
nossos dados que trabalha o mercado agressivo.
(…)
Sabe-se
o que dizem, o que escrevem, o que ouvem e veem, com quem falam, para onde
viajam, o que comem, a que deus oram.
(…)
[Para
os mercados] os cidadãos são consumidores a orientar, como rebanho, para os
bens e serviços a vender.
(…)
A
proteção dos dados pessoais é, hoje, um campo de confronto político de alta
intensidade.
(…)
As
lutas ela salvaguarda da privacidade e por uma Administração Pública ativamente
comprometida com a proteção dos dados pessoais dos cidadãos não são lutas
contra o progresso.
José Manuel Pureza, “Visão” (sem link)
Quem deve milhares de euros ao banco tem um problema. Se deve
milhões é o banco que o tem. Se deve centenas de milhões ao banco público e ao
privado que está a ser pago pelos contribuintes o problema é nosso.
(…)
Do assalto ao BCP, em 2007, à renegociação do novo acordo em torno
da Coleção Berardo, em 2016, passando por decisões de comissários socratistas
na banca, há incompetências, cumplicidades e crimes de agentes políticos que
acabarão por ser julgados.
(…)
Agora, são os subalternos que fazem os jogos das velhas famílias.
(…)
A política, como o dinheiro, ergue e destrói coisas boas e más. E
se foi ela que ajudou Berardo a safar-se, foi ela que o ajudou a tramar-se.
(…)
Mas os que contribuíram para o tramar têm nomes: Mariana Mortágua,
Cecília Meireles e Duarte Marques.
(…)
E não esteve lá, porque nunca está onde se trabalha, o deputado
que depois veio falar da “limpeza” do país. Esse só aparece para apanhar as
canas.
(…)
O que tramou Berardo foi ser um espalha-brasas.
(…)
Quando o atrevimento vem de um devedor em queda, o malandro deixa
de ter graça.
(…)
Lá se vai o mito do self-made man quando se sabe com quantas
golpadas se pode fazer uma fortuna.
(…)
Esta história nada inédita do nosso capitalismo sem capital só
chega à justiça porque a crise financeira e a falência do BES destaparam as
vergonhas nacionais.
(…)
Foi a boçalidade de Berardo no Parlamento que tornou o assalto
intolerável e a estadia na prisão mais provável.
Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)
A crise financeira, a crise pandémica e a crise climática
imbricam-se nestas duas décadas e continuarão a determinar a nossa vida dura e
duradouramente.
(…)
Entre muitas mudanças, uma coisa que se alterou profundamente foi
a relação pública aos espaços verdes urbanos.
(…)
Em simultâneo, as políticas públicas, sobretudo por impulso
comunitário, revalorizaram estes espaços, que o público estava a revalorizar
também.
(…)
A cidadania ganhou desenvoltura e a necessidade aguçou a atenção e
mesmo a inspeção ao destino que é dado aos bens públicos urbanos. E assim têm
surgido vários movimentos cívicos um pouco por todo o país.
(…)
A procura dos espaços verdes urbanos pela população e as políticas
públicas para a sua conservação e reabilitação irão seguramente reforçar-se.
(…)
Não é possível considerar que estes espaços têm de ser todos
transformados em lugares frenéticos de recreio público, inundados de
esplanadas, restaurantes, cafetarias, ecrãs, animação, etc.
(…)
Dos espaços verdes faz parte a sua atmosfera de silêncio e paz, a
qual, nalguns casos, é um dado vital da sua história e identidade.
Luísa Schmidt, “Expresso” (sem link)
Há dois meses, Odemira era o tema do ciclo
noticioso e o foco central da gestão da pandemia.
(…)
O olhar crítico sobre o concelho deveria focar-se no que é
particular da região: a forma como a expansão descontrolada da agricultura
intensiva ameaça a sustentabilidade do território.
(…)
A área metropolitana [de Lisboa] pode bem ser uma gigantesca
Odemira, uma região na qual coexistem todas as dinâmicas negativas que foram
anunciadas no litoral alentejano, mesmo que não presentes em toda a sua
extensão.
(…)
Se procuram uma explicação para o que se repete na região de
Lisboa a cada nova vaga da pandemia, devem procurá-la na confluência de níveis
elevados de precariedade laboral (…) com condições de habitação frágeis e de
escassa salubridade, potenciada por enorme mobilidade entre concelhos.
(…)
Alguém acredita que a população migrante, muita dela que nem
sequer domina o português, chega a ser testada e rastreada pela saúde pública
numa área metropolitana?
(…)
É nos territórios desiguais que o vírus encontra terreno fértil.
Pedro Adão e Silva, “Expresso” (sem link)
Caro Joe Berardo, processe-me: chamo a isto uma fraude de
colarinho branco, foi mesmo aldrabice que andaram a fazer naquela instituição,
já estou farto das mentiras
(…)
Outra coisa nunca vista, um advogado, caramba, um advogado detido,
como é possível?
(…)
Só é possível se os indícios forem fortes e só é possível porque é
a Caixa que está nisto, é o Estado o lesado.
(…)
Santos Ferreira trabalhou a vida toda no sistema financeiro, já
levava anos de banca no grupo Champalimaud quando chegou à Caixa.
(…)
Mas então e Armando Vara, que banqueiro nunca fora até lhe ser
entregue aquele poder na Caixa e no BCP?
(…)
Até 2016, a Caixa teve mais administrações que terão de explicar
se defenderam os interesses do banco.
(…)
Não foi só o Ministério Público que acordou em 2019, foi a Caixa
depois de 2016, após a entrada de Paulo Macedo.
Pedro Santos Guerreiro, “Expresso” (sem link)
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