A entrevista
de António Costa ao Expresso não é de quem pretende andar por aqui depois de
2023.
(…)
Sei
que arrisco, mas a sensação é que Costa vai meter os papéis para a reforma
daqui a dois anos.
(…)
Depois
deste congresso em que (sintomaticamente) a sucessão é o principal tema
mediático, o ciclo vai mudar.
(…)
Tudo
se encaminha para uma aparatosa derrota autárquica de Rui Rio.
(…)
Esta
mudança pressionará a esquerda a renovar-se.
(…)
Costa
desejou tudo para não ter Pedro Nuno Santos.
(…)
[Depois
de Costa sair] as suas preferências são irrelevantes.
(…)
O que
[Costa] podia fazer contra o seu mais provável sucessor já fez: dar-lhe a
bomba-relógio da TAP.
(…)
António
Costa foi o último da sua geração.
Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)
[Eles]
tentaram amnistiar autarcas do risco de perderem mandatos em processos
judiciais.
(…)
Tentaram-no,
sem esconder, PS, PCP + PEV, que aprovaram a grosseria de fininho no Parlamento
e acreditaram mesmo que a coisa ia passar.
(…)
O
descaramento (…) foi tão grande que foi feito à medida de cinco autarcas do PS
e de um do PCP, que têm processos na Inspeção-Geral de Finanças.
(…)
Se a
democracia é usada para aprovar leis com beneficiários concretos e efeitos
retroativos, então é golpada.
(…)
Ninguém
pode ser libertado de um processo judicial sem decisão final de quem investiga
ou julga.
(…)
A
golpada não passou desta, porque Marcelo Rebelo de Sousa vetou o diploma, mas
pode passar na próxima, porque o diploma voltará à Assembleia.
(…)
O
Presidente já terá feito a parte dele, restará a opinião pública fazer a sua.
Pedro Santos Guerreiro, “Expresso” (sem link)
A pandemia expôs a fragilidade de muitas
relações e vínculos de trabalho, a violência das precariedades e as injustiças
a elas associadas, que tanto sacrificam os jovens, e trouxe novos desafios à
economia.
(…)
O "momento de recuperação
económica" é tempo de articular a melhoria do perfil da economia com
transformações qualitativas no emprego, na legislação do trabalho, no reforço
da proteção social.
(…)
Todavia, a Agenda proposta pelo Governo
passa-lhe ao lado.
(…)
O conceito de Trabalho Digno tem no
respeito da lei e na valorização do Direito do Trabalho pressupostos
fundamentais.
(…)
A proliferação de regimes de exceção e de
estatutos específicos (…) colocam o Direito do Trabalho a correr atrás de
prejuízos e cada vez mais submetido a modelos organizacionais subversivos.
(…)
Mais qualidade de emprego e melhores
salários para os jovens serão pura ilusão se continuar o parasitismo associado
a prestações de trabalho temporário, a processos diversos de outsourcing e aos
esquemas de falso trabalho independente.
(…)
Há que atacar as causas estruturais com
empenho para evitar o envelhecimento acelerado, mais desigualdades e pobreza.
Carvalho da Silva, “JN
Não é
a primeira vez que o noticiário da televisão pública serve de plataforma para
as aleivosias do patrão da Ryanair.
(…)
Na sua mais recente conferência de imprensa, o patrão
da Ryanair disparou mais uma diatribe contra a TAP, e o noticiário
deu-lhe todo o espaço, sem sequer fazer um contraditório credível.
(…)
São feitas afirmações arbitrárias e de má-fé que rondam
terrorismo informativo e que são apresentadas sem qualquer contraditório.
(…)
Deixar
que o empresário diga isto [que disse] sem contraditório é indicar
subliminarmente que quem redigiu o noticiário talvez não discorde da ideia.
(…)
O
patrão da Ryanair está livre de expressar as suas aleivosias, e certamente
assim tem procedido noutros contextos, mas duvido que em algum outro país tenha
encontrado uma caixa de ressonância tão amplificadora como na televisão pública
portuguesa.
(…)
A
ideia que este senhor quis transmitir através da televisão paga por nós é que
os portugueses vivem numa república das bananas.
(…)
Quem
observou com atenção o modo como foram organizados e conduzidos os últimos
debates presidenciais não pode ter deixado de suspeitar, com gosto ou amargura
(…) que poderá ter havido certo enviesamento a favor de forças políticas de
direita ou mesmo de extrema-direita.
Boaventura Sousa Santos, “Público” (sem link)
A
movimentação de peças norte-americana no xadrez afegão da Guerra Fria resultou
agora no rápido xeque-mate de Cabul: o monstro devora o seu criador.
(…)
O
Governo afegão de 1978 defendia um Estado secular e o direito à manifestação
pacífica, ao julgamento justo, à liberdade de expressão e à propriedade
privada.
(…)
Mas na
Guerra Fria dos anos 1970, importava menos um país individual que o equilíbrio
de influência mundial entre os Estados Unidos e a União Soviética.
(…)
O
orçamento da Polícia Nacional colombiana incluía para este ano a compra de 720
Bíblias por 36 milhões de pesos (7900 euros).
(…)
A
ideia de um Estado que se diz laico a promover o proselitismo dentro das suas
forças policiais pareceu a muita gente como desadequado.
(…)
É a
mesma polícia colombiana que investiu este ano com sanha contra as
manifestações pacíficas, com denúncias de uso desproporcional da força,
condenação internacional generalizada.
(…)
O
cardeal Blase Cupich, arcebispo de Chicago e um grande defensor do Papa
Francisco, é contrário ao catolicismo baseado em guerras culturais, mas está
preocupado com a juventude norte-americana que se afasta da religião e da
política.
(…)
A
visão pluralista da religião de Cupich, como a de Francisco, parece o
multilateralismo promovido pelas Nações Unidas, soa bem nas palavras, mas traz
poucas consequências práticas.
António Rodrigues, “Público” (sem link)
Fenómenos destes [chuva no ponto mais alto da calota polar da
Gronelândia], com consequências globais gravíssimas, pouco ou nada são
noticiados, particularmente nos ditos telejornais.
(…)
Mas os governantes mundiais não fazem nada para travar, ao menos um pouco, as
causas das acções antrópicas que provocam a actual “alteração climática” com o
consequente “aquecimento global”.
(…)
Há uma
tremenda irresponsabilidade e falta de ética dos políticos e governantes
(mundiais e nacionais) de que são exemplos, os sucessivos falhanços das cimeiras internacionais sobre
o ambiente.
(…)
A
partir da década de 90, como já se tinham realizado muitas dessas infrutíferas
conferências, com variada e pomposa nomenclatura, passaram a utilizar siglas,
como, por exemplo a ECO-92.
(…)
Eu não
acredito que desta COP-26 resulte qualquer acordo ou normativa que tenha a
mínima eficácia em travar um pouco a velocidade das alterações climáticas, com o
consequente aquecimento global, já irreversível.
Jorge Paiva, “Público” (sem link)