(…)
Como
na Pérsia de Reza Pahlavi ou na Turquia de Atatürk, apoiadas pelo Ocidente, a
secularização foi forçada e repressiva. E as mulheres ganharam com ela.
(…)
No
início dos anos 80, um cartaz da norte-americana Afghan Freedom Figherts Fund
pedia apoio financeiro ao “corajoso povo do Afeganistão no seu combate pela
liberdade contra a agressão e ocupação soviéticas”.
(…)
A
resistência “pró-ocidental” [no Afeganistão] incluía fanáticos estrangeiros
como Bin Laden.
(…)
E ali
nasceu a Al-Qaeda (e do caos posterior, os talibãs), graças ao apoio da CIA e
da ISI paquistanesa. Sabiam bem que monstro alimentavam.
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Nos
quatro anos entre a queda do regime comunista e a chegada dos talibãs ao poder
as mulheres foram logo perdendo direitos.
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20
anos de ocupação [ocidental] não travaram o islamismo radical e o terrorismo,
que não parou de crescer até 2014.
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Até a produção
de droga disparou.
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Como é
que 20 anos de proteção ocidental não produziram qualquer resistência ao
regresso da tresloucada barbárie talibã? Sem responder a isto nunca se
perceberá o erro cometido.
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Duas
décadas depois da aventura no Afeganistão e no Iraque, a propaganda do papel
civilizador do império benigno ainda rende.
(…)
E para disfarçarem as responsabilidades
deste fracasso, pintam de humanitária e feminista uma ocupação que sempre foi
imperial.
Daniel Oliveira,
“Expresso” (sem link)
A TAP está a transformar-se no maior
problema político do Governo.
(…)
Pelo custo fiscal, pela incerteza quanto
à salvação, pela subordinação a Bruxelas — e pelos cortes nos trabalhadores que
falta saber.
(…)
Este [Governo] cometeu um erro grave, o
de fazer compromissos que não pode garantir.
(…)
Entretanto, desde o início da pandemia,
1700 contratados a prazo foram descontratados no prazo e centenas assinaram
rescisões amigáveis.
(…)
Haverá mais rescisões? Um despedimento
coletivo? Os acordos de empresa terão de ser cerceados? A questão não é “se”, é
quanto. Ou quantos.
(…)
A TAP perderá slots, mas sobretudo
poderá ter de cortar mais algumas centenas de milhões de custos para equilibrar
o esforço da empresa com o do Estado.
(…)
A demissão no sindicato de pilotos da
TAP só adiou a ameaça de greve.
Pedro Santos
Guerreiro, “Expresso” (sem link)
A grande maioria de nós compreende que
as vacinas são a melhor ferramenta que temos para sair desta pandemia.
(…)
Em países onde o nível de cobertura
vacinal é elevado, como é o caso português, o resultado das vacinas é real.
(…)
Quando uma pandemia deixa de ser uma
ameaça grave à vida nos países mais ricos, a urgência diminui e as prioridades
alteram-se.
(…)
Temos de nos questionar quando hoje
falamos num reforço imediato da vacina (a chamada 3ª dose) ou em vacinar os
mais jovens, enquanto a cobertura de vacinação continua inexistente nos países
de baixo rendimento.
(…)
A verdade é que quando nós próprios não
conseguimos sair do círculo vicioso de nós e mais nós e sempre nós e só muito
depois talvez (e por caridade) o resto do mundo, o que esperar daqueles que são
eleitos por nós?
Maria Manuel
Mota, “Expresso” (sem link)
O que se consumou por
estes dias no Afeganistão, (…), foi uma enorme e humilhante derrota política
dos Estados Unidos da América.
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Durante vinte anos foi
possível manter em Cabul um governo apoiado na força das armas, que ainda assim
tomou medidas justas.
(…)
O regime, de facto,
jamais teve autonomia, sempre mergulhado na corrupção e na instabilidade.
(…)
Os seus tutores
justificavam agora a presença, já não pela necessidade de represálias e de
prevenção, mas pelo desejo de impor uma ordem política artificial, avessa à
história, à sociedade e à cultura afegãs.
(…)
Ao reconhecer agora não
se poder impor um modelo de sociedade a quem o não deseje, o próprio Joe Biden
assinou por baixo a certidão de óbito do regime, cuja morte Trump determinara
já quando decidiu retirar.
(…)
Adivinha-se inevitável
uma regressão dos direitos políticos e sociais dos afegãos, em particular os
das mulheres, bem como o regresso à cultura das trevas determinada pela leitura
rigorista do Alcorão e das normas da «sharia».
(…)
Forma alguma de
emancipação se obtém com invasões destinadas a impor um modelo de sociedade,
mas também não pode conseguir-se abandonando aqueles que nela acreditaram às
mãos dos seus algozes.
(…)
[Russos e chineses] não
estão ali para defender o pluralismo, sustentar direitos ou ajudar as mulheres
e os homens do Afeganistão.
Rui Bebiano, “Diário as beiras”
Costuma dizer-se que o Afeganistão é um cemitério de impérios, quando na verdade é
apenas a vala comum onde os sonhos vão a enterrar anonimamente.
(…)
Os landay são uma forma tradicional de poesia no Afeganistão, sobretudo
dos pashtun, a etnia maioritária.
(…)
Em pashtun, landay quer dizer pequena cobra venenosa, o que define bem este
curto poema, normalmente carregado de sarcasmo.
(…)
Para as mulheres,
muitas vezes roubadas à escola, os landay serviram e servem de grito de revolta.
António
Rodrigues, “Público” (sem
link)
Nestes dias de ira totalitária
disfarçada de alguma candura, os taliban já mandam no Afeganistão e irão impor
ao país que se reze cinco vezes. André, segundo o Facebook do Chega de Vila
Real, reza todo o dia. Amen.
Domingos Lopes, “Público” (sem
link)
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