(…)
[No Afeganistão] um regime imposto pelos
ocupantes, uma elite governante envolvida em mega-esquemas de corrupção, terá
feito nascer a pergunta: “Para quê lutar?”.
(…)
[No Afeganistão] falhou
compreender o essencial, esta não era uma guerra dos afegãos, era dos EUA e da
NATO.
(…)
Qual o
balanço dos que fizeram a guerra em nome do combate ao terrorismo e cujo
resultado foi a proliferação dos grupos terroristas, como o Daesh?
(…)
O negócio da guerra foi um falhanço para os
povos de todo o mundo.
(…)
Do
lado da China, estão em mira os enormes recursos naturais do Afeganistão, com
boas reservas de ferro, cobre e ouro e um dos maiores depósitos inexplorados de
lítio do mundo.
(…)
Nenhuma destas potências [Paquistão, China e
Rússia] perde o sono com o desrespeito
pelos direitos humanos – o saque do país não trará problemas de consciência,
mesmo que mantenha o povo afegão na penúria.
(…)
Antes que seja tarde demais é urgente não
falhar novamente ao povo afegão.
Pedro Filipe Soares, “Público” (sem link)
Portugal continua a ser dos países europeus em que
os cidadãos mais dificuldade têm para fazer férias.
(…)
Este setor e o imobiliário
pesam muito na economia e têm marcado a evolução do seu perfil, em vários
aspetos negativamente.
(…)
O crescimento do setor
exige análise de dinâmicas que o turismo e atividades conexas sofreram à escala
europeia e até global, mas é preciso situar bem a sua evolução no plano nacional.
(…)
É um facto que o turismo
deu um contributo significativo para a criação de emprego e para o crescimento
económico a partir de 2014.
(…)
[O turismo] passou a ser
referenciado pelos empresários e governantes como importante setor exportador.
(…)
Portugal é, assim, um país
com uma "internacionalização sitiada e frágil" e com excesso de
terciarização, sendo as atividades de menor produtividade do trabalho e
não-deslocalizáveis aquelas que tiveram maiores taxas de crescimento.
(…)
Se a nossa especialização
assentar no turismo e no imobiliário voltamos ao mesmo, porventura agravado:
baixas qualificações, baixos salários, muita precariedade, desertificação e
emigração.
O despacho que vem
clarificar e dar força de lei à lista dos alimentos que não podem fazer parte
da oferta alimentar nos bares das escolas, algo que já está sugerido como
recomendação há quase uma década.
(…)
À boleia da ementa, a
trincheira da direita liberal quis transformar os bares das escolas numa aula
de economia política.
(…)
A ideia de uma escola onde
se ensina algo que é imediatamente contrariado à saída da sala de aula é a
negação da validade da aprendizagem.
(…)
A promoção de hábitos de
vida saudável não se faz apenas e só pela proibição.
(…)
Para os que entendem que se
compra fora da escola o que não se encontra lá dentro, aconselha-se a luta pela
colocação de máquinas de tabaco à porta das bibliotecas escolares.
Tudo o
que pode ser feito para melhorar o nosso sistema de ensino é conhecido.
(…)
As
decisões deste Governo têm ignorado o conhecimento que a investigação em
Epistemologia e Educação tem proporcionado.
(…)
Há
seis anos que venho mostrando nesta coluna os sinais do sistema dominante, uma
espécie de distopia pedagógica paranóica, que nos vai afastando dos resultados
médios da OCDE.
(…)
[A psicologia cognitiva concluiu] há
muito, que só conhecimento gera conhecimento e que para entender e assimilar
conhecimento novo é necessário possuir-se conhecimento anterior, que vincule a
aquisição do novo.
(…)
[Está demonstrada] a importância do
conhecimento acumulado pela memória de longo prazo na resolução de novos
problemas.
(…)
Não é procurando que os alunos actuem como
cientistas nas aulas que os preparamos para serem cientistas no futuro.
(…)
A
produção científica disponível mostra que é aprendendo por ensino directo,
feito pelos professores, que não por metodologias de descoberta, que se obtêm
os melhores resultados.
(…)
[Há
que] elevar a Educação a prioridade política, do pré-escolar ao superior,
passando pelo básico e secundário.
(…)
[Há
que] Proceder à reformulação
integral do plano de estudos do ensino obrigatório e dos respectivos conteúdos
disciplinares.
(…)
É inaceitável que muitas crianças cheguem a
permanecer na escola dez horas por dia.
(…)
Importa por isso avaliar o impacto que essa
permanência significa no desenvolvimento das crianças.
(…)
[Há
que] Valorizar a autoridade do professor.
(…)
[Há
que] operar a revisão do estatuto da carreira docente, particularmente para
remover os constrangimentos injustos de progressão e desenhar um novo modelo de
avaliação do desempenho. Abolir a classificação do desempenho, entre pares,
dentro da escola.
(…)
[Há
que] Pôr fim à instabilidade e à precaridade da profissão docente,
designadamente pela estabilização dos quadros, alteração dos mecanismos de
concursos e vinculação de contratados.
(…)
[Há
que] Reduzir o número de alunos por turma e definir o máximo de alunos por
professor.
(…)
[Há
que] Proceder à revisão do modelo
de gestão dos estabelecimentos de ensino, recuperando a sua democraticidade.
(…)
A agregação de escolas foi uma das medidas de
maior impacto negativo no funcionamento do sistema.
(…)
Reconhecer que as escolas carecem de apoios
diferentes, em função dos contextos diferentes em que operam.
Santana Castilho, “Público”
(sem link)
A Casa Branca não tem capacidade de impor o seu domínio militar em
todos os lugares do mundo.
(…)
Estas operações [no Iraque e no Afeganistão] começaram mal,
continuaram pior e acabaram como tinham que acabar.
(…)
Trump assinou com os talibãs o acordo para a saída das tropas, em
fevereiro de 2020, na presença da Índia, China e Paquistão.
(…)
Um dos mistérios da ocupação é que, ao longo dos 20 anos, o
Afeganistão reforçou a sua posição como o maior produtor de ópio (…), gerando
90% da colheita mundial.
(…)
Com a ocupação da NATO, tornou-se um sucesso, tendo mais do que
triplicado a área utilizada para o ópio.
(…)
Este negócio tem rendido por ano cerca de 200 milhões de dólares
aos talibãs, que controlam parte da área cultivada, mas seria incompreensível
sem a conivência do exército ocupante.
(…)
A ocupação era uma estratégia condenada, a produção de droga
aumentou, um exército gigante colapsou, nada parece fazer sentido no
Afeganistão.
Francisco Louçã, “Expresso” Economia (sem link)
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