(…)
Não
sei se também é efeito das alterações climáticas e consequência deste inverno
mais seco, mas parece que a silly
season já chegou.
(…)
[A comunicação social] não foi parca no
palco que lhe deu sobre um tema que não tem a mínima importância para a vida
das pessoas.
(…)
Dar espaço mediático à extrema-direita não é um serviço à
democracia, bem pelo contrário.
(…)
E porque é que este tema é uma encenação e não um verdadeiro
assunto?
(…)
Cada candidato tem de passar no sufrágio democrático e
conseguir uma maioria parlamentar de apoio.
(…)
Esta [república]
que temos ainda não é a república das bananas, pelo que [Ventura] não pode
ganhar na secretaria aquilo que não consegue na urna.
(…)
Mas, convém insistir neste ponto, isto foi só uma forma de
Chega chamar a atenção.
(…)
Ventura
sabe que nenhum candidato que possa apresentar chegará a vice-presidente da AR
porque os valores da tolerância, dos direitos humanos, do humanismo e da
democracia não são representados pelo seu partido.
(…)
Todo este circo que durou mais de uma semana só foi possível
porque o PS o permitiu.
(…)
António
Costa garantia não chamar o Chega para qualquer reunião ao mesmo tempo que se
criava um tabu sobre a participação da extrema-direita na composição da Mesa da
AR.
Pedro Filipe Soares, “Público” (sem link)
[O
livro do jornalista do “New York Times”, Peter Goodman], conclui que a fortuna
dos bilionários (os que detêm um património de mais de mil milhões de dólares]
cresceu 3,9 biliões.
(…)
Foi um
triunfo, explicaram os beneficiários. E a razão é transparente, acrescenta
Goodman, a desgraça é um bom negócio.
(…)
O
relatório anual da Oxfam, publicado na mesma semana, regista mais uma vez a
evolução da desigualdade e, como Goodman fez as contas.
(…)
Durante
a pandemia os 10 homens mais ricos do planeta duplicaram a sua fortuna, detendo
agora mais do que a soma dos rendimentos de três mil milhões de pessoas.
(…)
Se
estes heróis amontoassem as suas fortunas em notas de dólar, a pilha chegaria a
meio caminho entre a terra e a Lua.
(…)
[Os
liberais] creem que os ditos terão alcançado tais resultados graças ao suor do
rosto, que não foi por causa da produção ou comércio que estas fortunas
cresceram (…), mas sim em consequência da valorização de patrimónios
financeiros, ou seja, dito em bom português, da especulação.
(…)
Afirma
o relatório [da Oxfam] que havia, em 2020, 696 bilionários norte-americanos,
177 indianos, 141 alemães, 134 britânicos, 100 suíços, 85 russos. E 1058
chineses, o maior contingente, um aprova de vitória.
(…)
O Índice
de Gini, que mede a desigualdade dos rendimentos, é de 0,41 no caso dos EUA,
0,385 no da China, segundo o Banco Mundial.
(…)
Um
estudo de Peketty, Yang e Zucman, publicado em julho de 2019 na “American
Economic Review, calculava que, se em 1978 os 10% [dos chineses ] mais ricos do
país detinham 27% do rendimento, tanto quanto os 50% mais pobres, a balança se
desequilibrou para 41% a 15% em 2015, agravando-se depois.
(…)
Esta
desigualdade replica o modelo de distribuição desigual dos EUA nas suas três causas
fundamentais: a concentração do capital (…) a captação de fluxos de rehdimentos
por uma elite fechada, e a transmissão intergeracional dessas vantagens.
(…)
A concentração
da riqueza [na China] arrastada pelo sucesso de grandes empresas e do mercado
financeiro, garantiu que os bilionários chineses sejam a turma maior no
campeonato planetário.
Francisco Louçã, “Expresso” Economia (sem link)
A Assembleia da República (AR) já tem
todos os deputados dados como eleitos mas alguns deles não se sentam nem se
sentem confortáveis com os assentos a atribuir.
(…)
A forma como o CH gosta e consegue gerir
o jogo político, fazendo da táctica do confronto e da vitimização o cerne do
próprio sistema do seu jogo.
(…)
Um partido [o Chega] que, dizendo querer
fazer "tremer o sistema", não consegue passar um segundo sem alinhar
com ele.
(…)
Materialmente, o CH faz parte do pior que
o sistema tem e permite.
(…)
É no campo da contradição que o CH
disputa uma coisa e o seu contrário.
(…)
A IL faz mesmo questão de se mostrar como
algo que não é, recusando o círculo ideológico onde inevitavelmente se insere,
como qualquer outro partido.
(…)
A IL pertence ao centro, mas ao centro da
Direita, entre o PSD e o CH.
(…)
Percebe-se que não se sinta confortável
(é até apreciável que não se sinta) ao lado do CH, ao qual não é de todo
comparável.
(…)
Mas as coisas são o que são e esta
reivindicação é tão táctica e inconsequente como a insistência do CH na
vice-presidência da AR.
Muitos fascistas foram convertidos [pelo CDS] em democratas
contrariados, mas inofensivos.
(…)
[O CDS] era o último apeadeiro onde desembarcava quem
não tinha mais direita para onde ir.
(…)
Mesmo tendo tido na cúpula do PPD alguns opositores ao Estado
Novo, a nossa direita é filha da transição da ditadura, onde está o seu berço,
para a democracia, onde teve de se reinventar.
(…)
A total indefinição ideológica do PSD tem a mesma origem do
permanente transformismo do CDS, que já foi europeísta e eurocético, populista
e conservador, democrata-cristão e liberal.
(…)
A direita que sempre tivemos regressou, com menos delicadeza
e maneiras.
Daniel Oliveira, “Expresso” Diário
Sem comentários:
Enviar um comentário