(…)
Muitos
jornalistas limitam-se a produzir conteúdos, como hoje se diz, para cumprirem
essa função.
(…)
[Os
deputados do Chega] são, como uma tragédia ou tudo o que polariza, um produto
com boas audiências.
(…)
Numa
semana, a CNN teve um terço do grupo parlamentar no estúdio.
(…)
[A
comunicação social] é condição para a democracia, mas não a garante.
(…)
A extrema-direita
portuguesa foi criada nos estúdios de televisão, alimentada nos civlos
noticiosos de 24 horas e continuará a engordar em antena.
(…)
Dirigentes
do IL e colunistas que navegam nas águas da direita saltaram para a [polémica
em torno da candidatura de Pacheco de Amorim à vice-presidência da AR] com
entusiasmo.
(…)
Se o
sei candidato for recusado, o Chega terá de respeitar o resultado.
(…)
Ninguém
pode obrigar democratas a votar em racistas para não os aborrecer.
(…)
Racista
e xenófobos não se tornam menos racistas e xenófobos quando os normalizamos,
normalizam o racismo e a xenofobia.
(…)
Na
campanha, mal as sondagens o assustaram, [Costa] usou a cartada do Chega.
(…)
O
Chega é a forma de manter vivo o perigo da direita e agregar a esquerda
enquanto se governa no centro vazio.
Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)
São,
cada vez menos os “independentes” disponíveis para governar.
(…)
Enquanto
isso, a política vai sendo progressivamente vista como uma atividade menor.
(…)
As competências
necessárias para investigar e ensinar estão bem longe do que é necessário para
planear e executar políticas.
(…)
Não faltam
exemplos de académicos que deram bons ministros, mas o currículo académico está
lnge de preparar para a governação.
(…)
A
governação tem, de facto, estado a viver um longo interregno.
(…)
Num
país que tanto gosta de repetir, como um mantra, “isto só em Portugal”, pois só
mesmo entre nós é que se valoriza tanto a governação por não-políticos.
(…)
Uma
maioria absoluta também deve servir para contrariar ideias feitas.
Pedro Adão e Silva, “Expresso” (sem link)
Com a fixação do salário mínimo nacional
(SMN) em 705 euros brutos, a partir do passado dia 1 de janeiro, perspetiva-se
que um milhão e duzentos mil trabalhadores (…) estão abrangidos pelo SMN.
(…)
Quase um em cada três dos homens e
mulheres que trabalham no nosso país ganham muito pouco, por vício ou falta de
informação.
(…)
Em alguns setores e regiões há falta de
trabalhadores e de formações muito concretas, nomeadamente de profissões que
foram ostracizadas num contexto de desvalorização salarial.
(…)
[Dito por dirigentes patronais é que] o
perfil da nossa economia, talhado pelas suas opções empresariais, continuará a
ser de baixo valor acrescentado e baixa produtividade.
(…)
Não querem "alterar salários por
decreto", mas não se apresentam no "campo do jogo" da negociação
coletiva nas empresas e nos setores de atividade, nem aceitam poderes sindicais
em pé de igualdade com os seus.
(…)
As apostas da CNCP no crescimento pelo
aumento da produtividade, as preocupações com as qualificações e "captação
de talentos" tendem a não passar de floreados.
Quem vive lá fora existe única e exclusivamente para as
remessas e para voltar no Verão.
(…)
E sim, nos primeiros anos da diáspora íamos de propósito a
Portugal só para votar.
(…)
Mas
vale a pena. Vale a pena ter a certeza de que a nossa vontade mais esta maneira
de pensar contam. E por isso talvez volte a voar só para votar.
(…)
Até
lá? Até lá continuamos a brincar às eleições.
Até lá continuamos a brincar com os eleitores. E a desrespeitar a democracia.
João André Costa, “Público” (sem link)
O PS
coloca, assim, uma área de 1495 quilómetros quadrados e as suas gentes à venda,
num golpe que relembra a assinatura dos 14 contratos de concessão mineira, um dia
após o chumbo do Orçamento de Estado.
(…)
Uma
vez mais, o PS aprova estes projectos demonstrando total desprezo pelas
vontades das comunidades locais, que se têm mobilizado nas ruas e se serviram
dos mecanismos estatais para ampliar as suas vozes.
(…)
O
governo, ao desdenhar por completo esta “consulta pública”, demonstra que este
tipo de instrumentos não passam de uma mera fachada procedimental.
(…)
A
corrida ao minério deste governo não olha a meios nem a fins: ignora os gritos
das populações, que serão directamente impactadas pelos mega projectos aos
quais se opõem.
(…)
O
avanço do PPP de Lítio é uma má notícia para todas as pessoas que se preocupam
com o futuro do país e do planeta.
(…)
Como
nos mostra o Mapa do Minério, a
corrida extractivista não se cinge ao lítio nem para por aqui: quase um quarto
de Portugal está ameaçado por esta devassa ambiental.
(…)
Perante
a falta de transparência do governo e da sua indiferença pelas comunidades
locais, urge apoiar estas populações, mobilizando-nos pela defesa dos
territórios.
(…)
Agora,
mais do que nunca, é imperativo travar as acções destrutivas de quem nos
governa e apoiar as populações em luta pela vida.
Mariana Riquito, “Público” (sem link)
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