(…)
Não se
percebe como é que o subsídio social de desemprego, que teve de ser prolongado,
agora acabe e as pessoas fiquem sem nada.
(…)
Temos responsabilidades para com as franjas da
população mais precárias, que ficaram sem emprego e que ficam ocultas das
estatísticas.
(…)
As
mulheres precárias de famílias monoparentais são as principais vítimas dessa
situação e é inaceitável que o Governo não prolongue o subsídio social de
desemprego e lhes diga que a culpa é do Orçamento do Estado (OE).
(…)
É o Governo não querer responder.
(…)
O Governo tem margem para o aumento
extraordinário das pensões porque já houve o ano passado.
(…)
Há
também matérias que estão na gaveta do ministro das Finanças para despachar. É
o caso de contratações
no Serviço Nacional de Saúde ou de autorizações para se comprar equipamento.
(…)
O Governo continua sentado em cima do dinheiro
sem o gastar e fará um novo brilharete
de défice.
(…)
Ao
mesmo tempo, já sabendo que o Parlamento ia ser dissolvido, o Governo foi capaz
de assinar contratos de prospecção de lítio.
(…)
Quando
falamos dos grandes interesses económicos, o Governo parece não se sentir em
gestão, quando falamos de apoios sociais aos mais frágeis de todos ou de
urgências do SNS, o Governo já está em gestão e acha que não pode fazer nada.
(…)
A
concertação social foi sempre utilizada como um veto dos patrões aos avanços
laborais, mas na verdade o PS já o usava antes.
(…)
[O PS]
sempre se sentiu confortável com
esse veto patronal.
(…)
Sabemos
das tentações das maiorias absolutas e da enorme promiscuidade entre o poder
económico e político, das tentações de ocupar o aparelho de Estado com o
partido.
(…)
[Combater a extrema-direita] é também propor um
modelo de economia que não tenha as desigualdades que este tem.
(…)
O BE é
a alternativa que luta por salários com os quais as pessoas possam viver
dignamente, que luta para que ninguém fique meses à espera de ser chamado para
quimioterapia, que luta pela habitação ou pela alternativa climática.
(…)
Seremos
muito intransigentes e não normalizaremos um discurso de extrema-direita que
humilha, que ofende e que agride as minorias ou as mulheres no nosso país.
(…)
O BE
sabia que fazer o acordo em 2015 daria uma oportunidade ao PS, mas fizemo-lo
porque era preciso responder ao país, era preciso travar a direita e a
destruição que traria consigo.
(…)
O pior que podia acontecer à esquerda era
anular o seu mandato para ser um satélite do PS.
(…)
As decisões não são todas fáceis, mas
tomámo-las em colectivo, com um enorme consenso no partido.
(…)
O que acabou por determinar os resultados foi este enorme medo
de uma governação condicionada pela extrema-direita.
(…)
Resta saber aprender, construindo a alternativa
fundamental de combate ao ressentimento e com isso combater a extrema-direita.
(…)
Quando houve reunião da NATO em Portugal
estávamos a manifestarmo-nos contra ela.
(…)
A esquerda perdeu votos para o PS e houve uma
deslocação à direita dos votos.
(…)
Há um ressentimento popular que vai crescendo e
alimenta a extrema-direita.
(…)
[As
pessoas] sentem uma desigualdade social enorme.
(…)
A extrema-direita
é o seguro de vida do centrão.
(…)
Ao
mesmo tempo as políticas do centrão, por não resolverem os problemas enormes
das desigualdades sociais, são o que alimenta o ressentimento e faz crescer a
extrema-direita.
(…)
É
muito importante o trabalho de maiorias sociais para as matérias mais
relevantes.
(…)
O BE
tem responsabilidades para fazer esse caminho e assume-as.
(…)
O
mesmo no campo do trabalho e nas novas formas de precarização.
(…)
[A
deterioração do SNS] é a criação objetiva de um amplo mercado para a saúde
privada que, a prazo, levará o SNS a ter uma resposta residual para os mais
pobres.
Catarina
Martins, entrevista, “Público” (sem link)
Têm
sido apresentadas variadas explicações para o suto inflacionário cuja dimensão,
como Lagarde reconheceu, tem sido surpresa (5,1% na zona euro em janeiro).
(…)
Duas
são conjunturais: haveria um consumo reprimido durante a pandemia (…) e os
engarrafamentos nos sistemas de transporte marítimo a partir da China, cujos
custos quadruplicaram.
(…)
Duas
outras explicações também sublinham razões momentâneas, embora estas se possam
prolongar. É o caso do aumento de alguns preços, como o do petróleo (…) e o
crescimento dos gastos orçamentais em medidas de emergência (…) além de medidas
de expansão monetária, lançando liquidez na economia.
(…)
Qualquer
que seja a opção de curto prazo do BCE, vivemos com dois problemas que se vão
agravar.
(…)
O
primeiro é que, nas próximas décadas, precisaremos de uma nova vaga de
investimento estrutural no contexto da revolução energética.
(…
O
segundo problema são as ameaças geoestratégicas, como o bloqueio dos sistemas
de pagamento interbancários.
(…)
No
entanto, há outro fator inflacionário que não pode ser ignorado, a deterioração
dos preços or empresas que têm poder de mercado.
(…)
O
poder conta mesmo.
(…)
A
McDonald’s, cujos lucros cresceram 59% no ano passado, sobe os preços. O mesmo
faz a Starbucks cujos lucros são mais 31% e outras empresas.
(…)
Assim
sendo, um dos instrumentos eficientes para reduzir a inflação é impor um
controlo de preços a empresas com poder de mercado. Basta os Governos quererem.
Francisco Louçã, “Expresso” Economia (sem link)
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