As sanções não são uma ajuda nem ao povo da
Ucrânia nem contra a guerra. Se o objectivo era ajudar o povo ucraniano o
Ocidente podia suspender a sua dívida pública, mas isso implicaria perdas para
accionistas ocidentais que detêm esses títulos. As sanções não são um
sacrifício idêntico para todos os europeus, como se alega, porque há muitos
europeus que não só mantêm como aumentaram os lucros com a guerra, no campo da
energia, do armamento (electrónica, informática, aço, computação, etc);
especuladores. As sanções servem como medida de expropriação de alguns capitais
russos, antes bem recebidos por empresários ocidentais, que com as sanções
passam a controlar directamente esses capitais. Os preços já tinham disparado
antes da guerra, com o trigo a subir 20%, a inflação já era de 8% nos EUA,
antes da guerra. Não foi a guerra que provocou a crise económica, foi a crise
económica que provou a guerra, uma vez que a deflacção de preços de produção (e
a inflacção dos preços de consumo), dois sintomas das depressões no
capitalismo, tinham começado antes da guerra. A guerra - disputa de matérias
primas, para baixar custos de produção, expropriação de activos, economia de
guerra (transferência de orçamentos da saúde e educação) - é a saída ignóbil e
catastrófica para as crises cíclicas do capitalismo, desde 1914. (Raquel Varela)
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