(…)
Nesta
deriva do discurso está a ser dado um novo passo, e não é pequeno, com a
patologização dos adversários.
(…)
[A
patologização dos adversários] produz um efeito de agregação,
mobilizando uma claque por via do ódio ao inimigo e desumanizando a outra parte.
(…)
É
assim no nosso mundo: tudo o que é simplificado tende a ser multiplicado.
(…)
[A
suposta insanidade mental de Putin] obstaculiza a compreensão dos interesses
que se movem em cada decisão guerreira, tornando-os obscuros e indecifráveis.
(…)
[Também]
desculpabiliza a guerra com essa insanidade, retirando-a do domínio da
racionalidade e até da responsabilidade.
(…)
Em
qualquer caso, a loucura não explica nem esta nem provavelmente nenhuma outra
guerra moderna.
(…)
Estas
guerras [2ª Guerra Mundial ou Guerra Colonial] não foram o resultado de
loucura, antes foram o resultado de cálculos segundo uma motivação estratégica
ou um interesse próprio.
(…)
A
desordem mental não tem qualquer valor explicativo para estas decisões.
Francisco Louçã, “Expresso” Economia (sem link)
É
curioso como a opinião mais solene pode ser tão volátil.
(…)
Merkel
era incensada como a figura europeia do século XXI.
(…)
Agora
é destratada, frequentemente pelos mesmos elogiadores, como uma réplica de
Chamberlain perante Hitler, por ter desenvolvido o projeto da importação de
petróleo e gás russos.
(…)
A
opção de Merkel era racional, não era chamberlainesca...
(…)
Ela
fracassou politicamente, porque a parceria económica com a Rússia, que
organizaria a sua relação europeia, foi atropelada pela ambição invasora.
(…)
Merkel
ficará esquecida num armário.
Francisco Louçã, “Expresso” Economia (sem link)
O primeiro momento de fraqueza de um agressor não se vislumbra sem que se
sinta verdadeiramente acossado.
(…)
Quando os ataques internos aos seus
conselheiros e à elite oligarca russa começam, percebe-se a enorme incomodidade
pela falta de apoio.
(…)
Documentos oficiais revelam que Vladimir
Putin terá sido iludido por sondagens que ele mesmo encomendou.
(…)
No seu último discurso oficial à nação
russa, há dois dias, o líder russo revelou uma face diferente daquela que, até agora,
havia transparecido.
(…)
Por mais que o tente negar, a
"operação cirúrgica de desnazificação da Ucrânia" é mesmo uma guerra
que a Rússia sente que pode perder ou que não conseguirá ganhar sem que com
isso se transforme num pária absoluto.
(…)
[Há os que] asseguram que mais dez dias
de resistência ucraniana serão fatais para as aspirações de Putin.
(…)
Em todas as visões, a palavra fim como
vislumbre.
Estes
três casos [Danijoy, Miguel Cesteiro e Daniel Rodrigues] deixam adivinhar a
violência brutal e violação dos direitos humanos dentro das prisões, a
impunidade desses crimes, o descaso das autoridades por aqueles que tem à sua
guarda, quando não mesmo a obstrução do apuramento da verdade.
(…)
Em
cinco anos, ocorreram 303 mortes nas prisões portuguesas, das quais 66 foram
dadas como suicídio e apenas seis investigadas pela Polícia Judiciária, como
deveria ocorrer com qualquer morte dentro da prisão.
(…)
No contexto europeu, Portugal é, de longe, o país com mais
elevada taxa de mortalidade nas prisões.
(…)
É aquele que apresenta taxas de encarceramento mais elevadas.
(…)
E o terceiro no encarceramento feminino.
(…)
A média do tempo de prisão é das mais longas.
(…)
As
prisões são para gente pobre, negra, cigana e imigrante, gente a quem
historicamente já a sociedade e o Estado falharam no trabalho, habitação,
educação, saúde, justiça, proteção social, etc.
(…)
As pessoas com nacionalidade dos PALOP estão dez vezes mais
sujeitas a ser encarceradas.
(…)
Realmente
inédito na manifestação deste sábado é que famílias negras, ciganas e brancas
pobres tenham encontrado força – interior e coletiva – para se juntarem
reivindicando os seus, os nossos, direitos.
(…)
Quem
lesse o manifesto, atendesse às palavras de ordem escritas e gritadas em frente
ao EPL, olhasse com olhos de ver as pessoas que deram corpo à manifestação,
dar-se-ia conta de um universo político-ideológico diversificado, cujas
propostas deveriam ser noticiadas e publicamente discutidas.
(…)
O
facto de esta confluência de movimentos políticos e forças sociais não merecer
discussão nem interesse nos meios de comunicação social limita-nos.
(…)
Os
bloqueios são muitos, mas o debate sobre as prisões, exatamente porque elas são
centrais e não “marginais” ao funcionamento das nossas sociedades, é
imprescindível.
Cristina Roldão, “Público” (sem link)
De início falávamos dos atrasos nas aprendizagens, provocados
pelas enormes irregularidades verificadas nos dois últimos anos lectivos.
(…)
Porque sem professores não se recuperam aprendizagens e sem
presente nem futuro na carreira não se atraem professores.
(…)
O que devemos esperar da Educação? Que forme homens completos
ou competidores económicos?
(…)
A
tendência da OCDE para estabelecer uma tessitura entre a missão da escola e o
interesse da economia tem promovido a aquisição de competências instrumentais,
mais do que a aquisição do conhecimento.
(…)
Só que
a Educação é arte de pessoas e o seu objectivo é formar pessoas, que não
objectos produtores de lucro.
(…)
Mais
do que mundializar os interesses económicos, deve a Educação mundializar os
direitos fundamentais da pessoa humana.
(…)
Ao aumento generalizado do tempo de escolaridade tem
correspondido um crescimento baixo ou mesmo nulo das aprendizagens dos alunos.
(…)
Os alunos estão na escola, mas aprendem muito pouco.
(…)
Continuaremos
com os governos de António Costa, suprimindo a avaliação séria, manipulando
resultados escolares e promovendo narrativas pedagógicas já derrotadas no
passado como inovações do terceiro milénio.
(…)
A
organização do ensino apelará cada vez mais para a dimensão controladora e cada
vez menos para as dimensões reflexiva, colaborativa, afectiva e relacional.
(…)
[A
digitalização da educação tem contribuído para substituir] o desenvolvimento de pessoas inteiras pelo
desenvolvimento de autómatos.
Santana Castilho, “Público” (sem link)
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