Nas últimas quatro décadas, Portugal tornou-se um país mais desigual. A
fração do rendimento nacional captada pelo 1% do topo – ou seja, a fatia do
bolo destinada aos mais ricos dos mais ricos – subiu de menos de 7% do PIB para
mais de 11%. Ao mesmo tempo, a fração destinada aos 50% da base caiu
significativamente, tendo recuperado ligeiramente durante o período da
“geringonça”.
Os dados do World Inequality Database dão conta de um país onde o
rendimento se concentra no topo. A direita diz que a desigualdade não é um
problema e que o que interessa é “fazer crescer o bolo” para depois o
distribuir. Só que não é isso que a história tem demonstrado: um estudo de três
investigadores do FMI, publicado em 2014, concluiu que os países com níveis de
desigualdade mais elevados cresceram menos do que aqueles que distribuem o
rendimento de forma mais equitativa.
A desigualdade alimenta injustiças sociais e é um entrave ao
desenvolvimento do país. Nas mãos do mercado, a distribuição da riqueza não
acontece: precisamos de medidas para combater as desigualdades, através da
tributação progressiva de todos os tipos de rendimentos (acabando com o
não-englobamento dos ganhos de capital ou prediais), da tributação sobre bens
de luxo ou do combate ao desvio de dinheiro para offshores.
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