quinta-feira, 19 de maio de 2022

ALÉM DE ALIMENTAR INJUSTIÇAS SOCIAIS, A DESIGUALDADE É UM ENTRAVE AO DESENVOLVIMENTO DO PAÍS

 

Nas últimas quatro décadas, Portugal tornou-se um país mais desigual. A fração do rendimento nacional captada pelo 1% do topo – ou seja, a fatia do bolo destinada aos mais ricos dos mais ricos – subiu de menos de 7% do PIB para mais de 11%. Ao mesmo tempo, a fração destinada aos 50% da base caiu significativamente, tendo recuperado ligeiramente durante o período da “geringonça”.

Os dados do World Inequality Database dão conta de um país onde o rendimento se concentra no topo. A direita diz que a desigualdade não é um problema e que o que interessa é “fazer crescer o bolo” para depois o distribuir. Só que não é isso que a história tem demonstrado: um estudo de três investigadores do FMI, publicado em 2014, concluiu que os países com níveis de desigualdade mais elevados cresceram menos do que aqueles que distribuem o rendimento de forma mais equitativa.

A desigualdade alimenta injustiças sociais e é um entrave ao desenvolvimento do país. Nas mãos do mercado, a distribuição da riqueza não acontece: precisamos de medidas para combater as desigualdades, através da tributação progressiva de todos os tipos de rendimentos (acabando com o não-englobamento dos ganhos de capital ou prediais), da tributação sobre bens de luxo ou do combate ao desvio de dinheiro para offshores.


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