sábado, 21 de maio de 2022

MAIS CITAÇÕES (182)

 
A guerra da Ucrânia começou com uma lenda [leia-se mentira]. 13 guardas resistiram à invasão da minúscula Ilha das Serpentes, no Mar Negro.

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Na guerra todos mentem. Sempre e muito.

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Os dois meses de resistência ucraniana em Mariupol, incluindo em Azovstal, adiaram o avanço russo. E tiveram um efeito psicológico.

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Para o preservar, os ucranianos não queriam que a palavra “rendição” fosse utilizada. 

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Tendo saído escoltados para território inimigo depois de entregarem as armas, não há outra. Mas boa parte da comunicação social ocidental alinhou.

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Os eufemismos não impediram a compreensão do que toda a gente viu.

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Não sou dos que acreditam num jornalismo neutro. É saudável a simpatia pela resistência a uma ocupação.

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Mas a simpatia não pode levar o jornalista à tentação de negar factos. Aí, é ele que se rende.

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Como quase tudo na televisão, a guerra foi transformada em entretimento. 

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A cobertura concentra-se na estetização romântica do conflito, em análises maniqueístas e no carregar das emoções.

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Estranho é que a comunicação social partilhe [a propaganda] sem ser como tal.

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Quando ela [comunicação social] foi incapaz de chamar rendição a uma rendição, só porque foi do lado que tem razão, deixou de cumprir essa função.

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Porque se comporta como manipuladora, esbatendo a fronteira entre o jornalismo e a propaganda.

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E é quem faz jornalismo mais frio e rigoroso que aparece em contramão e parece tendencioso. 

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A resistência da imprensa ocidental a atribuir o seu [da jornalista Shireen Abu Akleh, da Al Jazeera na Palestina], assassínio a Israel foi semelhante à de usar a palavra “rendição” em Azovstal.

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A polarização em torno da ocupação da Palestina leva a procurar equidistância mesmo quando ela não faz sentido.

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Mais do que um contrapoder, a comunicação social é um palco onde poderes se confrontam.

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Estar do lado certo não melhora em nada o seu [da comunicação social] suicídio.

Daniel Oliveira, “Expresso”

 

Vão-se multiplicando os pronunciamentos políticos que enfocam o inesperado que cada crise nos apresenta, como argumento justificativo de sacrifícios impostos aos cidadãos.

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Contudo, os "vírus" e as consequências que cada crise expõe são, fundamentalmente, os mesmos. O vírus principal é o neoliberalismo que tudo transforma em mercadoria.

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 As consequências das diversas crises são também as mesmas: mortes e sofrimento, mais exploração de crianças, mulheres e grupos de pessoas com vulnerabilidades.

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Por mim, direi que [com a guerra na Ucrânia] estamos perante uma luta interimperialista, sem precedentes na história.

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As diferenças nas políticas monetária e orçamental adotadas pela União Europeia face à pandemia confirmaram que sempre existem alternativas.

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O drama acrescido é que a cavalgada do neoliberalismo já não dispensa a participação das forças fascistas.

Carvalho da Silva, JN

 

Nenhum dos candidatos [à liderança do PSD] parece mobilizar nem os militantes nem os espectadores comunicacionais, nem, presumo, os eleitores.

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O que explica o desinteresse generalizado é a certeza de que nenhuma discussão séria está neste momento a ser feita dentro do PSD.

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Nenhuma avaliação da crise óbvia do partido, da sua perda de relação com a sociedade portuguesa, dos erros cometidos no passado que levaram a esta situação, da sua ineficácia face ao PS, e agora face à competição com o Chega e a IL.

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[No PSD] não há verdadeira disputa que pareça relevante para o país.

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E, acima de tudo, muitos silêncios. Quando um partido começa a ser manietado pelos seus silêncios, definha.

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Depois, há o problema das biografias que impedem os dois candidatos de irem mais longe: ambos são descritos como “passistas” e não são capazes de analisar o papel do Governo Passos-Portas-troika na crise estrutural do PSD.

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Há uma parte relevante na crise que é herança de Passos, mas a decadência do partido vai muito mais atrás, até Cavaco Silva, e muito mais à frente, até Rio.

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Em bom rigor, se se tivesse em conta a ideologia e o nome do partido que representa uma escolha e uma demarcação ideológica, não haveria a mais pequena dúvida de que quer o Chega, quer a IL nada têm a ver com o PSD.

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Ora, este estilo de excitação e decibéis, que cada vez mais se torna a medida da oposição, é um presente para o PS.

Pacheco Pereira, “Público” (sem link)

 

Nos últimos setenta anos a doutrina da dissuasão nuclear assentou na resposta negativa a esta pergunta [É possível ganhar uma guerra a uma potência nuclear?]

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Quaisquer que sejam as provocações, pode uma potência nuclear iniciar uma guerra, sendo certo que sobre as guerras só se sabe quando começam e nunca quando acabam nem como acabam?

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A resposta mais esclarecedora [sobre a maior eficácia da guerra da informação na Europa] parece-me ser que a Europa tem uma experiência histórica de relações com os EUA caracterizadas pela benevolência.

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Com poucas excepções, as esquerdas europeias condenaram a invasão da Rússia,

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A direita tem vindo a assumir um triunfalismo absurdo, como se defender os valores da democracia e da autodeterminação dos povos fosse seu património, quando a história da Europa reza o contrário.

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Para além de muitas outras razões, a relativa prosperidade europeia assentou em três pilares: tributação progressiva, combinada com a nacionalização de activos estratégicos; ausência de gastos militares; exploração dos recursos naturais fora da Europa.

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Com a emergência do neoliberalismo e com o Consenso de Washington de 1985, que o consagrou, este pilar [da tributação progressiva] ruiu.

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Privados dos recursos dos impostos e confrontados como os possíveis custos políticos decorrentes de reduzir drasticamente as políticas sociais, os Estado recorreram ao endividamento.

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Dependentes da oscilação e da especulação das taxas de juro, os Estados viram-se na contingência de baixar os seus gastos (investimentos) sociais.

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[O segundo pilar] acaba de ruir com a guerra da Ucrânia.

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Todos os países europeus estão a rever os seus orçamentos de modo a aumentar a despesas militares e os seus contributos para o reforço da NATO.

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O dinheiro que abundar para a compra das armas certamente faltará para melhorar as escolas, a saúde pública, etc, em suma, para sustentar o bem-estar social.

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Também este pilar [exploração dos recursos naturais fora da Europa] está ameaçado, não só pela concorrência de outros países, como pela resistência dos países onde esses recursos existem, isto para não falar da violência paramilitar que rodeia cada vez mais os empreendimentos mineiros.

Boaventura Sousa Santos, “Público” (sem link)


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