(…)
Conclui
que, ao longo da pandemia, por cada 30 horas houve mais um milhão de pessoas a
viver em pobreza extrema e surgiu outro multimilionário.
(…)
A
novidade está no vigor desse crescimento: durante os dois anos os bilionários
acumularam mais riqueza do que nos 23 anteriores, passando a deter 14% do PIB
mundial.
(…)
Para
resumir tudo, as dez pessoas mais ricas têm um património que vale tanto como o
dos 40% mais pobres do planeta.
(…)
Há
várias explicações para estes sucessos e nenhuma delas é o mérito destes
multimilionários.
(…)
O mal
dos outros foi o seu bem.
(…)
Há
outras formas de enriquecer que são ainda menos confessáveis. A primeira é a
injustiça fiscal.
(…)
[Biden]
propõe agora um pagamento mínimo de 20% para quem tem mais de cem milhões de
dólares, para corrigir um buraco na lei.
(…)
Hoje,
as 400 pessoas mais ricas dos EUA pagam em média 8% de imposto sobre o
rendimento.
(…)
Ninguém
duvida de que a proposta será recusada.
(…)
Uma
segunda forma de enriquecer é a fraude.
(…)
O
programa dos EUA para a pandemia, o Cares, registou uma fraude de pelo menos
4,5%, 100 mil milhões de dólares.
(…)
No
entanto, nenhuma destas formas de enriquecer tem impacto comparável ao da
desigualdade que mina as nossas sociedades.
(…)
[Para
Michael Sandel, professor de Filosofia de Harvard] esta noção do triunfo de
alguns e do fracasso de muitos enraíza-se, como todas as ideias poderosas, na
ancestralidade religiosa, a de um deus omnipotente que pune e recompensa.
(…)
O
mérito seria abençoado pela divindade.
(…)
Diz
ele que o mercado, prometido como gerador da meritocracia, reforçou o monstro
da desigualdade ao ponto do grotesco.
(…)
Quando
dez multimilionários têm tanto quanto 3,1 mil milhões de pessoas, a ideia de
que é pelo mérito que se sobe ou que pode haver redistribuição é uma ilusão.
(…)
De
facto, as economias mais liberais (os EUA) têm menor mobilidade intergeracional
do que as do norte da Europa.
(…)
Ou
seja, a desigualdade é o roubo da identidade democrática e o seu tormento
explica a desagregação da vida contemporânea.
Francisco Louçã, “Expresso” Economia
["Nunca mais é sábado",
pode ser uma expressão dita] por aqueles que tanto esperaram para uma mudança
de líder no PSD.
(…)
[Sábado] o PSD irá a votos para uma
eleição directa que escolhe entre dois candidatos que mostraram tão pouco de si
durante a campanha.
(…)
A previsível vitória de Luís Montenegro
fará com que o partido ajuste contas com a sua mais notável sombra, o candidato
a líder que nunca foi.
(…)
Os militantes deverão eleger Luís
Montenegro num contexto de liderança no deserto, sem perspectiva de poder.
(…)
Um fardo pesado e desanimador para as
hostes laranja e que, certamente, hipoteca grandes exaltações triunfantes.
(…)
Os dois candidatos [à liderança do PSD] anularam
o seu presente sem apresentarem uma centelha de futuro.
(…)
Um grande deserto que deverá entregar
pontos de bandeja à direita do PSD.
[Com a tomada do poder pelos taliban, há nove meses] a
população sentiu-se abandonada e, ainda hoje, não tem uma figura que lute por
si junto da opinião pública mundial.
(…)
Os
taliban estão envolvidos numa luta entre uma ala pragmática e outra
ultraconservadora, as quais procuram influenciar o rumo da governação e o
futuro do movimento.
(…)
O
governo não foi reconhecido por nenhum país, o que impede o Afeganistão de
exercer os seus direitos e obrigações internacionais.
(…)
O Afeganistão
vive uma catástrofe humanitária e uma crise económica severa.
(…)
Após a chegada ao poder dos taliban, a ajuda financeira e
técnica internacional desapareceu e foram impostas sanções ao país.
(…)
94% da população vive na pobreza extrema.
(…)
A
piorar o cenário, a 13 de Maio a ONU admitiu que terá de reduzir o número de
afegãos que ajuda de 38% para 8%, por falta de fundos, uma medida que será
trágica.
(...)
Verificou-se um retrocesso dos direitos humanos, sobretudo no
caso das mulheres.
(…)
No mundo laboral, as mulheres apenas estão autorizadas a
exercer funções no sector da saúde e da educação.
(…)
Enquanto
o mundo olha para a Ucrânia, os taliban parecem aproveitar para fazer regressar
uma das práticas mais regressivas da sua governação anterior.
(…)
A instabilidade e a violência contra civis, mulheres,
minorias étnicas e religiosas, activistas e imprensa aumentou em todo o país.
(…)
Existe
o receio que ora a recusa dos taliban em negociar com adversários políticos,
ora o aumento da competição entre grupos violentos, fomente uma nova guerra
civil no país.
(…)
A
China poderá estar interessada em incluir o Afeganistão no seu programa de
infra-estruturas à escala global (Road
and Belt Initiative).
(…)
A questão é
se a China, (…) conseguirá operar ali alguma mudança a curto ou médio prazo.
Sandra Liliana Costa, “Público” (sem link)
Enquanto
uma parte do mundo está empenhada em travar as alterações
climáticas (…), há quem continue a engendrar, discretamente,
planos megalómanos para exploração de energia de base fóssil.
(…)
As
conclusões dos cientistas são claras. O sofrimento humano será inevitável se
não existirem mudanças radicais para reduzir os fatores que contribuem para as
alterações climáticas.
(…)
Quando
os países forem energeticamente sustentáveis e independentes, os combustíveis
fósseis deixarão de poder ser usados como arma de chantagem de regimes
ditatoriais e autocráticos sobre países soberanos democráticos.
(…)
Apostar
na descarbonização, rumo a uma economia sem combustíveis fósseis, acautelando a
justiça climática e a solidariedade social, é assumir que se está do lado certo
da história.
Pedro Amaral Jorge, “Público” (sem link)
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