sábado, 28 de maio de 2022

MAIS CITAÇÕES (183)

 
Em outubro, este Orçamento mereceu o chumbo da esquerda porque era mau. Hoje, sob o surto inflacionista, ele tornou-se ainda pior.

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O Orçamento desiste de quem trabalha. Ao recusar atualizar salários enquanto a inflação galopa, corta rendimentos. 

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É o próprio Governo que prevê uma inflação de 4% em 2022 e confirma que os preços continuarão a subir no próximo ano.

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Fernando Medina assume, assim, que haverá mais quebra de poder de compra e que ela será permanente.

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O debate orçamental confirmou que a maio­ria absoluta recua mesmo face aos modestos compromissos que o PS tinha assumido.

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Lembra-se de António Costa repetir, há pelo menos cinco anos, o compromisso de que garantiria médico de família a toda a população? Depois das eleições, a intenção caiu do Programa de Governo.

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Uma após outra, a maioria absoluta vai metendo as promessas na gaveta.

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Este é um Orçamento de injustiça. 

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[Por que razão o Governo] rejeita taxar as mais-valias de quem faz milhões em criptomoedas e não contribui com um único cêntimo?

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O PS recusa uma taxa sobre os lucros extraordinários verificados na energia, uma medida recomendada pela Comissão Europeia, pela OCDE e pelo FMI.

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Toda a política orçamental do Governo está, portanto, subordinada a um objetivo de direita: cumprir as regras do Tratado Orçamental e reduzir o défice “custe o que custar”.

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O Orçamento da maioria absoluta do PS — “o mais à esquerda de sempre”, lembra-se? — deixa a direita com falta de críticas.

Mariana Mortágua, “Expresso”

 

A Ucrânia é um país bloqueado pela história, pela demografia e por interesses externos.

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A sua política tem sido, desde o fracasso económico dos anos 90 (o PIB caiu 60% e a emigração foi torrencial), um pêndulo entre o Ocidente e a Rússia.

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[Houve sempre] uma clivagem entre a parte ocidental e as regiões mais industrializadas a leste, que se mantiveram próximas da Rússia.

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Oferecendo a unidade nacional contra o invasor e martirizando os territórios que lhe eram mais próximos, Putin pode ter resolvido este bloqueio.

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A vitória de Zelensky, em 2019, parecia representar a interrupção do movimento do pêndulo.

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Aproveitando o descontentamento com a corrupção e a austeridade, prometia a paz no Donbas e a reconciliação com os russófonos maltratados por Poroshenko.

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É nas províncias do Leste que Zelensky tem as vitórias mais significativas. Mas também é na promessa de conciliação e paz que falha clamorosamente. 

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Com o apoio ativo dos EUA à revolta de Maidan e ao esforço militar ucraniano no Donbas, pairava sobre Moscovo o fantasma da adesão da Ucrânia à NATO.

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E o medo russo não era paranoia. O alargamento da NATO a leste fez-se violando compromissos anteriores, quando a Rússia não era uma ameaça. 

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Confrontam-se dois discursos para explicar esta guerra. Um resume tudo à expansão da NATO, braço dos interesses imperais dos EUA, outro ao apetite imperialista de Putin.

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O que é moralmente relevante é uma potência ter decidido invadir um país soberano. Só ela pode ser responsabilizada.

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Enquanto aspirante a imperador, Putin ofereceu aos EUA a oportunidade para travarem a sua decadência. 

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Como qualquer potência, os EUA gostam da globalização que controlam. 

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Ao contrário de alguns saudosistas, não procuro imperialismos que confrontem os EUA.

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Ao contrário do discurso dominante, não desejo protetorados de um “polícia do mundo”.

Daniel Oliveira, “Expresso”

 

Em Davos, foi descaradamente promovido o belicismo e a luta interimperialista. 

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A Oxfam confirmou [que a globalização vai no melhor sentido para os muito ricos] ao denunciar que a pandemia lhes propiciou, em dois anos, uma acumulação de riqueza igual à que tinham obtido nos vinte anos anteriores.

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E que dela resulta uma enorme pobreza e sofrimento.

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[Em Portugal surgem] duas preocupantes realidades; no plano político começa a "não haver gente adulta na sala"; no plano económico, consolida-se o baixo perfil de especialização da economia.

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O objetivo de aumentar a produtividade, embora levado a sério por algumas empresas e serviços públicos, no geral não é assumido, e o do aumento dos salários encostou às boxes.

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Dirigentes patronais e comentadores doutorados no senso comum neoliberal lançaram-se na promoção da tese de que os elevados impostos são o empecilho à competitividade das empresas.

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[Ora, os custos globais do trabalho] só pesam no plano global dos custos das atividades das empresas e dos serviços públicos cerca de 25%.

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[Há outros grandes problemas] que bloqueiam a melhoria da produtividade e também dificultam a competitividade das empresas.

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A competitividade não emperra nos custos do trabalho.

Carvalho da Silva, JN

 

Portugal é um país pobre, pouco desenvolvido, muito inculto, pouco cosmopolita e não me é indiferente que seja assim.

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Tudo isto é ainda verdade, embora os últimos quase cinquenta anos de democracia tenham melhorado de forma drástica todos estes parâmetros.

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Houve uma verdadeira revolução nestes cinquenta anos, mas estamos ainda muito longe de deixarmos de ser pobres, atrasados, incultos e provincianos.

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Nalgumas coisas, estamos mesmo a andar para trás, principalmente nos valores da sociabilidade e na cultura.

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Não vale a pena estar a falar da evidência da pobreza. Antes das prestações sociais, e mesmo depois, metade dos portugueses é pobre.

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Mas também andámos para trás. A civilidade diminuiu. O português abastardou-se.

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Também não vale a pena falar da desvalorização do trabalho a favor dos unicórnios e das start-ups em incubadoras.

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Deviam ler o Compêndio da Doutrina Social da Igreja, esse texto comunista, já que não querem ler Karl Marx onde também aprendiam alguma coisa.

Pacheco Pereira, “Público” (sem link)


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