(…)
Mas
qualquer debate que não inclua adversativas é um debate de imbecis.
(…)
É quem
tantas vezes lamenta a polarização política que mais tem aproveitado a
emotividade da guerra para impor uma militarização do pensamento.
(…)
[Putin]
está num beco sem saída e nós estamos nesse beco com ele.
(…)
A sua
vitória é intolerável, a sua derrota pode atirá-lo para escolhas desesperadas.
(…)
Mas
não é indiferente saber como EUA e Europa (…) olham para esta guerra para saber
que oportunidades aproveitarão para a travar.
(…)
Do meu
ponto de vista, esta guerra serve para defender a independência e integridade
da Ucrânia. Nem mais um milímetro além disso.
(…)
O jogo
dos imperialismos não é o meu.
(…)
Esta
guerra também não serve para enfraquecer estruturalmente a Rússia, como
defendeu Biden.
(…)
A
força que lhe resta é a que tinha e continuará a ter: a nuclear.
(…)
Esta
guerra também não serve para mudar o regime russo, porque as alternativas são
ainda mais agressivas.
(…)
Qualquer
objetivo para lá da defesa da Ucrânia é uma caminhada para o abismo.
(…)
Os EUA
estão a aproveitar a guerra para ressuscitarem a NATO e recuperarem um poder
que tinham perdido na Europa.
(…)
Há,
além da posição moral consequente sobre a ocupação, uma camada tão espessa de
interesses em jogo que a recusa de adversativas não é mais do que um apelo à
passividade acrítica dos cidadãos perante o seu destino.
(…)
[Esta
guerra] é pelo direito da Ucrânia ser independente, seja mau ou bom para a
Europa, seja ela mais ou menos democrática.
(…)
Os
ucranianos têm o direito a lutar pela sua terra e nós o dever de contribuir
para uma paz rápida, que não seja a do ocupante.
Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)
Todas as promessas de desenvolvimento do país não passarão de falácia se
não forem resolvidos problemas estruturais que geram e ancoram a pobreza.
(…)
A erradicação da pobreza, objetivo que
todos os portugueses deviam assumir, exige um combate corajoso com políticas
estruturais que eliminem as suas causas.
(…)
Os portugueses são vergonhosamente
condescendentes com a pobreza.
(…)
Grande parte das políticas
especificamente dirigidas aos pobres são políticas paupérrimas.
(…)
Com autoridade democrática, [o Estado] deve
impor ao poder económico políticas laborais mais justas e garantir melhor
distribuição da riqueza.
(…)
Temos trabalhadores pobres porque: 1) os
salários da esmagadora maioria dos trabalhadores são baixíssimos e os de muitas
mulheres ainda mais.
(…)
[Temos trabalhadores pobres porque]: 2)
muitos não conseguem trabalho a tempo inteiro ou estão em trabalho informal.
(…)
[Temos trabalhadores pobres porque]: 3)
milhares de desempregados e vários grupos sociais não têm a necessária proteção
social.
(…)
[Temos trabalhadores pobres porque]: 4)
as políticas austeritárias transferiram rendimentos do trabalho para o fator
capital.
(…)
[Temos trabalhadores pobres porque]: 11)
são demolidores os efeitos da precariedade nos planos salarial, da
proteção/segurança social, das qualificações, da solidariedade entre gerações.
(…)
O combate à pobreza deve focar-se no
objetivo da sua erradicação e não no da mitigação de efeitos. O atual Governo
tem condições políticas para fazer essa mudança de agulha. Será imperdoável que
não o faça.
Uma
das coisas mais absurdas e preocupantes por parte de Putin é o modo como tem
agitado a ameaça da guerra nuclear.
(…)
[Preocupante] é a facilidade com que se fala dela [guerra
nuclear], porque isso diz muito sobre o grau de desespero de Putin.
(…)
Esse
desespero, que ele tem porque está tudo a correr mal, vem de ele saber que não
há saída fácil para o erro calamitoso em que ele se meteu e meteu a Federação
Russa.
(…)
Putin sabe muito bem que a guerra nuclear é inganhável, sejam
quais forem as circunstâncias.
(…)
Mesmo
com as armas obsoletas do século XX contra o mais moderno arsenal de 2022, o
resultado é o mesmo, aquilo que o acrónimo MAD, Mutual Assured Destruction, descreve desde os
anos 50, destruição mútua assegurada.
(…)
E os
arsenais são mais do que suficientes para garantir a ultrapassagem de todos os
“decoys”
existentes e dar-nos o MAD certo.
(…)
Acresce
que não há guerras nucleares moderadas, porque o uso de armamento nuclear
táctico gera de imediato uma escalada de reposta.
(…)
O nuclear tem a característica de ser tudo ou nada.
(…)
Esse
homem ou esses homens [que detêm os protocolos de lançamento dos mísseis nucleares]
sabem que, se carregarem no botão, morrem as suas famílias, os seus amigos, os
seus próximos, e milhões de outros homens.
(…)
E,
mesmo no mais profundo dos bunkers,
para quem tiver autoridade ou tempo de lá chegar, morre muito provavelmente ele
próprio.
Pacheco Pereira, “Público” (sem link)
O
aborto espontâneo acontece. Ao invés de ter acompanhamento médico, ajuda
psicológica, o seu caso é denunciado à polícia e a mulher é presa na hora. Em El Salvador é assim.
(…)
[No Irão] as autorizações para
interrupções voluntárias de gravidezes têm de passar por uma junta que inclui
um juiz, um médico designado pelo governo e um médico especialista.
(…)
Tanto
em El Salvador como no Irão, estas duas ideias de
“justiça” que o PÚBLICO noticiou esta semana estão fortemente influenciadas por
um pensamento religioso ultraconservador, imposto verticalmente do topo para
baixo.
(…)
Além disso visam sobretudo as mulheres mais pobres, cujos
parcos recursos as impedem de procurar ajuda clandestina ou no estrangeiro.
António Rodrigues, “Público” (sem link)
Não é
por o assédio estar escondido que ele não existe. Onde há seres humanos e
relações de poder, há abusos.
Susana Peralta, “Público” (sem link)
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