quarta-feira, 12 de outubro de 2022

CITAÇÕES À QUARTA (23)

 Há menos de um mês, o Governo dizia que aumentar as pensões pela lei, à inflação, punha em causa a sustentabilidade do sistema de segurança social e fazia-o perder “13 anos de vida”, provocando saldos negativos ainda antes de 2030.

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O argumento não batia certo e por isso pedi as contas à Ministra.

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Na rubrica das despesas, o Ministério pôs mais mil milhões. Mas esqueceu-se de atualizar as receitas, que já se sabia terem subido.

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O documento enviado aos deputados era uma aldrabice.

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A ministra quis, todavia, omitir o aumento de receitas para manipular os termos do debate público, agitando o fantasma da “insustentabilidade”.

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Fica demonstrado que, com um aumento de 8% nas pensões, os saldos seriam positivos em 2023 em mais de 2 mil milhões de euros.

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[O Fundo de Estabilização da Segurança Social] não só não se extingue nos próximos anos (…) como chegará a 2060 melhor do que está agora.

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Ou seja, com as leis em vigor, reforça-se a sustentabilidade do sistema no futuro, com mais cerca de 8 mil milhões do que no presente.

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O corte estrutural nas pensões que o Governo decidiu fazer a partir de 2024 [resulta] de uma escolha de redução do défice a um ritmo superior ao previsto e à custa do rendimento atual dos pensionistas.

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O Governo sabia que estava a falsear o debate.

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O tal documento, enviado aos deputados em setembro e reproduzido no espaço público, foi uma manobra oportunista para encobrir uma opção orçamental.

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Era uma fraude descarada para tentar legitimar o corte de mil milhões nas pensões.

José Soeiro, “Expresso” online

 

[No acordo da geringonça] o fisco ainda financiaria [durante 5 anos], por perda de receita, uma almofada para reduzir os efeitos de um ciclo recessivo, mas impôs limites a essa perda.

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Com a “viragem da página da austeridade” era também limitada a página desses bónus fiscais que são o pilar daquele privilégio.

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No OE2023 a mais importante novidade quanto ao IRC é o virar dessa página que já estava virada, o que tem o assinalável valor simbólico.

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[Deixou de haver] qualquer dúvida sobre a natureza da atual maioria absoluta Costa-Saraiva.

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[O Governo propõe ao Parlamento que] simplesmente declare a eternidade do desconto dos prejuízos empresariais.

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Os contribuintes terão de pagar cêntimo a cêntimo os prejuízos das empresas sem quaisquer condições ou salvaguardas.

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Esses empresários percebem bem as gigantescas consequências desta garantia. 

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Tudo o que resultar de efeitos de mercado, de erros de gestão, de investimentos desastrados ou de quaisquer atribulações será perpetuamente transmitido ao fisco, ou seja, aos contribuintes.

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Uma [consequência] é que vai estimular o planeamento de práticas aventureiras.

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Em vez de haver um sinal no IRC que favoreça investimento produtivo e emprego qualificado, temos a luz verde à tramoia.

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Outra [consequência], e não menor, é que vai ser um negócio para os escritórios do planeamento fiscal, que já abundam em esquemas.

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[A terceira, finalmente, é que] maquilham-se os balanços, fingindo que a situação da empresa é melhor do que a sua realidade. 

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É confortável, é um capital fictício, mas protegido pelo selo da garantia do Estado.

Francisco Louçã, “Expresso” online (sem link)

 

[Muito] profunda terá de ser a reforma da Igreja para superar as razões sistémicas destes casos.

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[A questão] é a forma como a autoridade clerical protegeu a impunidade dos abusadores, por se ter habituado a ser um Estado para lá do Estado.

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O escândalo nunca foi haver casos de abuso de menores, que podem acontecer em qualquer instituição, foram décadas de encobrimento ativo até ao topo da hierarquia.

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A Igreja pode e deve ser voluntariamente implacável consigo mesma, investigando tudo, punindo os culpados, indemnizando as vítimas e enviando para a justiça o que ainda pode ser julgado. 

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Há resistências. Muitas, porque é de poder que falamos. 

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Há meses que [Marcelo Rebelo de Sousa] tropeça como bêbado neste assunto.

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Marcelo saberá que estes 400 estão muitíssimo longe de corresponder ao universo de abusados.

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Por mais que lhe custe, [Marcelo Rebelo de Sousa] tem de deixar de comportar, no exercício das suas funções, como quem fala de dentro da sua Igreja.

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Marcelo Rebelo de Sousa colocou-se ao lado dos setores da Igreja que resistem ao que o Papa pede que seja feito.

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Perante as reações indignadas e unânimes, Marcelo tentou desdizer o que tinha dito. 

Daniel Oliveira, “Expresso” online (sem link)

 

Josefa Marques era professora do 1.º ciclo do ensino básico, mãe de dois filhos, tinha 51 anos e morreu na sequência de um acidente vascular cerebral, que se somou a uma doença oncológica em grau avançado. Josefa Marques fazia quimioterapia.

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Nos últimos anos, o Regime de Mobilidade por Doença, colocando-a sempre perto da sua residência, permitiu-lhe ter o apoio da família.

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Mas a mudança ditada por João Costa (…) foi colocá-la este ano a 207 quilómetros de casa.

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Acuso-o [a João Costa] de assédio moral no último transe da vida dela, por lhe ter recusado, sem qualquer vestígio de humanidade, solidariedade, empatia, sequer, a mobilidade por doença.

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A República vai pagar um preço alto por ter deixado a Educação nas mãos de João Costa.

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As manipulações, que antes tentava alinhar com a ortodoxia estatística, são cada vez mais descaradas e inesperadas.

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Perdi a paciência para lidar com hipócritas, porque é graças à generosidade dos que os suportam que classes profissionais inteiras são esmagadas e enxovalhadas constantemente.

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Se não for capaz [de se reconciliar com a justiça e reconhecer que se enganou], ao menos não coce a barriga quando morrer outro professor!

Santana Castilho, “Público” (sem link)


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