(…)
O argumento não batia certo e por isso pedi as contas à
Ministra.
(…)
Na rubrica das despesas, o Ministério pôs mais mil milhões.
Mas esqueceu-se de atualizar as receitas, que já se sabia terem subido.
(…)
O documento enviado aos deputados era uma aldrabice.
(…)
A ministra quis, todavia, omitir o aumento de receitas para
manipular os termos do debate público, agitando o fantasma da
“insustentabilidade”.
(…)
Fica demonstrado que, com um aumento de 8% nas pensões, os
saldos seriam positivos em 2023 em mais de 2 mil milhões de euros.
(…)
[O Fundo de Estabilização da Segurança Social] não só
não se extingue nos próximos anos (…) como chegará a 2060 melhor do que está
agora.
(…)
Ou seja, com as leis em vigor, reforça-se a sustentabilidade
do sistema no futuro, com mais cerca de 8 mil milhões do que no presente.
(…)
O corte estrutural nas pensões que o Governo decidiu fazer a
partir de 2024 [resulta] de uma escolha de redução do défice a um
ritmo superior ao previsto e à custa do rendimento atual dos pensionistas.
(…)
O Governo sabia que estava a falsear o debate.
(…)
O tal documento, enviado aos deputados em setembro e
reproduzido no espaço público, foi uma manobra oportunista para encobrir uma
opção orçamental.
(…)
Era uma fraude descarada para tentar legitimar o corte de mil
milhões nas pensões.
José Soeiro, “Expresso” online
[No acordo da geringonça] o fisco ainda financiaria [durante
5 anos], por perda de receita, uma almofada para reduzir os efeitos de um ciclo
recessivo, mas impôs limites a essa perda.
(…)
Com a “viragem da página da austeridade” era também limitada
a página desses bónus fiscais que são o pilar daquele privilégio.
(…)
No OE2023 a mais importante novidade quanto ao IRC é o virar
dessa página que já estava virada, o que tem o assinalável valor simbólico.
(…)
[Deixou de haver] qualquer dúvida sobre a natureza da atual
maioria absoluta Costa-Saraiva.
(…)
[O Governo propõe ao Parlamento que] simplesmente
declare a eternidade do desconto dos prejuízos empresariais.
(…)
Os contribuintes terão de pagar cêntimo a cêntimo os
prejuízos das empresas sem quaisquer condições ou salvaguardas.
(…)
Esses empresários percebem bem as gigantescas consequências
desta garantia.
(…)
Tudo o que resultar de efeitos de mercado, de erros de
gestão, de investimentos desastrados ou de quaisquer atribulações será
perpetuamente transmitido ao fisco, ou seja, aos contribuintes.
(…)
Uma [consequência] é que vai estimular o planeamento de
práticas aventureiras.
(…)
Em vez de haver um sinal no IRC que favoreça investimento
produtivo e emprego qualificado, temos a luz verde à tramoia.
(…)
Outra [consequência], e não menor, é que vai ser um negócio
para os escritórios do planeamento fiscal, que já abundam em esquemas.
(…)
[A terceira, finalmente, é que] maquilham-se os
balanços, fingindo que a situação da empresa é melhor do que a sua realidade.
(…)
É confortável, é um capital fictício, mas protegido pelo selo
da garantia do Estado.
Francisco Louçã, “Expresso” online
(sem link)
[Muito] profunda terá de ser a reforma da Igreja para superar
as razões sistémicas destes casos.
(…)
[A questão] é a forma como a autoridade clerical protegeu a
impunidade dos abusadores, por se ter habituado a ser um Estado para lá do
Estado.
(…)
O escândalo nunca foi haver casos de abuso de menores, que
podem acontecer em qualquer instituição, foram décadas de encobrimento ativo
até ao topo da hierarquia.
(…)
A Igreja pode e deve ser voluntariamente implacável consigo
mesma, investigando tudo, punindo os culpados, indemnizando as vítimas e
enviando para a justiça o que ainda pode ser julgado.
(…)
Há resistências. Muitas, porque é de poder que falamos.
(…)
Há meses que [Marcelo Rebelo de Sousa] tropeça como bêbado
neste assunto.
(…)
Marcelo saberá que estes 400 estão muitíssimo longe de
corresponder ao universo de abusados.
(…)
Por mais que lhe custe, [Marcelo Rebelo de Sousa] tem de
deixar de comportar, no exercício das suas funções, como quem fala de dentro da
sua Igreja.
(…)
Marcelo Rebelo de Sousa colocou-se ao lado dos setores da
Igreja que resistem ao que o Papa pede que seja feito.
(…)
Perante as reações indignadas e unânimes, Marcelo tentou
desdizer o que tinha dito.
Daniel Oliveira, “Expresso” online
(sem link)
Josefa
Marques era professora do 1.º ciclo do ensino básico, mãe de dois filhos, tinha
51 anos e morreu na sequência de um acidente vascular cerebral, que se somou a
uma doença oncológica em grau avançado. Josefa Marques fazia quimioterapia.
(…)
Nos
últimos anos, o Regime de Mobilidade por Doença, colocando-a sempre perto da
sua residência, permitiu-lhe ter o apoio da família.
(…)
Mas a mudança ditada por João Costa (…) foi colocá-la
este ano a 207 quilómetros de casa.
(…)
Acuso-o
[a João Costa] de assédio moral no último transe da vida dela, por lhe ter
recusado, sem qualquer vestígio de humanidade, solidariedade, empatia, sequer,
a mobilidade por doença.
(…)
A República vai pagar um preço alto por ter deixado a
Educação nas mãos de João Costa.
(…)
As
manipulações, que antes tentava alinhar com a ortodoxia estatística, são cada
vez mais descaradas e inesperadas.
(…)
Perdi
a paciência para lidar com hipócritas, porque é graças à generosidade dos que
os suportam que classes profissionais inteiras são esmagadas e enxovalhadas
constantemente.
(…)
Se não for capaz [de se reconciliar com a justiça e reconhecer que se enganou], ao menos não coce a barriga quando morrer outro professor!
Santana Castilho, “Público” (sem link)
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