(…)
A
diferença abissal só é temperada pelos evangélicos, mas reforçada por mais
apoio das mulheres.
(…)
[A
escravidão] marca uma desigualdade que se manifesta não apenas na violência da
rua, mas na impiedosa violência das suas elites económicas.
(…)
Com
todos os seus defeitos, Lula continua a ser um dos mais carismáticos líderes
populares da história da América Latina.
(…)
A direita
sabia que destruí-lo era a única forma de destruir a esquerda brasileira.
(…)
Dilma
pagou pela resistência a um sistema partidário e eleitoral que torna impossível
governar sem comprar votos de deputados. E não vai mudar.
(…)
Lula
fez tantas alianças para derrotar Bolsonaro, tem um programa tão difuso para
não assustar ninguém, que é provável que o PT volte a desperdiçar a
oportunidade para mudar o sistema político e económico.
(…)
A
[taxa de rejeição] de Bolsonaro é muito superior à de Lula. E piorou na
campanha.
(…)
[O que
determina a provável derrota de Bolsonaro] é a gestão sádica que fez da
pandemia, que custou a vida a mais de 600 mil. É a fome, que hoje atinge mais
de 30 milhões.
(…)
Mas, à
boleia da crise, salvar-se-á a frágil democracia brasileira.
(…)
Todos
os que perturbem o Presidente, incluindo jornalistas, são obrigados a
envolver-se no combate, até fisicamente.
(…)
[Bolsonaro]
não precisa de polícia política ou de censura. Basta-lhe um exército de
fanáticos em rede e um poder político que lhes dê cobertura.
(…)
Para
conquistar os que estão cansados do ódio, Lula fez uma campanha de “paz e
amor”.
(…)
É o
que o ódio promovido por um Presidente faz à democracia: ficam todos parecidos
com ele.
(…)
Já
Bolsonaro prepara o discurso da fraude eleitoral e ameaça com golpes militares
há um ano. Quanto aos militares, duvido que arrisquem.
(…)
Bolsonaro,
desesperado com a previsível derrota, não hesitará em usar tudo o que até agora
guardou.
(…)
A
democracia está por um fio. Não chega uma derrota. Ela tem de ser clara, para
não ser contestável, e já no domingo, de preferência.
Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)
Para ela [Lagarde], os governos devem conduzir os povos à emulação
salvífica pelo sacrifício.
(…)
Christine Lagarde não quer "medidas
transversais de apoio" às pessoas e à economia.
(…)
É a cartilha neoliberal na sua dicotomia
perversa: a caridade transformada numa máquina de criação de pobreza.
(…)
Os estados dispõem dela [riqueza] ou
podem ir buscá-la intervindo nos mecanismos de acumulação de riqueza [para
apoiarem os pobres].
(…)
A inflação está a depauperar a esmagadora
maioria dos cidadãos.
(…)
Desaparecendo [o Estado social], não
existirá mais a Democracia.
(…)
[A inflação atual] não foi causada pelos
salários, nem pelo nível de consumo dos portugueses que hoje já cortam forte em
despesas essenciais.
(…)
O grande perigo para os povos é querer-se
combater a inflação aumentando o desemprego e empobrecendo os trabalhadores.
(…)
Se de imediato não houver atualização dos
salários (…) no dia 31 de dezembro os salários de quem trabalha em Portugal
valerão menos cerca de 5% do que valiam no passado dia 1 de janeiro. Essa perda
não será ocasional, mas sim permanente.
(…)
É possível uma política salarial justa e
contributos dos trabalhadores para tornar as empresas mais produtivas e
competitivas.
O número de queixas por discriminação étnico-racial tem vindo
a crescer nos últimos anos.
(…)
Se,
até 2015, a média anual não ultrapassava as 76 queixas, a partir de então
assiste-se a um aumento substancial e, em 2021, último ano para o qual temos
dados, foram apresentadas 408 queixas.
(…)
Portugal
está entre os três países da UE onde menos são apresentadas queixas por
discriminação às autoridades competentes por pessoas negras (…)
e Roma/Ciganas (…).
(…)
Muitas vezes, as vítimas não apresentam queixa por não
acreditarem que possam obter justiça.
(…)
Cedo
se percebe a inoperância do sistema e o porquê de as
vítimas tenderem a não confiar nas instituições de justiça.
(…)
Como há muito coletivos como o SOS Racismo têm vindo a
reivindicar, o quadro legal precisa de mudar.
(…)
O sancionamento do racismo limita-se à coima ou admoestação.
(…)
É muito difícil sancionar legalmente a discriminação
étnico-racial.
(…)
Além do mais, a sua não configuração enquanto “crime público”
(…) reduz a capacidade de dissuasão dos mecanismos sancionatórios, do apoio às
vítimas.
(…)
O número de queixas tem vindo a aumentar porque tem aumentado
a pressão dos movimentos Negro, Roma/Cigano e Antirracista.
(…)
O
aumento do número de queixas diz-nos mais sobre a crescente visibilidade das
expressões do racismo do que sobre o “peso real” do mesmo.
(…)
O
estilo assético e acrítico do relatório da Comissão com maior responsabilidade
no combate ao racismo no país reduz o aumento a um problema técnico e deixa na
sombra do relatório o que de substancial está a acontecer.
(…)
Passámos a ter na Assembleia da República um partido que se
alimenta desse mesmo discurso [discriminatório].
(…)
Muito do racismo online reporta a discursos explicitamente discriminatórios e
de incitamento à violência.
Cristina Roldão, “Público” (sem link)
Na última semana de campanha antes da votação do primeiro
turno, neste domingo, o bolsonarismo dá claros sinais de exaustão.
(…)
Bolsonaro, com seus atuais 33% de intenção de voto
(Datafolha), perdeu 20% dos eleitores que o apoiaram em 2018.
(…)
Uma dura realidade se impôs sobre a ideologia: o Brasil está
mais empobrecido, faminto e desigual.
(…)
Sem poder apresentar êxitos políticos de seu governo,
Bolsonaro tenta perverter o jogo democrático.
(…)
O sequestro das comemorações da independência teve efeito
contrário ao que Bolsonaro esperava.
(…)
67,5% dos eleitores têm medo de serem agredidos no dia das
eleições.
(…)
Bolsonaro aposta na deslegitimação das instituições
eleitorais.
(…)
Com uma rejeição de 52% Bolsonaro é preterido pela maioria
dos brasileiros.
(…)
Com um
discurso moderado e tom apaziguador, Lula consegue manter a liderança nas
pesquisas ao passo que conquista cada vez mais o apoio de políticos e
personalidades de distintas orientações ideológicas.
(…)
Lula conseguiu solidificar sua vantagem sobre seus
adversários conquistando votos entres pobres e mulheres.
(…)
44% dos brasileiros acreditam que suas vidas mudarão para
melhor com Lula na presidência.
(…)
O anseio de dias melhores com o provável governo Lula terá
que conviver com muitos retrocessos impostos pelo bolsonarismo.
Helder Ferreira do Vale, “Público”
(sem link)
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