sábado, 24 de agosto de 2024

MAIS CITAÇÕES (296)

 
Por quatro dias, e sobretudo noites, foi o maior espectáculo da Terra. O espectáculo de como a América que se crê multirracial, ecuménica, compassiva, farol da liberdade e dos direitos.

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O partido [Democrático] recusou insistentes pedidos para que alguma voz palestiniana-americana ou sobre Gaza subisse ao palco.

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Lá fora, onde milhares de pessoas apelavam a esses testemunhos e ao embargo de armas.

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Em Israel, onde oportunamente aterravam mais 20 mil milhões em ajuda americana, e o diligente Antony Blinken representava pela 9.ª vez a farsa do cessar-fogo iminente.

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A cara compungida de quem aperta a mão a Netanyahu pela 9.ª vez, como se nos dissesse: sim, eu sei que é um canalha. E mais uma vez a notícia é que o canalha lhe tirou o tapete..

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O que se passa desde 7 de Outubro, e atingiu o cúmulo esta semana, é que o governo Biden-Harris continua a premiar com ouro o maior crime do nosso tempo.

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A guerra só é possível porque os EUA a fazem. 

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[Muitos democratas que se recusaram ir ao Capitólio ouvir Netanyahu] agora estavam em Chicago e recusaram-se a dizer no palco: vamos parar de mandar bombas para Gaza.

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Incluindo o candidato a "vice" Tim Walz (…) Incluindo Bernie Sanders e Alexandria Ocasio-Cortez. Alexandria ainda pior que Bernie.

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Em Agosto de 2024, ao fim de mais de dez meses de extermínio, Barack Obama não disse uma palavra sobre Gaza. Como se fosse um assunto externo, ou irrelevante.

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[Na Convenção do Partido Democrático] havia o espectáculo e havia a farsa que Gaza revelava a cada discurso, em cada decisão.

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Não houve [lugar no palco] para nenhum descendente de palestinianos.

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Houve lugar para o candidato a primeiro-cavalheiro, o judeu americano Doug Emhoff, falar da sua infância de classe média em New Jersey.

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Mas não houve lugar para os também judeus pelo embargo, contra o genocídio, que se sentaram lá fora.

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Não queriam desistir de esperar que fosse possível alguém levar Gaza ao palco.

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O espectáculo lá dentro não era o deles. Era o de quem não os ouve. 

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 Vi os 37 minutos de Kamala Harris antes de começar esta crónica. 

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Não subestimo por um minuto o quanto Kamala fará muita diferença na vida de milhões de mulheres na América.

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Mas se chorei a ouvir Kamala foi porque cada frase dela revelava o quanto as pessoas de Gaza não estavam incluídas nela.

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Kamala diz que sempre apoiará o direito de Israel a defender-se.

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Para muita gente, terá sido bastante [a afirmação de Kamala do desejo de que “o sofrimento em Gaza acabe, e o povo palestiniano veja cumprido o seu direito a dignidade, a segurança, a liberdade e a autodeterminação.”

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Eu vi e ouvi uma mulher filha de uma indiana e de um jamaicano dizer, mais uma vez, que as vidas palestinianas não contam o bastante.

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Como é miserável que ao fim de 76 anos estejamos aqui, a assistir a isto.

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O Estado que a Europa ajudou a criar para se ver livre dos judeus e da culpa de os ter morto e perseguido.

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O terror de Estado que a América financia e arma. O que acontece a um Estado quando tudo lhe é permitido.

Alexandra Lucas Coelho, “Público” (sem link)

 

Vivemos em delicado tempo de absurdos. 

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Não deixar que elas [emoções] se dispam de valores éticos ou morais e de princípios a eles associados.

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Vendem-nos velharias como novidade e falsos absolutismos do novo.

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O papel do circo, na Roma de há dois mil anos, é hoje o de programas (ou espaços de despejo de opiniões) de entretenimento alienante.

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Concomitantemente trata-se a política, as vidas pessoais, a pobreza, a miséria e a guerra como espetáculo.

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Vai-se normalizando a guerra como realidade inevitável dos novos tempos.

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O que vamos tendo na nossa Comunicação Social são comentadores produzindo, pateticamente, discursos para influenciar o voto, como se fôssemos nós a decidir os resultados daquelas eleições [americanas].

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De estrutural [os atos de governação] tem feito pouco porque não tem apoio parlamentar, mas quando pode é classista - veja-se duas medidas na área dos impostos anunciadas para os jovens.  

Carvalho da Silva, JN

 

Continuamos a perder terreno para a viabilidade de um futuro habitável pela Humanidade inteira.

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A dúvida persistente é a de saber qual dos dois maiores inimigos do futuro o irá golpear primeiro e com mais contundência. 

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Eles são, respetivamente, o colapso ambiental e climático, e a guerra termonuclear generalizada.

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A raiz de ambos é a mesma: o declínio universal de uma racionalidade crítica e prudencial nas elites.

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As conferências anuais do clima se transformaram numa paródia trágica, mascarando o cinismo e a hipocrisia da maioria dos seus participantes decisivos, vindos da política e dos negócios, escoltados por alguns crédulos de vistas curtas.

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No que respeita à ameaça existencial da crise ambiental e climática, estamos em roda livre.

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As calamidades meteorológicas extremas causam centenas de milhares de mortos e milhões de deslocados anualmente.

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[O belicismo impede] as políticas de cooperação económica e ambiental entre grandes potências e blocos - as únicas que poderiam contribuir para minimizar a entropia ecológica e climática.

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Tem crescido, também, a trivialização das armas nucleares e a redução do cuidado quanto às suas consequências.

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O mais inquietante é saber que os EUA aprovaram em março um novo manual de uso das armas nucleares.

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Washington parece, contudo, preferir afiar a espada, na vã tentativa de ressuscitar a sua breve e já desaparecida hegemonia unipolar.

Viriato Soromenho Marques, DN


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