(…)
Mas o trampolim é um teste.
(…)
A incapacidade de compreender e travar o excesso de turismo e
a explosão do preço da habitação não começaram com Moedas.
(…)
O balanço [das mudanças positivas] está na sua lista: afastou
quase todos os vereadores, porque são sempre os outros a falhar.
(…)
As vítimas não têm de mostrar trabalho, só sofrimento. E a
choramingar [Moedas] é imbatível.
(…)
A câmara nunca foi, para Moedas, mais do que um palco para
outros voos.
(…)
Mas, à falta de competência e programa, apostou tudo na
construção da sua imagem.
(…)
O ponto alto do seu mandato foi a visita do Papa, quando
mobilizou os meios da câmara para se pôr no centro do evento.
(…)
Assim como usou meios e assessores pagos por nós para a
produção de um livro sobre si.
(…)
A autarquia é a montra de uma loja
vazia.
(…)
Mas a marca mais
distintiva de Moedas é a mentira. Continuada, descarada e consciente, como em
Ventura ou Sócrates.
(…)
Foi mentindo que, logo
depois de tomar posse, pôs na imprensa que o PS tinha chumbado o orçamento.
(…)
Deu a entender que, ao
contrário dele, o falecido ministro sabia dos riscos de derrocada da ponte e
nada fez.
(…)
Sempre que se sente
acossado, Moedas mente, faz-se de vítima e inventa inimigos para animar a sua
base e polarizar o debate.
(…)
[Sobre Alexandra
Leitão, acha que lhe basta dizer que ela é “radical”, porque a polarização
dispensa substância.
(…)
Mas foi o “moderado”
Moedas que comparou os seus adversários a assassinos, insultou a memória de
quem não se pode defender.
(…)
Uma crise, por mais
trágica que seja, pode ser um bom teste para políticos com pouco horizonte
estratégico mostrarem capacidade de reação sob pressão.
(…)
A capacidade de a
assumir plenamente [a responsabilidade política] quando as coisas desmoronam
define uma liderança.
(…)
O que Moedas e
Montenegro vinham pedir era que não houvesse escrutínio político, como se
estivéssemos a falar de um desastre natural ou de um ataque terrorista e não de
uma infraestrutura do Estado que falhou.
(…)
Moedas atirou o
presidente da Carris e o vice-presidente da câmara para o palco quando os
holofotes ainda podiam queimar.
(…)
Quando falou,
apresentou-se como mero acionista da Carris e dedicou-se à sua defesa pessoal,
à mentira e ao insulto dos opositores.
(…)
No que é estratégico e
na emergência, é a antítese de um líder.
Daniel
Oliveira, “Expresso” (sem
link)
A agora
defunta pop-star MAGA, Charlie Kirk, construiu um império assente no ódio e no
preconceito.
(…)
Cedo
procurou o palco junto de outras estrelas do extremismo em terras do Tio Sam.
(…)
Fundador
do Turning Point USA, contou com milhões de dólares doados pela Direita
extremista,
(…)
Com esse
projeto, empenhou-se em transformar escolas e universidades em trincheiras
ideológicas, verdadeiras academias de ódio e radicalismo.
(…)
A discórdia da qual se alimentava – e
que tão bem semeava – levá-lo-ia à sua amarga e irónica partida.
(…)
Sucumbiu
às mãos de uma Lei que tão fanaticamente defendeu.
(…)
O
falecimento de Charlie Kirk é uma consequência das políticas que promoveu.
(…)
Todos os
anos, milhares de pessoas morrem vítimas de armas de fogo nos Estados Unidos –
em 2023, foram 46.728.
(…)
São
também comuns os school shootings – 330 em 2024, o segundo pior ano desde 1966.
(…)
Num país em que o lobby das armas, através da National Rifle Association [Associação Nacional de Armas] e
de uma indústria multibilionária, compra o silêncio político com cheques para
campanhas eleitorais.
(…)
Durante
anos, Kirk cultivou o medo do outro.
(…)
Alimentou
o preconceito, espalhou teorias da conspiração, relativizou crimes de ódio e
justificou políticas de exclusão.
(…)
Para Kirk, a igualdade e o respeito
pelos Direitos Humanos eram uma ameaça maior que a regulação do comércio de
armas.
(…)
A cruel ironia é a de que caiu vítima
daquilo que sempre defendeu, no seio de uma cultura ideológica que ajudou a
radicalizar.
(…)
A sua morte expõe a falência ética de um
projeto político – e de regime – que faz da agressividade e do ódio o centro do
debate público.
(…)
Charlie Kirk morreu como viveu: armado de ódio, abatido pela sua
própria política.
Simão Ribeiro Póvoa, “Público” (sem link)
Desde 2010, o total de área ardida ultrapassa
os 1,5 milhões de hectares, com números que aumentam ano após ano.
(…)
Infelizmente neste tema Portugal é líder
destacado entre 2006 e 2024 com maior percentagem do seu território ardido.
(…)
Os
espaços florestais — que incluem floresta, matos e terrenos improdutivos —
ocupam 6,1 milhões de hectares (69% do território continental), sendo 84,2%
propriedade privada, 13,8% terrenos comunitários e apenas 2% áreas públicas.
(…)
Este
predomínio da propriedade privada, aliado à fragmentação fundiária, à falta de
ordenamento eficaz, ao abandono agrícola, ao despovoamento do interior, ao
incumprimento da legislação e à falta de aplicação do conhecimento científico,
cria desafios significativos para a gestão e proteção do território florestal.
(…)
O
problema é agravado pela fraca literacia sobre a floresta e o papel que esta
desempenha nos equilíbrios ecológicos, económicos e sociais do território.
(…)
Persistem ainda conflitos de prioridade entre
combate e prevenção aos incêndios.
(…)
A
prevenção, apesar de ser uma solução sustentável quer do ponto de vista
financeiro quer do ponto de vista da defesa estrutural da floresta, continua a
ter uma atenção secundária.
(…)
A
solução começa por assumir, de forma inequívoca, que o território florestal
deve ser gerido para assegurar serviços ambientais, equilibrar sistemas
biofísicos e garantir a segurança das populações.
(…)
É
preciso quebrar um tabu que existe hoje na sociedade portuguesa que é a
utilização do fogo controlado como ferramenta de gestão florestal.
(…)
É
também necessário criar condições para fixar população no interior e atrair
quem procura uma nova vida, através de programas de formação, financiamento e
integração na gestão ativa da terra.
(…)
A experiência mostra que conhecimento,
planeamento e participação comunitária podem inverter décadas de degradação e
vulnerabilidade.
(…)
De
uma vez por todas a política florestal nacional deve assumir como desígnio
central a gestão ativa e integrada do território, vendo a floresta não como
passivo de risco ou como um evento mediático, mas como ativo estratégico para o
futuro do país.
Miguel
Jerónimo, “Publico” (sem
link)
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