quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019

CONTRA A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA. SEMPRE!



Tem todo o cabimento que seja divulgado um texto (*) como o seguinte, neste dia que se convencionou chamar “dos namorados”, sem qualquer outra finalidade que não seja obrigar jovens e menos jovens a gastar dinheiro em inutilidades, apenas por gastar.
Faz, pois, todo o sentido falar-se em violência doméstica e manter este tema permanentemente actual enquanto houver razões para tal, o que significa enquanto se souber que uma única mulher é vítima de qualquer espécie de violência por parte de marido/companheiro/ namorado ou mesmo outro qualquer familiar. É inconcebível que, em pleno século XXI e em plena Europa ocidental, o problema da violência doméstica ainda não esteja, senão resolvido, mas, no mínimo, em níveis residuais.

É precisamente um enorme sofrimento que é infligido às mães nos tribunais de família quando se tentam proteger a si e aos seus filhos da violência a que tentaram escapar. Não, a violência não termina com o divórcio. Ao agressor já conhecido juntam-se novas personagens.
Mães que ouvem um juiz justificar o injustificável, quando perante as fotografias da criança onde claramente se distinguem marcas de fivela entre os hematomas diz que as marcas são dele jogar à bola.
Mães que ouvem um juiz dizer que se têm medo do pai dos filhos (como não ter medo de quem agrediu durante tanto tempo e de tantas formas?) é porque são péssimas mães.
Mães que ouvem um juiz dizer-lhes que “A melhor coisa que pode acontecer às suas filhas é você morrer.”
Mães que ouvem um juiz dizer-lhes que “Ou aceita a guarda partilhada ou fica sem o seu filho. E seria bom retirar a queixa que fez...”. Ficou sem o filho sim, tal como o filho acabou sem mãe. Foi assassinada pelo pai do filho algum tempo depois.
Mães que após perderem a sua filha assassinada em contexto de violência doméstica ouvem técnicas da ECJ dizer-lhe “Você tem que se conformar com a perda da sua filha. Não é a primeira que morre. O seu neto vai ter que conviver com a família do pai quer queira ou não.” O pai que está preso por ter morto a mãe da criança.
Mães que sempre que as crianças não vão para casa do pai por terem medo, são acusadas de alienação parental!
Mães multadas e ameaçadas de multa. Crianças ameaçadas diretamente “Senão vais para o teu pai vou começar a multar a tua mãe”. Crianças coagidas: “O vosso pai bateu na vossa mãe porque vocês não querem estar com ele.”
Mães ameaçadas com a institucionalização dos seus filhos ou com a entrega da guarda ao agressor caso não obriguem as crianças a irem com o seu agressor ou não assinem um qualquer acordo que os desprotege a todos.
Mães que, apesar das inúmeras tentativas de explicar que a sua filha é vítima de violência e não poderá continuar em residência alternada com o agressor, são esmagadas e morrem em parte também elas pelo assassinato da sua bebé.
A justiça tortura as mães que têm a ousadia de fugir da violência e dizer basta! A justiça tortura as crianças que se recusam a estar com quem as agrediu. E sim, mesmo que só tenham presenciado as agressões à mãe as crianças são vítimas de violência!
Quando deixaremos de tratar as crianças como meras testemunhas e as protegeremos ao atribuir-lhe o estatuto do que realmente são – Vítimas!
Quando perceberemos que esta tortura dá poder aos agressores e é mortal para as vítimas?
Quando deixaremos as mulheres vítimas de violência doméstica separarem-se efetivamente dos seus agressores?
(*) Paula Sequeira, Presidente da Associação Dignidade

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