sexta-feira, 29 de abril de 2022

CITAÇÕES

 
Não houve um único analista que não tivesse notado nos resultados das presidenciais francesas a confirmação do crescimento social da extrema-direita e da impopularidade de Macron.

(…)

A União Europeia mergulhou num mapa de fragmentação (…), de promessas falsas (…) e de incapacidade de decisão estratégica (…).

(…)

Uma das raízes deste processo de degradação democrática é a evolução das lideranças políticas norte-americanas, que sobredeterminam o nosso continente. É aí que está o mando. 

(…)

A turbulência criada pela compra do Twitter por Elon Musk é sinal de aceleração da luta política poucos meses antes das eleições intercalares [nos EUA].

(…)

Musk é um aventureiro que um dia apoia a extrema-direita do seu país e outro dia condena a política sanitária, e que se propõe usar o poder algorítmico a bel-prazer.

(…)

Não é o único, esta cultura autoritária está profundamente ancorada entre os campeões da economia da internet.

(…)

Também o frenesim da Amazon para impedir a sindicalização dos seus trabalhadores evidencia as bases históricas desta forma de poder.

(…)

Assim sendo, tire da ideia qualquer noção de que a internet seja o espaço de democratas que querem promover a liberdade de expressão para toda a gente.

(…)

Segundo as contas [ de Dani Rodrik, professor de Economia em Harvard], desde 1979 os ganhos salariais são um terço dos ganhos em produtividade (os salários reais terão crescido 17,5% e a produtividade 61,8%), o que gera a acumulação de capital que elevou Trump. 

(…)

15 mil milhões de dólares em financiamento de empresas a campanhas eleitorais. O capital manda e só cuida de manobrar as democracias.

Francisco Louçã, “Expresso” Economia (sem link)

 

A transformação económica impulsiona uma mutação política. 

(…)

O caso da Flórida tem sido o mais evidente.

(…)

A proibição de 54 livros de Matemática das escolas públicas, quase metade dos utilizados, sob a acusação de incluírem problemas com um contexto racial.

(…)

No Wyoming e Oklahoma discutem-se leis para proi­bir as bibliotecas públicas de disponibilizarem livros sobre sexualidade. 

(…)

Uma escola de Tennessee exigiu a retirada de “Maus”, a novela gráfica sobre o Holocausto que recebeu o Prémio Pulitzer.

(…)

Obras da Nobel da literatura Toni Morrison são condenadas.

(…)

O livro [“The 1619 Project”] lembra que a história moderna dos EUA não começou em 1620, com o desembarque do “Mayflower”, mas sim no ano anterior, quando um barco negreiro, o “White Lion”, aportou à Virgínia.

(…)

Trump, então Presidente, denun­ciou o livro e cinco Estados proibiram que fosse usado nas escolas. 

(…)

O que o livro investiga é a necropolítica, que, na base do racismo, constituiu territórios de exclusão e de privilégio. 

(…)

[No livro] “These Truths”, de Jill Lepore, são documentados 6500 linchamentos desde o fim da escravatura.

(…)

Mas, para o partido trumpista [de extrema-direita], estudar factos não é admissível, nem em livros de Matemática.

Francisco Louçã, “Expresso” Economia (sem link)

 

Com um país destruído e com uma sociedade civil armada e militarizada, a Ucrânia não terá, depois desta guerra, melhores condições para o exercício democrático do que tinha antes dela.

(…)

Não duvido, aliás, que os mesmos que têm sido condescendentes com as violações de regras democráticas nestes países venham a estar na linha da frente na defesa da entrada rápida e quase incondicional da Ucrânia.

(…)

A operação de charme liderada pela Comissão Europeia, que respondeu com uma celeridade nunca vista a um pedido de adesão, é resposta ao sentimento de culpa de quem, em nome do negócio, esteve disposto a fechar os olhos para a crescente agressividade de Putin.

(…)

A Ucrânia não cumpre nem cumprirá com brevidade os critérios económicos, institucionais e políticos exigidos pela União e Bruxelas sabe-o melhor do que ninguém. 

(…)

No primeiro mês da guerra, a Europa gastou quatro vezes mais a comprar energia à Rússia do que com todo o apoio que tem concedido à Ucrânia.

(…)

Há vícios difíceis de mudar na União Europeia, até porque já vimos este filme noutras crises: muitos milhões anunciados com palavras solidárias, mas tostões quando chega a hora de apoiar um país que precisa de ajuda.

Daniel Oliveira, “Expresso” online (27/4) (sem link)

 

Ao aceitar ser o mandatário nacional da candidatura de Jorge Moreira da Silva, Balsemão dá o braço ao candidato para fazer caminho.

(…)

 E é paradigmático que o faça quando o PSD não tem, a curto prazo e com a maioria estabelecida do PS, qualquer vislumbre de poder pela frente.

(…)

Há um toque de "déjà vu" na corrida eleitoral laranja que culminará nas directas de 28 de Maio.

(…)

Mas ao contrário do ainda líder do partido, Moreira da Silva aparenta ser inclusivo internamente e já traçou linhas vermelhas com a extrema-direita.

 (…)

Um PSD tal como ele é e está seria substituível e negligenciável, condenado a ser uma sombra que lentamente avança e se consome, seco por um eucalipto rosa.

Miguel Guedes, JN

 

Devia ser uma prática comum o Presidente de um país invadido pedir armas para combater o invasor. Aliás, essa prática impediria tais crimes.

(…)

Imaginemos o Presidente da Autoridade Palestiniana a pedir armas no Parlamento português devido ao facto de os territórios palestinianos estarem militarmente ocupados por Israel, violando resoluções do Conselho de Segurança da ONU.

(…)

Ou imaginemos o representante do Iémen a condenar o inferno vivo em que os sauditas, com o apoio dos EUA, transformaram aquele país da península arábica.

(…)

Antes de Zelenskii discursar no Parlamento imaginámos o que poderia dizer. A surpresa vai direitinha para o facto de não ter feito a menor menção a qualquer proposta de paz.

(…)

Quantas vezes os vietnamitas propuseram conversações de paz aos EUA, mesmo debaixo dos terríveis bombardeamentos de Hanói e Haiphong?

(…)

Segundo as palavras de Blinken a guerra é para continuar, porque os EUA querem enfraquecer a Rússia. É bom meditar nas palavras.

(…)

A guerra vai continuar e os EUA vão combater a Rússia, dando armas e os ucranianos à morte. É verdade que foi a Rússia que criou esta situação, mas a guerra deve continuar em escalada? A quem serve?

(…)

Nesta situação o que se está a passar em solo europeu é uma guerra entre o mandatário dos EUA e a Rússia.

(…)

Se a Rússia não desistir e se sentir enfraquecida, poderá estar em aberto a escalada do conflito para um patamar nuclear.

(…)

A Ucrânia será seguramente, num primeiro momento, o centro do braseiro nuclear e por isso é estranho não ouvir de Zelenskii um arremedo de proposta de paz.

(…)

O melhor para todo o mundo, a começar na Ucrânia e na Europa, é negociar uma solução que seja aceite por todas as partes.

(…)

Louvada seja a iniciativa de António Guterres.

Domingos Lopes, “Público” (sem link)


Sem comentários:

Enviar um comentário