sábado, 30 de abril de 2022

MAIS CITAÇÕES (179)

 
Um dos maiores trolls do Twitter vai comprá-lo por 44 mil milhões de dólares, a maior aquisição da história por um único indivíduo [Elon Musk].

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21 mil milhões de dólares — era o valor de toda a sua fortuna em 2018. Hoje representa 8% do seu património. 

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Musk compra o Twitter porque pode e pode porque uma desigualdade sem precedentes permite chegar a níveis de concentração de riqueza que a Humanidade nunca conheceu.

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A SEC, regulador de mercado nos EUA, processou Musk por ter usado o Twitter para manipular o preço das ações da Tesla.

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Comprar esta plataforma [Twitter] garante a Musk mais do que o gigantesco megafone mediático e o exército de fanáticos que o segue, deslumbrados pelo dinheiro que não têm e a liberdade que não será sua. 

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Dá-lhe o poder de decidir quem será mais lido ou que conteúdos serão mais populares através dos algoritmos.

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Todas as plataformas onde hoje se faz quase todo o debate público e que determinam a agenda mediática e política (Facebook, Instagram, WhatsApp e Twitter) ficam nas mãos de dois dos homens mais ricos do planeta: Musk e Zuckerberg.

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O sector mais sensível para as democracias é o mais concentrado, desregulado e opaco. 

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Não é por acaso que esta compra foi recebida com especial entusiasmo por trumpistas, comentadores da Fox News e produtores de fake news

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Dados de um estudo conduzido pela rede social provam exatamente o oposto. [O Twitter não privilegia os conteúdos de esquerda].

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Também ele [Musk] usou a rede para partilhar conteúdos negacionistas e chamou “fascistas” às autoridades de saúde que decretaram o confinamento na Califórnia. 

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A Tesla persegue quem organiza processos de sindicalização. A liberdade de Musk é sempre e apenas a liberdade para Musk. 

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Acima da lei, da moral ou de qualquer regulação — já chamou de “marionetas sem vergonha” aos reguladores. 

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No fim, quem tiver mais poder esmaga o outro, porque assim dita a liberdade de cada um.

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Normal que o milionário queira a selva. Estranho é quando o pobre se julga livre nela.

Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)

 

Este ano, a evocação do Dia Internacional do Trabalhador, dia 1.º de Maio, ocorre num quadro político e social de enorme complexidade e carregado de riscos.

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É imprescindível uma atenção redobrada ao mundo do trabalho e à importância da organização e da ação coletiva dos trabalhadores.

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Que economia é esta que gera a brutal concentração de riqueza que permite ao senhor Elon Musk oferecer 44 mil milhões de euros (mais de 3 PRR) pelo Twitter?

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Que democracia, que direitos humanos, que emprego e direitos laborais e sociais sobrevirão se prosseguirem estas selvajarias?

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A democracia ganha vida, e as alternativas germinam, a partir da participação organizada dos trabalhadores, dos cidadãos, do povo. 

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Oxalá os governantes europeus, e também os grandes meios de comunicação, se comportem, não como vassalos de um império, mas antes como defensores empenhados dos valores humanistas e da paz.

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É hora de todos os que se preocupam com o valor e a dignidade do trabalho afirmarem a importância do sindicalismo.

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Neste 1.º de Maio, relembremos que os sindicatos criam as suas raízes e se alimentam, em primeiro lugar, na ação desenvolvida a partir dos locais de trabalho.

Carvalho da Silva, JN

 

Eu tenho as melhores memórias da Rússia, melhor, eu devo muito à Rússia, e por isso me repugna confundir Putin com “os russos”, como agora se faz.

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Também não me enganei sobre Putin, nem sobre a elite dirigente da Ucrânia, sobre a qual convém não ter muitas ilusões, em particular não retratando esta guerra como uma guerra entre a democracia e a ditadura, mas sim como outra coisa: uma guerra entre um agressor e um agredido.

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O agressor não é o povo russo, é Putin e a sua corte militar e civil, mas o agredido é o povo ucraniano, seja quem for quem o governe.

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E nesta guerra ficar do lado do agressor é espezinhar a liberdade, a soberania, o direito, a humanidade e as pessoas.

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Mas o que também faz parte dessa tragédia russa é que alguma da sua cultura esteja exactamente nos antípodas dessa violência.

Pacheco Pereira, “Público” (sem link)

 

Ao arrepio dos tempos, Portugal, ex-metrópole de um dos mais longos e extensos impérios coloniais, deixa de fora três artistas negras – Grada Kilomba e a dupla de Mónica Miranda e Paula Nascimento –, da possibilidade de representação do país [na bienal de Veneza].

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São necessárias medidas que deem suporte continuado a espaços artísticos (no centro e na periferia) que tenham na sua matriz o debate sobre a (pós e de)colonialidade e negritude; que garantam maior representatividade étnico-racial nos lugares de decisão.

Cristina Roldão, “Público” (sem link)

 

[Durante o Estado Novo] era preciso também fazer com que os seus diversos aliados no combate antifascista fossem igualmente desclassificados, de modo a impedir a construção de uma frente alargada de resistência.

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A designação como “comunista” de todo o opositor, viesse este de onde viesse, passou então a ser usada como forma de desqualificação social e de exclusão política.

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Desta forma, o regime funcionou também como “fábrica de comunistas”, ampliando a sua presença para além da realidade dos números e fazendo mesmo com que muitos cidadãos acabassem por tornar-se militantes.

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Em democracia, e em particular nos anos mais recentes, a memória desse anticomunismo tem sido, paradoxalmente, utilizada como arma usada pelo PCP.

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No momento presente, o enorme isolamento no que respeita à posição tomada face à guerra de invasão da Ucrânia pela Rússia e à caraterização do regime imperial de Vladimir Putin tem levado o partido, e sobretudo muitos dos seus militantes, a usar largamente o qualificativo de “anticomunismo”.

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 “Opor-se ao PCP” pode ser, muito simplesmente, discordar com frontalidade de escolhas que em certos momentos a sua direção assumiu e a maioria dos seus passou a defender sem hesitação.

Rui Bebiano, “Público” (sem link)


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