(…)
Trata-se também de ter ignorado a tragédia e aproveitado o
dia para lançar uma suspeita e um estigma.
(…)
O sucedido [incêndio num prédio da Mouraria] é subproduto da
sobrelotação e da ausência de condições de habitação digna.
(…)
É mais uma expressão desse problema que não tem tido resposta.
(…)
Para as pessoas migrantes, é tudo mais difícil.
(…)
Tudo circunstâncias que empurram milhares para a escolha
entre a sobrelotação ou viver na rua.
(…)
Em 2022 [os imigrantes] contribuíram com 1500 milhões de
euros para a Segurança Social, mas continuam a ser carne para o canhão de quem
explora o seu trabalho.
(…)
Em Portugal, sem o trabalho dos imigrantes, alguns dos
setores (…) paravam imediatamente.
(…)
Mas a mesma economia para a qual eles e elas são
indispensáveis foi a que construiu um “modelo de negócio” agrícola-intensivo
assente na neoescravatura.
(…)
[O que aconteceu no incêndio da Mouraria] é uma tragédia
sintomática das muitas odemiras que existem no país.
(…)
Perante isto, Montenegro e Moedas apressaram-se a falar de
“fiscalização e planeamento” da imigração, para fugirem de dizer o que pensam.
(…)
Da imigração, Montenegro e Moedas querem o trabalho, claro, e
o pretexto político para nos dividirem enquanto habitantes do mesmo país.
(…)
A direita radicaliza-se.
José Soeiro, “Expresso” online
Começando pelo imediato, os resultados operacionais da Galp
ascenderam em 2022 a 3,85 mil milhões de euros, e a empresa lucrou 881 milhões
de euros líquidos no negócio do petróleo e do gás.
(…)
São esses mesmos preços absurdos [do gás e do petróleo] que
produziram os maiores lucros de sempre da história das petrolíferas. Em
2022.
(…)
Quando sairmos à rua em protestos contra o aumento do custo
de vida, em todos mas também em cada um dos sectores (…) devemos saber
onde colocar a responsabilidade pelo que nos está a acontecer, e é a indústria
fóssil, de todas e de nenhuma nacionalidade.
(…)
[Certas grandes empresas que atingiram lucros obscenos] só o
puderam fazer por causa das petrolíferas.
(…)
Vivemos em economias que foram deliberadamente viciadas em
combustíveis fósseis.
(…)
Precisamos também de reconhecer como esta crise de custo de
vida foi depois multiplicada pela ortodoxia do liberalismo económico.
(…)
A decisão destes bancos [centrais] foi aumentar as taxas de
juro e tornar todos os empréstimos mais caros.
(…)
Numa sociedade com péssimos salários e por isso mesmo
endividada até ao cabelo, isso significa uma só coisa: mais pobreza.
(…)
A divulgação nesta data [do relatório de abusos sexuais de
crianças por parte da Igreja Católica] consegue ofuscar toda raiva e
nojo que deveria ser levantada contra o crime histórico da Galp.
(…)
Em 2022 foi novamente quebrado o recorde de emissões de gases
com efeito de estufa a nível global, e foi também o ano mais quente alguma vez
registado na Europa.
(…)
Quem nos empurra e mantém à beira do abismo são empresas como
a Galp e os governos que a elas se submetem.
(…)
A existência de empresas como a Galp, em 2022, é um crime por
si só.
João Camargo, “Expresso” online
O que começou como um conflito dilacerante sobre a forma como
o Vaticano organizou a corrupção da fé para proveitos financeiros alargou-se
desde logo a divergências sobre a interpretação dos textos bíblicos e sobre a
natureza da Igreja.
(…)
Não é esse comércio passado ou tais diferenças teológicas que
agora ressoam com o monumental escândalo dos abusos sexuais na Igreja Católica.
(…)
[Depois de revelações terríveis em vários países] os bispos
portugueses garantiam que nada acontecera entre nós, tentando proteger o manto
de silêncio que tinham criado.
(…)
Não impressiona que 77% das vítimas certificadas nunca se
tivessem queixado à sua Igreja, mas que 23% o tivessem feito, sem consequência?
(…)
A grotesca falsidade da doutrina da castidade como afirmação
de dedicação à igreja, criaram o contexto, facilitaram, promoveram e
agigantaram todos os abusos.
(…)
A construção da autoridade eclesiástica a partir de uma
proclamada pureza assexual dedicada à tutela da sexualidade humana e de outras
emoções tem sido uma farsa ignominiosa.
Francisco Louçã, “Expresso” online
Em
protesto contra um vasto número de questões que se foram acumulando, sem
resposta, ao longo de sucessivos governos e anos, há mais de dois meses que
estão activas greves no sector da Educação.
(…)
Neste período, ocorreram quatro grandes manifestações em
Lisboa e muitas mais por todo o país.
(…)
É forçoso
reconhecer que ele [este fenómeno] só é explicável por haver uma genuína,
verdadeiramente espontânea rejeição dos professores relativamente às políticas
que lhes têm sido impostas.
(…)
Se
virmos de cima, é afinal a escola mínima, amputada de conhecimento e orientada
para formar cidadãos disponíveis para aceitar trabalho apenas remunerado com
salário mínimo, que os professores contestam.
(…)
É este ensino público para os pobres, enquanto os ricos fogem
para os melhores colégios privados, que os professores rejeitam.
(…)
Ora se
houvesse dúvidas sobre a determinação dos professores em romper com o estado a
que chegou o sistema de ensino, elas foram varridas pela gigantesca manifestação de sábado passado.
(…)
O
Governo tem de negociar com seriedade, remover o seu descolamento da realidade,
até aqui patenteado, corrigir a inércia para responder à crise e aceitar que o
problema da recuperação do tempo de serviço não pode ser iludido.
(…)
Por
outro lado, importa recordar que, já em 2019, a Unidade Técnica de Apoio
Orçamental da Assembleia da República disse ser essa uma falsa questão
Santana Castilho, “Público” (sem link)
[Depois da tentativa insólita de levar a tribunal Catarina Martins
para] protegerem o seu discurso com o amparo do tribunal, agora a malta do
Chega chama a PSP.
(…)
Foi na Assembleia Municipal de Lisboa, um deputado
classificou as declarações do homem do Chega com racistas e ele chamou a PSP.
(…)
Talvez fosse melhor que cada eleito do Chega tivesse sempre
ao seu lado um membro da sua milícia privada para interromper a sessão e
identificar qualquer meliante que se atreva a criticar o partido e o seu amado
líder.
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