(…)
[Afasta-me
de Marcelo] a relação umbilical com a elite económica rentista que atrasa este
país, muito evidente nos sectores da saúde.
(…)
Afasta-me
de Marcelo um mundo de convicções políticas.
(…)
[Não
me afasta de Marcelo] a defesa de valores institucionais democráticos,
resistindo aos clamores demagógicos e fazendo uma avaliação acertadíssima do
seu papel.
(…)
Marcelo
foi, muitas vezes, o que sobrou da representação política do Estado em momentos
difíceis.
(…)
Outras
tantas a defender as instituições com uma eficácia que mais nenhuma das
principais figuras do Estado tem.
(…)
Mas o
que mais me aproxima de Marcelo, nestes tempos de trevas, é a sua instintiva,
rápida e corajosa reação a qualquer sinal de racismo e xenofobia.
(…)
Vai
onde poucos políticos se arriscam a ir, até à esquerda.
(…)
[Num
debate durante a campana eleitoral] disse que são todos cidadãos de primeira,
que ele é Presidente de todos e que não distingue os “portugueses de bem” dos
demais.
(…)
Também
foi ele que se chegou à frente para recordar o papel da comunidade cigana,
apagada da história nacional na restauração da independência.
(…)
Esta
semana, Marcelo foi o primeiro a reagir ao bárbaro ataque a um imigrante
nepalês.
(…)
Ouvindo
os colegas, para tentar perceber que cultura se está a instalar neste país para
que os mais desprotegidos sejam ostensivamente tratados como lixo.
(…)
As
palavras do Presidente contrastaram com as de Luís Montenegro [quando este
afirmou] que precisamos de “um programa transversal e universal” para sabermos
“quem precisamos em Portugal, quem queremos em Portugal”, numa versão quase
mimética do que tem sido dito por André Ventura.
(…)
Montenegro
podia aprender com Marcelo a importância do timing e da hierarquia de valores.
Mas seria pedir o impossível.
(…)
Montenegro não pode tanto, por isso
compete com o Chega.
Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)
O património natural, que é de todos nós, é único e indiviso.
(…)
Na
área da conservação da natureza, a transferência de competências vai significar
o (ainda maior) enfraquecimento do ICNF [Instituto de Conservação da Natureza e
Florestas], órgão central responsável pelas políticas de conservação e pela
coordenação da gestão dos ativos ambientais.
(…)
Não
nos equivoquemos - as áreas protegidas são nacionais, visando a maioria delas
também o cumprimento de obrigações internacionais, e portanto a sua gestão deve
ser assegurada por órgãos nacionais responsáveis.
(…)
A
solução que o governo propõe vai em contraciclo com a proteção da natureza e
coloca o mundo natural (ainda mais) em perigo.
(…)
A
conservação da natureza deve ser uma prioridade nacional de qualquer governo, e
não delegada desarticuladamente em órgãos regionais de eficácia incerta.
(…)
O
nosso governo deve comprometer-se efetivamente com um objetivo primordial, o
qual deveria ser um desígnio nacional - devolver a natureza aos portugueses.
(…)
Numa
resolução que levanta mais dúvidas que confiança, redigida com falta de brio e
manifesta falta de conhecimento sobre matérias vitais, impera que haja sobre o
assunto um tempo de discussão, transparência e abertura política.
(…)
A
conservação da natureza em Portugal já estava descentralizada. Passa agora a
estar fragmentada por vários serviços centrais e periféricos da administração
direta e indireta do Estado.
Vários dirigentes de associações de conservação da
Natureza, “Público” (sem link)
Na
segunda-feira, [o Presidente da República] rumou a Olhão, ao restaurante onde
trabalha o imigrante nepalês barbaramente agredido, para lhe pedir desculpa, na qualidade de
primeira figura da hierarquia do Estado.
(…)
No
mesmo dia, o Presidente fez questão de falar também sobre o incêndio num prédio na Mouraria, em
Lisboa, que provocou dois mortos e 14 feridos, todos eles imigrantes, que
viviam no rés-do-chão sem condições de habitabilidade, em alojamento ilegal.
(…)
Mas é
insólita a entrevista dada por Carlos Medas ao PÚBLICO e à Renascença, na
quinta-feira, empurrando para cima do Governo e das juntas de freguesia a
responsabilidade pelas condições de alojamento de muitos imigrantes em Lisboa.
(…)
Luís Montenegro, propôs, por seu lado, uma estranha selecção
das comunidades que o país pode receber e imigração com contrato de trabalho.
(…)
Mais
uma vez, Marcelo Rebelo de Sousa esteve bem e, na
mesma quarta-feira, recusou o que classificou como “uma resposta ao lado”.
(…)
São
por de mais evidentes, há anos, as condições em que muitos imigrantes vivem em
Portugal, sujeitos a redes de tráfico de mão-de-obra.
(…)
O problema não é apenas dos grandes centros urbanos, onde os
imigrantes se concentram.
(…)
Por
que razão os poderes públicos continuam a empurrar o problema com a barriga,
institucionalizando um silêncio cúmplice com o racismo e a xenofobia?
(…)
Isto,
num momento em que, como disse o Presidente, eles [imigrantes] são
necessários para o funcionamento de vários sectores da economia.
(…)
Muitos estão enquadrados, pagam impostos e contribuições para
a Segurança Social.
(…)
Muitos são maltratados por um país e uma sociedade que deles
precisa para funcionar.
(…)
Onde estão os autarcas, as forças de segurança, o Governo
para dar resposta ao problema da integração dos imigrantes?
(…)
Era
bom que os poderes públicos, do Governo às câmaras, das forças de segurança aos
delegados de Saúde Pública e aos organismos da Segurança Social, ouvissem e
levassem a sério as palavras de Marcelo Rebelo de Sousa.
(…)
Também pela construção de uma verdadeira democracia inclusiva
em Portugal.
São José Almeida, “Público” (sem link)
O espaço da União Europeia é, desde há bastante tempo, o centro das
políticas neoliberais que financeirizam a economia e subordinam o trabalho à
finança.
(…)
Este processo facilita a ascensão de
forças ultraconservadoras e fascistas que, sorrateiramente, vão tendo parte dos
seus programas executados.
(…)
Constata-se que a maioria dos governantes
europeus, nomeadamente a Comissão, são capazes de ceder a reivindicações
antidemocráticas e antissolidárias do senhor Viktor Orbán ou dos seus colegas
polacos.
(…)
Quando se trata de responder a
reivindicações dos trabalhadores e dos povos europeus que reclamam, com
justiça, melhores salários e respeito por direitos laborais e sociais,
respondem negativamente, de forma vincada.
(…)
A esperança que nos anima hoje é o
crescimento das lutas laborais, das greves e da ocupação das ruas com fortes
mobilizações em muitos países europeus, como é o caso de Portugal.
(…)
Será bom que este esforço dos
trabalhadores e das populações se mantenha e reforce.
(…)
Estão errados alguns democratas que vão
aconselhando moderação aos trabalhadores em luta, e às suas experimentadas
organizações.
(…)
Não foram nem são os salários que estão a
provocar a inflação, mas a inflação já reduziu e continua a reduzir os
salários.
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