(…)
Há
coisas teoricamente boas, mas inúteis, como o Estado alugar casas a privados
para as subalugar.
(…)
Há
cortinas de fumo, como o fim dos vistos gold, mantendo as borlas fiscais para
nómadas digitais e não residentes.
(…)
Há
medidas para fazer entrar mais casas no mercado, como a facilitação do
licenciamento
(…)
Travar
novas licenças nas cidades, torná-las intransmissíveis e dar poder aos
condomínios é o mínimo.
(…)
O
mercado e o direito à propriedade ponderam-se com o bem comum e o direito à
habitação.
(…)
Apesar
de o PSD já não ser social-democrata, não se esperaria que depois de ter
passado uma semana a mimetizar o Chega passasse outra a mimetizar a IL.
(…)
Rui
Moreira disse que pôr coercivamente casas devolutas no mercado de habitação era
“bolivariano”. Ele que, em 2014, defendeu a expropriação de prédios que
aumentassem as rendas de lojas históricas.
(…)
Há
anos que os municípios podem cobrar taxa mais elevada de IMI às casas devolutas
e só 24 o fazem.
(…)
Mesmo
que seja aplicada, ninguém perde a casa, é impedido de a pôr a render ou perde
o direito ao seu usufruto.
(…)
Apenas
não a pode deixar inabitável.
(…)
São
casas sem vestígios de habitabilidade, que não podem ser usadas pelos próprios
ou terceiros.
(…)
O
dever de arrendar está na Lei de Bases da Habitação.
(…)
Curiosamente,
não há escândalo quando a máquina fiscal passa a poder cobrar rendas em atraso.
(…)
Este é
o intervencionismo bom porque está do lado dos proprietários.
Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)
[Os
lucros das cinco maiores petrolíferas do mundo recentemente anunciados foram os
maiores] de toda a história da indústria fóssil, conseguidos às custas do
aumento do custo de vida da população e da destruição do planeta.
(…)
As
maiores somas foram registadas pela Exxon, que contabilizou 6.3 milhões de
euros POR HORA, num total de 56 mil milhões de lucro puro.
(…)
Estas
empresas [Exxon, Shell, Chevron, Total e BP]
podem, de facto, celebrar sobre o caos climático e o empobrecimento
proporcionado pelo total dos seus 196 mil milhões de euros de lucros.
(…)
[Em Portugal, esta semana,] foram anunciados os maiores
lucros da história da Galp: 881 milhões, quase o dobro do ano passado.
(…)
Um momento épico para toda a indústria fóssil, uma tragédia
para as restantes pessoas - quem paga os seus lucros como quem lida com
as consequências catastróficas das suas actividades.
(…)
O gás “natural” foi uma mentira rentável durante bastante
tempo.
(…)
Mas não é novidade que o gás é tão fóssil como o petróleo ou
o carvão e que embora interesse tanto aos lucros destes gigantes, o gás
aprisiona-nos aos caminhos que levam ao colapso.
(…)
Precisamos de cortar 50% das emissões de carbono até 2030
pelo que quaisquer planos que tenham combustíveis
fósseis no centro da transição energética são armas contra a
sobrevivência.
(…)
Não nos enganemos, foram estas as indústrias que
conscientemente nos levaram à crise climática em que vivemos.
(…)
[Nos anos 60] foram produzidos relatórios pelas próprias
indústrias que previam os impactos catastróficos da exploração de combustíveis
fósseis.
(…)
[As campanhas de negacionismo climático] foram tão bem
sucedidas, que em 2022 estas indústrias que planeiam investir 1.5 biliões em
novos projectos fósseis.
(…)
A única forma desta longa carruagem do colapso parar é
tomarmos as rédeas pelas nossas próprias mãos.
(…)
Os
governos continuam a pactuar com os seus interesses ao darem luz verde a novos
projectos de gás e ao não actuarem decisivamente para travar o colapso.
(…)
A pior
das crises de aumento do custo de vida reflecte-se não só nas contas de
electricidade e gás, mas também em todos os produtos que deles dependem para
serem produzidos.
(…)
[Os
lucros destes predadores], tendo em conta a sua responsabilidade na crise
climática que vivemos e no caos climático para o qual nos encaminham, são
crimes.
(…)
A luta
por electricidade 100% renovável até 2025, acessível a todas as famílias, será
conquistada apenas com a mobilização de toda a sociedade. [Mas a vontade
política não existe]
Catarina Viegas, “Público” (sem link)
Os professores saíram à rua para reivindicar melhores
condições de trabalho.
(…)
Os professores saíram à rua para denunciar o que se passa na
escola pública.
(…)
Os
professores saíram à rua, porque estão revoltados com os cortes salariais a que
foram sujeitos durante uma década, com o congelamento das carreiras
profissionais, com a aplicação de quotas que limitam a sua progressão no quinto
e sétimo escalões.
(…)
Os
professores saíram à rua, porque consideram o atual sistema de avaliação
docente uma tremenda injustiça, já que os penaliza gravemente.
(…)
As
expectativas de alguém poder enveredar pela nobre profissão do ensino são tão
baixas que o próprio governo já ponderou a hipótese de requisitar técnicos de
outras áreas para suprir a falta de docentes.
(…)
Só quem anda lá é que sabe. O calvário tem sido longo, já não
há paciência.
(…)
Acima de tudo, os professores estão preocupados com o estado
de degradação a que chegou a escola pública.
(…)
Não é
aceitável que um professor contratado, com vinte anos de serviço, não tenha
ainda obtido a vinculação na carreira docente.
(…)
Não é
admissível que um assistente operacional com trinta anos de serviço continue a
receber o ordenado mínimo tal como um candidato à entrada na carreira
profissional.
(…)
É esta contínua espera, fazendo sacrifícios e suportando
mortificações, que tem exasperado os professores ao longo dos anos.
(…)
Porque
os professores não são estúpidos, e ainda que sejam por vezes ingénuos, sabem
quando a verdade do artifício
na mesa de negociações os não convence, quando a proposta não passa de uma
receita mal feita.
(…)
É com
esse espírito renovado [do início das suas carreiras] que vão para a rua lutar
por uma causa nobre a fim de recuperar alguma dignidade e respeito.
José Manuel Barros, “Público” (sem link)
Imensos cidadãos que trabalham são catalogados de "profissionais
invisíveis" apesar de serem seres humanos tão concretos quanto os
profissionais mais visíveis.
(…)
A falta de visibilidade no trabalho gera
graves carências materiais e invisibilidade social.
(…)
É necessário contribuir para a organização
dos cidadãos cumulativamente fragilizados, tornados "invisíveis".
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