(…)
Os
abusadores foram sobretudo padres, 100 ainda no ativo.
(…)
[Há
hoje] uma espécie de penitência por décadas de encobrimento.
(…)
Não
são memórias longínquas do passado. Está a acontecer.
(…)
Sabemos
agora porque, também para os fiéis, a sociedade se laicizou.
(…)
Depois
das primeiras denúncias virão muitas outras, como sempre acontece nestes casos.
(…)
Do
debate sobre as prescrições à insistência em dizer que “a Igreja é feita de
homens”, todo o esforço é para tratar cada crime como um caso, cada abusador
como criminoso.
(…)
Foram
criadas porque os abusos não são apenas na Igreja, são da Igreja.
(…)
Foi [igreja]
que organizou a ocultação generalizada.
(…)
Não há
qualquer sismo, terramoto, vergonha, porque todos suspeitávamos de uma dimensão
sistémica do caso.
(…)
Resulta
do que sempre resulta o abuso sistémico: da impunidade.
(…)
Concentrar
tudo nos abusos é uma fuga em frente.
(…)
A
tolerância zero resume-se a cumprir a lei, denunciando à justiça e deixando que
ela cumpra o seu papel.
(…)
Naquilo
em que a hierarquia tem de ser implacável é consigo mesma.
(…)
A
Igreja portuguesa chega tardíssimo a um processo que vai adiantado em muitos
países.
(…)
A
nomeação da comissão independente não foi um ato de coragem, foi contenção de
danos.
(…)
A
hierarquia, essa, sabia que havia duas formas de lidar com isto: passar os
próximos anos a ser triturada por denúncias ou tentar liderar a narrativa.
(…)
Mas
nenhum daqueles bispos ficou atónito, espantado, chocado. Todos sabem melhor do
que nós o que a casa gastou e gasta.
(…)
A
sociedade mudou e a Igreja Católica ficou no mesmo lugar. Deu este passo porque
acabou por ficar cercada.
(…)
A
Igreja não avançou com uma investigação.
(…)
A
Igreja impediu durante décadas qualquer investigação
(…)
É à
volta da mesa da Conferência Episcopal que os bispos têm de procurar os
responsáveis.
Daniel
Oliveira, “Expresso” (sem link)
[É
sintomático que] o Governo venha apresentar apressadamente, com grande pompa e
circunstância, mais um pacote de medidas que promete resolver o problema do
acesso à habitação.
(…)
Não esquecemos que em 2017 e em 2018 o Governo anunciou que
em 2024 teria resolvido a crise de habitação.
(…)
[Propõem-se agora] incentivos com enormes
reduções e borlas fiscais aos privados para os tentar convencer a colocar a
habitação no mercado de arredamento e no chamado “arrendamento acessível”.
(…)
[Faz-se] cedência de terrenos públicos a privados para mais
construção.
(…)
[Promete-se] maior liberalização da construção, diminuindo o
controlo dos projectos e da qualidade.
(…)
Anuncia-se subsídios às rendas e
prestações hipotecárias, pondo mais uma vez o orçamento público a pagar as
rendas e os juros altos.
(…)
[Quanto ao arrendamento forçado de casas vazias] tudo
dependerá do que vai ser efetivamente posto em lei.
(…)
O fim
dos “vistos gold”,
quando, na verdade, já foi possível constatar pelas declarações do
primeiro-ministro que apenas mudará o nome e enquadramento.
(…)
[Quanto ao controlo do aumento das rendas] isto
indica que o primeiro-ministro quer manter as rendas altas, nos níveis em que estão
– ou seja, rendas impossíveis de pagar.
(…)
Incentivar,
e apenas incentivar sem qualquer vínculo, novamente com borlas fiscais, a
passagem de casas em regime de Alojamento Local para o arrendamento privado.
(…)
O que podemos ver neste pacote de medidas é que temos o
Estado a subsidiar a especulação.
(…)
Temos
dúvidas de que o Orçamento do Estado, que nunca dá para nada, que é reduzido na
Saúde e na Educação, venha agora a pagar tamanha factura.
(…)
Não
toca no regime fiscal para residentes não habituais, nem no recentemente
aprovado pacote de incentivos aos nómadas digitais com rendimentos elevados.
(…)
A direita parlamentar sente-se indignada com o “ataque claro”
e a “agressão insustentável à propriedade privada” que as medidas constituem.
(…)
O que
está em jogo, então, é o direito das empresas e investidores ao lucro
desmesurado em detrimento do direito das pessoas a uma casa para viver.
(…)
Os bens essenciais à vida devem ser objecto de regulação
adequada.
(…)
A resolução da crise de habitação passa pela regulação
efetiva de preços e no abaixamento das rendas.
(…)
[As medidas propostas e que ainda não estão no papel] e que,
sendo tão limitadas, pouco ou nada vão significar para o alívio urgente da vida
das pessoas.
(…)
O
descontentamento é enorme e deverá continuar, enquanto as medidas não se
refletirem na qualidade de vida de todos e todas!
Rita Silva,
“Público” (sem link)
A
Espanha democrática ainda hoje sofre as marcas do que para uns foi uma
transição exemplar e para outros apenas a vergonha de calar as vítimas
democratizando os seus algozes.
(…)
Emilio
Silva é presidente da Associação para a Recuperação da Memória Histórica (ARMH)
que luta para localizar, identificar e exumar os mais de 100 mil mortos da
ditadura franquista que continuam dados como desaparecidos.
(…)
Segundo
a ARMH, citada pelo jornal El Salto, no cemitério de
Mançanares estão enterrados 288 assassinados pelos franquistas entre 1939 e
1947, enterrados em 16 valas comuns.
António
Rodrigues, “Público” (sem link)
Aquilo que o jornalista chileno Juan Pablo Meneses (…) resolve fazer na sua primeira obra de ficção é juntar a
investigação histórica e contar aquele dia fatídico [em que foi derrubado
o governo democrático de Salvador Allende.
(…)
Uma
História Perdida explora a possibilidade de ter existido uma
resistência armada que procurava manter o Governo da Unidade Popular, chefiado
por Allende, lembra esta semana a agência Infobae.
(…)
Ao
contar esse episódio histórico, Meneses percebeu que, apesar de ter acontecido
nesse mesmo dia do golpe de 11 de Setembro de 1973, no centro de Santiago,
muitos jornalistas, escritores e editores não tinham noção que isso tinha
acontecido.
António Rodrigues, “Público” (sem
link)
As alterações às leis laborais ficam a
léguas daquilo que seria necessário para repor roubos feitos aos trabalhadores
ao longo das duas últimas décadas e, em particular, no período da
troica/governo PSD-CDS.
(…)
As forças económicas e políticas da
Direita olham o contexto nacional, europeu e internacional e concluem que se
estivessem agora no poder vincariam facilmente desigualdades e disporiam de um
tacho cheio onde meter a mão.
Sem comentários:
Enviar um comentário