(…)
Deve-se
notar que a tal “coisa” impossível era estritamente o resultado do regular
funcionamento do mercado.
(…)
Os
incentivos funcionaram como deviam: os agentes imobiliários vendiam casas o
mais caro possível a famílias pobres e recebiam imediatamente a comissão
descontada sobre o crédito.
(…)
Os
bancos emprestavam com uma hipoteca que, se fosse executada, sempre permitiria
vender a casa por preço superior.
(…)
Enquanto
o preço da habitação subisse, o sistema prosperava e distribuía um manancial.
(…)
No
entanto, quando começou a descer dado o número de falências daquelas famílias,
o sistema financeiro teve que registar perdas em catadupa e começou o pânico.
(…)
A nova
corrida ao ouro são os criptoativos ou as suas múltiplas ramificações, os NFT
no mercado da arte, os espaços “imobiliários” ou “comerciais” no metaverso, os
negócios de credulice nas redes.
(…)
Este
mundo empresarial puxado a adrenalina passou a ser uma gigantesca startup que
vende ilusões e, se algum dia se usou o termo “capital fictício”, nem se
poderia imaginar onde chegaria esta espécie de fantasia new age em que vivemos.
(…)
[Se
deixasse falir as empresas em dificuldades, o mercado recuperaria em poucas
semanas] foi a solução aplicada pela administração Hoover em 1929 e a bolsa
norte-americana só recuperou 25 anos depois.
(…)
Depois
da crise financeira de 2008 foi aprovado um novo sistema regulatório que, sendo
deficiente, obriga as agências financeiras a regras mais estritas.
(…)
Trump
conseguiu anular parte dessas regras para os bancos regionais, criando aí um
foco de incerteza agravada.
(…)
[Dizem
os detentores do perfil do liberalismo conservador] que a falência daqueles bancos
é o resultado da “cultura woke”, o termo usado para catalogar as políticas que
promovem a diversidade no emprego.
(…)
É
mesmo assim, no país mais poderoso do mundo os conservadores jogam ao quanto
pior melhor, Murphy é o seu profeta.
Francisco Louçã, “Expresso” Economia
[Teresa
Pizarro Beleza escolhida pelo Governo para dirigir o Observatório do Racismo e Xenofobia]
não tem um histórico relevante de investigação
na área do racismo.
(…)
O Governo escolheu propositadamente alguém com um percurso de
relevo no feminismo e não no antirracismo, ponto.
(…)
Desconhece-se a sua posição teórica e política em
questões-chave nesta matéria [do racismo].
(…)
O
sinal que nos é dado com esta nomeação é que as “discriminações” são todas mais
ou menos a mesma coisa e que as questões raciais têm menor complexidade que as
de género constituindo-se como uma espécie de
parente pobre dos movimentos e reivindicações sociais.
(…)
A escolha de pessoas/sectores externos ao campo é um modo de
exercer controlo à distância para que nada mude efetivamente.
(…)
O combate ao racismo tem estado (mal) enquadrado na pasta das
migrações, mesmo que sejam universos legais e populacionais distintos.
(…)
Gostava,
sobretudo, de ouvir uma discussão sobre como há nesta escolha para a direção do
ORX uma manipulação do movimento feminista para com “legitimidade” ocupar o
lugar e silenciar a voz das pessoas racializadas.
(…)
O
mesmo Governo que no Plano Nacional de Combate ao Racismo exorta instituições
do Estado e do sector privado a implementar mecanismos de recrutamento e
contratação promotores da diversidade falha, num momento crucial, em fazê-lo.
(…)
Com
esta opção sobre a direção do ORX, perdeu mais uma oportunidade de dar um sinal
de compromisso e orientação às instituições e à sociedade em geral.
Cristina Roldão, “Público” (sem link)
Nas regiões do México onde o crime organizado impõe as suas
regras violentas impera a omissão e o silêncio.
(…)
O antropólogo social Claudio Lomnitz (…) está a
estudar a violência em Zacatecas, um dos estados mexicanos com maior índice de
crime organizado, nomeadamente a questão dos desaparecimentos.
(…)
Em 2022, 109 mil pessoas desapareceram no México.
(…)
As
pessoas vivem aterrorizadas e “esse terror gera o silêncio, isto é, que as
pessoas não se atrevam a falar, a denunciar, a discutir” porque lhes pode
acontecer o mesmo.
António Rodrigues, “Público” (sem link)
No estado australiano de Queensland, adolescentes podem ser
metidos em solitárias, incomunicáveis durante dias e dias, mesmo por ofensas
ligeiras.
(…)
Esta
semana soube-se que um jovem indígena de 13 anos passou 45 dos seus 60 dias de
cadeia numa solitária, 22 deles seguidos, uma violação de direitos humanos.
(…)
O
jovem a quem chamaram “Jack” chegou a inundar a cela entupindo a sanita quando
lhe foi negada água para beber, disse à BBC o seu advogado.
(…)
Já em
Fevereiro, outro caso em Queensland tinha originado ruído, quando outro jovem
de 13 anos, com dificuldades cognitivas, passou 78 dias confinado numa cela
durante 20 horas por dia.
(…)
No
entanto, ao invés de provocar a indignação generalizada, estes casos são
recebidos maioritariamente em silêncio por uma comunidade que está a debater
actualmente novas leis para criminalizar a violação das fianças por menores.
(…)
[Preocupa] sobretudo os maus tratos
contra os aborígenes e os melanésios do estreito de Torres: em 2021, havia 12
vezes maior probabilidade de serem presos neste estado do Noroeste australiano
do que os não-indígenas.
António Rodrigues, “Público” (sem link)
[Marcelo] não perde uma semana sem deixar
claro que não fará cair o Governo enquanto não se trocarem as peças na
liderança do PSD.
(…)
É da sua profunda convicção que, mal por
mal, fica como está. Adiamento.
(…)
Podendo guardar silêncio sobre a reacção
da Direita, seu hemisfério, ao convite dirigido ao presidente do Brasil, Lula
da Silva, para discursar na cerimónia comemorativa do 25 de Abril no
Parlamento, o presidente da República assume, uma vez mais, a farpa e o alvo: o
PSD.
(…)
Dificilmente encontramos tão forte
posicionamento quanto a matérias de liberdade na sua ala.
(…)
Marcelo mostrou que está na origem do
convite a Lula.
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