sábado, 18 de março de 2023

MAIS CITAÇÕES (224)

 
O Governo britânico, que propõe uma legislação para imigrantes e refugiados que viola de forma grosseira as convenções internacionais, é dos mais diversos da história do Reino Unido. 

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As duas principais figuras das políticas contra a imigração são o primeiro-ministro, Rishi Sunak, filho de hindus nascidos no Quénia e em Tanganyika, e a ministra do Interior, Suella Braverman, filha de mãe hindu tâmil das ilhas Maurício e de pai goês do Quénia.

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Sim, a igualdade no acesso a cargos políticos é um direito e a chegada de uma mulher ou de um descendente de imigrantes a esses lugares é um avanço.

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Mas se corresponder a um retrocesso nos direitos das mulheres e dos imigrantes isso tem relevância?

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Há um equívoco entre a agenda e o agente. E esse equívoco nasce de outro: que a nossa identidade individual pode ser reduzida a um dos seus elementos. 

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Mas, em geral, quem pertence a um grupo historicamente oprimido pode ser muito mais do que isso. Até pode fazer parte de grupos privilegiados e opressores. 

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Um negro que seja CEO de uma grande empresa não está numa posição de subalternidade sistémica perante um branco que viva num bairro de lata.

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Cada um de nós é uma sobreposição de muitas identidades e, por isso, de muitas relações de poder.

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A etnia, o género ou a orientação sexual não esgotam a origem das convicções de cada um.

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Quantas vezes o milionário que veio de baixo é o mais implacável?

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A desigualdade e a opressão não se fixam numa identidade, mas numa relação de poder que não pode ser resumida na biografia de ninguém.

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Sunak ou Braverman podem ser filhos de imigrantes, mas não representam os imigrantes e muito menos a agenda que os defende.

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Não estou a dizer que eles são menos da minoria étnica a que indiscutivelmente pertencem. O que digo é que isso é irrelevante.

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Para o que interessa à política, uma mulher machista é, antes de tudo, machista, um negro racista é racista, um judeu antissemita é antissemita, um gay homofóbico é homofóbico.

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E Sunak ou Braverman são xenófobos encartados.

Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)

 

Esta semana [o almirante Gouveia e Melo] mostrou que a sua campanha está em curso e que não se coíbe de usar o cargo para obter notoriedade e vantagens.

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A reacção mais comum dos portugueses é achar irrelevante o que acontece nessa área, porque existe um sentimento de indiferença e de inutilidade sobre as Forças Armadas.

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Uma maioria dos portugueses acha que as nossas Forças Armadas não servem para nada e que o dinheiro que com elas se gasta é sempre desperdício.

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[O mais grave nesta história] é a indisciplina revelada pelos marinheiros que se recusaram a sair num navio que estava em más condições.

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Por muito que os marinheiros possam ter razão sobre o estado do navio, deviam cumprir ordens mesmo com o risco inerente.

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Mas, mais grave do que isto é ver o almirante Gouveia e Melo chamar as televisões para mostrar a sua reprimenda aos marinheiros insubordinados, algo que, que eu saiba, é inédito num comandante militar.

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[O almirante afirmou] que o que acontecera tinha como objectivo prejudicar as suas expectativas presidenciais, traduzidas nas sondagens, e que tal tinha a ver com a organização do PCP nas Forças Armadas.

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Exactamente o que nunca deveria ter dito, porque se coloca no mesmo plano dos insubordinados.

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Se vai continuar a usar o cargo para promover ou defender a sua candidatura presidencial, [o almirante] devia abandonar as funções ou ser demitido por alguém.

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Para um militar, esta ambição sem princípios é inaceitável e perigosa para a democracia.

Pacheco Pereira, “Público” (sem link)

 

É difícil suportar psicologicamente o peso desta guerra que todos os dias nos violenta e que nos faz pensar nos horrores dos combatentes envolvidos.

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E não é uma guerra entre a liberdade e a ditadura. É um conflito por interesses geoestratégicos. Os oligarcas estão na Rússia, na Ucrânia e no Ocidente.

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Hoje a guerra, seja onde for, é ilegal face ao artigo 4.º da ONU, e daí a perplexidade pelo silêncio da ONU. Não só em relação à Ucrânia, mas também à Palestina e Iémen.

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A Turquia invadiu o Norte do Chipre em 1974 e os EUA/NATO desencadearam uma guerra em 1999 contra a Jugoslávia à margem do direito internacional.

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Só no sec. XX, na Europa, nas duas guerras mundiais morreram mais de cem milhões de humanos.

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Sabe-se de ciência certa que o armamento nuclear existente, a ser utilizado, levaria ao provável fim da Humanidade.

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Vivemos neste mundo em cima de montanhas de milhares de milhões de mortos causados pelas guerras ocorridas e de que há memória.

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A Europa da paz soçobrou perante o militarismo. Já se fala do trânsito de dirigentes da UE para a NATO.

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Os beligerantes escondem que a vitória de quem quer que seja significará mais dezenas e dezenas de milhares de mortos, mais destruição, mais miséria e fome e superlucros para os fabricantes da indústria de morte e os especuladores de sempre.

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A ministra da Defesa já fala em compras de armamento em conjunto, mas não há dinheiro para problemas centrais da dignidade humana - alimentação, saúde, escola pública, habitação e justiça.

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Sem exagero, o futuro da Humanidade pode estar a ser decidido nos campos de batalha da Ucrânia.

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A paz é o supremo bem da Humanidade, sem ela os humanos são como bárbaros que se matam uns aos outros.

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Só a paz nos permitirá defender um futuro em que a segurança de todos os países seja o critério para a vida futura.

Domingos Lopes, “Público” (sem link)

 

Há imensa riqueza, só que está concentrada e o setor financeiro desbarata-a, como vimos esta semana.

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Entretanto, há contradições a ultrapassar. Em nome da defesa da escola pública, vêm sendo feitos cortes nas infraestruturas, os professores e outros profissionais são maltratados, o que significa depauperamento da escola. 

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No Serviço Nacional de Saúde acontece a mesma poda.

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Os governos não podem desrespeitar as leis que enquadram as obrigações legais relativas à prestação dos direitos.

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A velhice digna para todos os cidadãos é uma miragem com sistemas assentes no lucro.

Carvalho da Silva, JN


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