(…)
As
duas principais figuras das políticas contra a imigração são o
primeiro-ministro, Rishi Sunak, filho de hindus nascidos no Quénia e em
Tanganyika, e a ministra do Interior, Suella Braverman, filha de mãe hindu
tâmil das ilhas Maurício e de pai goês do Quénia.
(…)
Sim, a
igualdade no acesso a cargos políticos é um direito e a chegada de uma mulher
ou de um descendente de imigrantes a esses lugares é um avanço.
(…)
Mas se
corresponder a um retrocesso nos direitos das mulheres e dos imigrantes isso
tem relevância?
(…)
Há um
equívoco entre a agenda e o agente. E esse equívoco nasce de outro: que a nossa
identidade individual pode ser reduzida a um dos seus elementos.
(…)
Mas,
em geral, quem pertence a um grupo historicamente oprimido pode ser muito mais
do que isso. Até pode fazer parte de grupos privilegiados e opressores.
(…)
Um
negro que seja CEO de uma grande empresa não está numa posição de
subalternidade sistémica perante um branco que viva num bairro de lata.
(…)
Cada
um de nós é uma sobreposição de muitas identidades e, por isso, de muitas
relações de poder.
(…)
A
etnia, o género ou a orientação sexual não esgotam a origem das convicções de
cada um.
(…)
Quantas
vezes o milionário que veio de baixo é o mais implacável?
(…)
A
desigualdade e a opressão não se fixam numa identidade, mas numa relação de
poder que não pode ser resumida na biografia de ninguém.
(…)
Sunak
ou Braverman podem ser filhos de imigrantes, mas não representam os imigrantes
e muito menos a agenda que os defende.
(…)
Não
estou a dizer que eles são menos da minoria étnica a que indiscutivelmente
pertencem. O que digo é que isso é irrelevante.
(…)
Para o
que interessa à política, uma mulher machista é, antes de tudo, machista, um
negro racista é racista, um judeu antissemita é antissemita, um gay homofóbico
é homofóbico.
(…)
E
Sunak ou Braverman são xenófobos encartados.
Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)
Esta
semana [o almirante Gouveia e Melo] mostrou que a sua campanha está em curso e
que não se coíbe de usar o cargo para obter notoriedade e vantagens.
(…)
A
reacção mais comum dos portugueses é achar irrelevante o que acontece nessa
área, porque existe um sentimento de indiferença e de inutilidade sobre as
Forças Armadas.
(…)
Uma
maioria dos portugueses acha que as nossas Forças Armadas não servem para nada
e que o dinheiro que com elas se gasta é sempre desperdício.
(…)
[O mais grave nesta história] é a indisciplina revelada pelos
marinheiros que se recusaram a sair num navio que estava em más condições.
(…)
Por
muito que os marinheiros possam ter razão sobre o estado do navio, deviam
cumprir ordens mesmo com o risco inerente.
(…)
Mas,
mais grave do que isto é ver o almirante Gouveia e Melo chamar as televisões
para mostrar a sua reprimenda aos marinheiros insubordinados, algo que, que eu
saiba, é inédito num comandante militar.
(…)
[O
almirante afirmou] que o que acontecera tinha como objectivo prejudicar as suas
expectativas presidenciais, traduzidas nas sondagens, e que tal tinha a ver com
a organização do PCP nas Forças Armadas.
(…)
Exactamente o que nunca deveria ter dito, porque se coloca no
mesmo plano dos insubordinados.
(…)
Se vai
continuar a usar o cargo para promover ou defender a sua candidatura
presidencial, [o almirante] devia abandonar as funções ou ser demitido por
alguém.
(…)
Para um militar, esta ambição sem princípios é inaceitável e
perigosa para a democracia.
Pacheco Pereira, “Público” (sem link)
É difícil
suportar psicologicamente o peso desta guerra que todos os dias nos violenta e
que nos faz pensar nos horrores dos combatentes envolvidos.
(…)
E não
é uma guerra entre a liberdade e a ditadura. É um conflito por interesses
geoestratégicos. Os oligarcas estão na Rússia, na Ucrânia e no Ocidente.
(…)
Hoje a
guerra, seja onde for, é ilegal face ao artigo 4.º da ONU, e daí a perplexidade
pelo silêncio da ONU. Não só em relação à Ucrânia, mas também à Palestina e
Iémen.
(…)
A
Turquia invadiu o Norte do Chipre em 1974 e os EUA/NATO desencadearam uma
guerra em 1999 contra a Jugoslávia à margem do direito internacional.
(…)
Só no sec. XX, na Europa, nas duas guerras mundiais morreram
mais de cem milhões de humanos.
(…)
Sabe-se de ciência certa que o armamento nuclear existente, a
ser utilizado, levaria ao provável fim da Humanidade.
(…)
Vivemos
neste mundo em cima de montanhas de milhares de milhões de mortos causados
pelas guerras ocorridas e de que há memória.
(…)
A Europa da paz soçobrou perante o militarismo. Já se fala do
trânsito de dirigentes da UE para a NATO.
(…)
Os
beligerantes escondem que a vitória de quem quer que seja significará mais
dezenas e dezenas de milhares de mortos, mais destruição, mais miséria e fome e
superlucros para os fabricantes da indústria de morte e os especuladores de
sempre.
(…)
A
ministra da Defesa já fala em compras de armamento em conjunto, mas não há
dinheiro para problemas centrais da dignidade humana - alimentação, saúde,
escola pública, habitação e justiça.
(…)
Sem exagero, o futuro da Humanidade pode estar a ser decidido
nos campos de batalha da Ucrânia.
(…)
A paz
é o supremo bem da Humanidade, sem ela os humanos são como bárbaros que se
matam uns aos outros.
(…)
Só a
paz nos permitirá defender um futuro em que a segurança de todos os países seja
o critério para a vida futura.
Domingos Lopes, “Público” (sem link)
Há imensa riqueza, só que está
concentrada e o setor financeiro desbarata-a, como vimos esta semana.
(…)
Entretanto, há contradições a
ultrapassar. Em nome da defesa da escola pública, vêm sendo feitos cortes nas
infraestruturas, os professores e outros profissionais são maltratados, o que
significa depauperamento da escola.
(…)
No Serviço Nacional de Saúde acontece a
mesma poda.
(…)
Os governos não podem desrespeitar as
leis que enquadram as obrigações legais relativas à prestação dos direitos.
(…)
A velhice digna para todos os cidadãos é
uma miragem com sistemas assentes no lucro.
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