sábado, 11 de março de 2023

MAIS CITAÇÕES (223)

 
[Entre nós a] greve é tratada [pelas televisões] como uma anomalia.

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[Entre nós a anomalia] está nos professores dos colégios privados, que em média ganham menos e trabalham mais, não se sentirem seguros e livres para a fazerem.

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A liberalização do mercado de trabalho tem deixado a democracia à porta das empresas.

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O efeito está à vista: na crise inflacionista da década de 70, os trabalhadores europeus ficavam com 70% do produto, hoje ficam com 56%.

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Entre os que impuseram as reformas laborais que contribuíram para garantir que o bolo da prosperidade fosse mais injustamente repartido estão políticos que hoje se fazem passar por técnicos [como Luis de Guindos e Lagarde]. 

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Apesar de não ter formação económica, [Lagarde] presidiu ao FMI e acabou, pelas mesmas razões de Guindos, à frente do BCE.

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Numa conferência de imprensa recente, alguém se deu ao trabalho de contar as vezes que Lagarde mencionou, para falar dos fatores de risco para a inflação, de “salários”: 14. Quantas falou de “margens de lucro”? Uma.

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Também Luis de Guindos tem avisado para os riscos dos excessos das reivindicações sindicais.

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Seguem um guião já escrito que lhes diz que, quando há inflação, é preciso contrair a procura através da contração de salários.

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Se nestas circunstâncias [de inflação] as margens aumentam, quer dizer que, além do aumento dos custos estar a ser exclusivamente refletido no preço final, ainda pagamos o aumento dos lucros.

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Ou seja, estamos a empobrecer para concentrar a riqueza em acionistas que viram uma oportunidade na inflação.

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Estamos a viver a primeira grande crise inflacionista depois da queda do poder sindical na Europa, resultado das políticas de liberalização do mercado de trabalho.

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Sem capacidade negocial, os custos do trabalho são os únicos impedidos de acompanhar a inflação geral.

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Há décadas que assistimos a uma transferência estrutural de rendimento de baixo para cima.

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Quem espera que os políticos que dirigem o BCE reajam antes deste grande assalto estar terminado é melhor sentar-se.

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O projeto neoliberal é esse mesmo: a compressão da democracia para que não haja constrangimentos à concentração de riqueza. 

Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)

 

O surto inflacionista está a atingir, de forma muito dura, as pessoas e famílias de mais baixos rendimentos agravando brutalmente a pobreza.

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Mas, as maldades estendem-se a outros setores [para além dos salários e das pensões], como o financeiro.

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Quando, por má gestão ou por negociatas fraudulentas, os bancos entram em crise, os cidadãos pagam a fatura. 

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Um aumento nos lucros "de quase 70%", obtido à custa de altas taxas de juros, de comissões diversas, da não remuneração de depósitos e através de despedimentos.

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Aos preços de produtos de primeira necessidade [no comércio a retalho] são impostas escandalosas margens de lucro.

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Os parasitas vão sugar o povo até ao limite.

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Há muito tempo que o Governo conhece e devia combater esta ignóbil especulação.

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Acima de tudo, [o Governo] deverá promover o aumento dos salários e assegurar atualização das pensões em conformidade com a inflação.

Carvalho da Silva, JN

 

Perante o aumento generalizado dos preços, as pessoas podem mudar hábitos de consumo e podem até deixar de adquirir e consumir determinado tipo de produtos. Não podem é deixar de comprar comida.

A ASAE apurou que num ano os preços do cabaz alimentar aumentaram quase 30%, percentagem muito superior à da inflação.

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[É inadmissível] a possibilidade de práticas abusivas na fixação dos preços dos produtos alimentares num cenário em que a generalidade das pessoas perdeu poder de compra e em que se verificam lucros extraordinários nos grupos económicos do sector.

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O Governo quer ouvir todos os representantes do sector para saber se existem “explicações racionais” que possam justificar estas subidas de preços.

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Atrevo-me a esclarecer o ministro da Economia que as explicações são sempre racionais, mesmo aquelas que apontam para as más práticas e para a comissão de crimes económicos.

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[Muito] irracional é pretender que – perante a gravidade do problema e a urgência em resolvê-lo – a estratégia imediata passe apenas por uma pesquisa arqueológica das causas.

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O Governo, portanto, vai dialogar. Já as pessoas vão continuar a comprar produtos alimentares a preços exorbitantes. Ou pior: vão inibir-se de comprar.

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É urgente criar um tipo de crime que puna as práticas que atentam contra os interesses das pessoas. 

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[Os amantes do livre funcionamento do mercado] preferem uma diminuição da carga fiscal, neste caso uma diminuição do IVA.

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Acontece que em Espanha essa diminuição serviu precisamente para aumentar margens. Em vez de cura para o problema dos consumidores, serviu para matar o vício dos retalhistas.

Carmo Afonso, “Público” (sem link)

 

Em França, como em todo os países do mundo, uma grande parte dos homicídios de mulheres são praticados pelos companheiros ou ex-companheiros.

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As mulheres são consideradas propriedade do homem, até quando já não vivem com o ex-companheiro.

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Os dias do homem são, também, todos aqueles em que este pensa ter direito de vida e de morte sobre a mulher.

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Estes crimes de “propriedade” não são casos isolados, fazem parte de um sistema patriarcal terrorista violento e macabro.

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Muitas destas mulheres já tinham feito queixa, muitos destes homens já haviam sido identificados pela polícia como agressores.

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Esta é a ponta do icebergue de todas as violências feitas contras as mulheres no mundo.

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Este tipo de violência está tão normalizado que parece uma inevitabilidade, parece fazer parte do funcionamento normal de uma sociedade.

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Apesar do feminismo não matar ninguém e de o machismo matar todos os dias, somos apelidadas de feminazis, de extremistas, de terroristas.

Luísa Semedo, “Público” (sem link)


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