(…)
[Há muitas] expressões da exaustão dos laços de
cuidado e da necessidade desesperada de contacto humano.
(…)
Esta tecnologia de apoio à distância [a teleassistência]
permite que pessoas mais velhas e com algum grau de dependência possam
permanecer na sua casa com a segurança de um contacto disponível 24 horas por
dia.
(…)
[Contudo, havia pessoas que] carregavam no botão,
as mais das vezes, apenas para ouvir alguém do outro lado. A sua emergência
era, acima de tudo, falar - e ouvir outro ser humano.
(…)
São só dois sintomas de um fenómeno mais profundo
que talvez devesse sobressaltar-nos, [a indisponibilidade para relações humanas
mais profundas].
(…)
É preciso virar este mundo do avesso e mudarmos
de vida.
José Soeiro, “Expresso” online
[Marques Mendes], munido de “um estudo”, que
disse ter recebido da Casafari, foi lesto a anunciar que o número de
proprietários que pretendem vir a arrendar caiu a pique desde que o Governo
anunciou o pacote da habitação.
(…)
[Referia-se] a uma suposta e eventual vontade de
arrendar, no futuro.
(…)
Sei quem são os financiadores da Casafari, pois estão no seu site, e isso basta para perceber que estão muito longe
de ser uma parte desinteressada no debate.
(…)
[Os investidores da Casafari] vivem,
lucram e crescem quanto maior for o valor imobiliário e a inflação dos preços
neste mercado.
(…)
Como boa parte da direita recusa a função social
da propriedade (…), a necessidade de mais construção tornou-se a panaceia para
a crise de habitação.
(…)
Assim é a conversa que a crise da habitação em
Portugal resulta de uma crise de produção e que, voltando ao ritmo de
construção de há duas ou três décadas os preços voltarão a descer.
(…)
[Há uma] concentração da oferta nos segmentos
mais lucrativos do mercado, inflacionando, por arrasto, os preços das casas de
segmentos mais baixos.
(…)
Devia causar estranheza a necessidade de reforçar
o ritmo de construção no terceiro
país europeu com maior número de fogos por mil habitantes (579).
(…)
Das quase seis milhões de propriedades 723 mil
estão vagas, de acordo com o INE, um valor que, a ser
verdadeiro, não tem paralelo em qualquer país europeu, e 100 mil estão no
alojamento local.
(…)
[A construção de novas casas pode servir] essencialmente
como um instrumento de rentabilização financeira.
(…)
Na Polónia, o segundo país que está a construir
mais casas novas, o preço das habitações está a crescer mais do que no nosso
país.
(…)
O stock de casas existente conta tanto, ou mais,
do que a nova construção, até porque não tivemos, durante décadas, reabilitação.
(…)
A inflação na construção civil, com a pandemia e
a guerra na Ucrânia, torna os preços das novas casas muito pouco compatíveis
com as carteiras nacionais.
(…)
Com estes preços [elevados] de construção é
normal que os empreendimentos que vemos nascer estejam nos segmentos “premium”,
fugindo das classes médias nacionais.
(…)
É irrefutável que, em Portugal, se construiu
muito menos na última década do que nas três anteriores.
(…)
A viragem do século é o momento-chave do Plano
Especial de Realojamento, que construiu cerca de 40 mil casas públicas para
acabar com as barracas nas áreas metropolitanas.
(…)
E o modelo em que os bancos financiavam operações
imobiliárias das construtoras civis (…) ruiu com as imparidades
monstruosas geradas e com a queda do Banco Espírito Santo.
(…)
A consequência indireta dessa crise foi a
falência massiva de empresas de construção civil.
(…)
Em 2008 tínhamos 385 mil pessoas a trabalhar no
setor, de acordo com números
do Banco de Portugal, e em 2021 não eram mais de 321 mil.
(…)
Numa década, o setor da construção civil passou
de quase 20% da economia, um valor similar ao que teve durante toda a década
anterior, para ficar abaixo dos 10%.
(…)
Dizer que temos de construir ao ritmo da viragem
do século, ignorando o stock entretanto criado (…) é responder a um
problema criando outro.
(…)
A questão é que a nova construção, sem regulação
do setor com medidas como suspensão do Alojamento Local ou a diminuição casas
devolutas, pouco ou nada irá fazer para descer os preços.
(…)
Nova construção pode resolver o problema de falta
pontual de casas em algumas zonas do país, mas nada faz, por si, para a
resolução do problema central: o seu custo.
(…)
É preciso acelerar a construção de habitação
pública, onde temos um vergonhoso parque de apenas 2% no país, garantindo
arrendamento acessível para jovens e famílias de classe média.
Daniel Oliveira, “Expresso”
online (sem link)
Independentemente das sensibilidades
partidárias, é impossível que os portugueses atentos à vida
pública não sintam uma profunda inquietação com o estado do nosso sistema de
ensino e com o futuro dos alunos.
(…)
Os
concursos de colocação de professores, que acabam de ocorrer, vão prejudicar os
docentes, vão piorar o já atribulado funcionamento das escolas e gerar uma nova
vaga de abandono da profissão.
(…)
Já se viu o suficiente para dizer que as provas
de aferição em formato digital redundarão num grande fiasco.
(…)
Será aceitável submeter a provas de aferição em formato digital alunos do 2.º
ano da escolaridade básica, sem competências sólidas de leitura e escrita, de
caligrafia titubeante porque a sua motricidade fina ainda lhes coloca problemas
de manuseamento de um instrumento de escrita?
(…)
Paralelamente,
a 15 de Maio, os responsáveis pelos exames da zona norte, centro e Lisboa
demitiram-se, criando assim dificuldades à realização dos exames nacionais.
(…)
A
competência leitora dos nossos alunos do 4.º ano da escolaridade básica,
apurada nos resultados do PIRLS 2021, recentemente conhecidos, vem a piorar
desde 2011
(…)
Na
senda do que já tinha acontecido em 2018, os juízes da 4.ª Secção do Tribunal
da Relação de Lisboa (TRL) consideraram ilegais os serviços mínimos aplicados
às greves dos professores
(…)
Nada que os professores e as suas organizações
sindicais não tivessem já dito, desde o início do contencioso.
(…)
Tomara
eu que estas linhas ajudem os mais ausentes a perceber como age e como reage o
ministro da Educação, que se diria refém de uma qualquer peça de Ionesco,
tantos são os absurdos em que se enleia.
Santana Castilho, “Público” (sem link)
Eu continuo com a mesma posição que estava antes.
(…)
Eu estou a tentar, com outros países, com a Índia, a China, a
Indonésia e outros países, construir um bloco para tentar construir uma
política de paz no mundo. O mundo não precisa de guerra.
(…)
O mundo está a precisar de paz, de tranquilidade, para que o
mundo volte a crescer para distribuir riqueza para o povo pobre.
Lula da Silva, CNN (sem link)
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