(…)
A única certeza – houve um telefonema para o SIS na
noite da crise do 4º andar – é a única dúvida que resta.
(…)
Sabe-se de todos os que quiseram informar os serviços
secretos e que alegam que era meramente para reportar o facto.
(…)
A partir daqui, é tudo nevoeiro e só se podem ler com
preocupação as alegações de irregularidade.
(…)
A lei determina que ao SIS estão proibidas operações policiais.
(…)
É tortuoso encontrar naqueles acontecimentos algum indício de
“sabotagem, terrorismo ou espionagem”.
(…)
Os documentos não são segredos de Estado e o
primeiro-ministro e o SIS são forçados a contradizer-se para poderem manter as
suas versões.
(…)
Nada do que foi feito é legal.
(…)
A única regra que o governo decidiu manter de forma
disciplinada (…) [é] que o SIS foi informado mas que nunca por nunca ser
lhe pediram ou instruíram que atuasse.
(…)
O governo criou este escudo, afirmando que a intervenção do
SIS é legal.
(…)
Este argumento tem que ficar num limbo, para que não se
descortine qualquer responsabilidade política ou pessoal dos governantes, não
vá o diabo tecê-las.
Francisco Louçã, “Expresso” online
As similitudes entre os casos de Timor-Leste e do Sara
Ocidental estão há muito estabelecidas.
(…)
Enquanto
a potência administrante do Sara (Espanha) assistiu passivamente à ocupação, a
potência administrante de Timor-Leste (Portugal) assumiu a responsabilidade de
defender, sem transigências, o direito à autodeterminação do povo daquele
território.
(…)
[Espera-se]
que o Governo português tenha para com o Sara Ocidental uma posição que exprima
a mesma exigência de cumprimento do Direito Internacional concretizado no
direito à autodeterminação do povo sarauí.
(…)
O plano de autonomia especial do Sara apresentado por
Marrocos faz-nos regressar a Timor-Leste.
(…)
[Perante o estatuto apresentado então pela Indonésia], Portugal
e a resistência timorense tornaram claro que tal estatuto nunca poderia
prejudicar o exercício do direito de autodeterminação daquele povo.
(…)
Que o Governo português aceite adjetivar o plano marroquino
de autonomia especial do Sara (…) sem mencionar uma única vez o
imperativo da autodeterminação do povo sarauí, é, pois, um gesto de abdicação e
de profunda incoerência.
(…)
[Relativamente
a Timor-Leste] Portugal soube escolher um valor
e lutar por ele contra todos os interesses.
(…)
Desgraçadamente,
relativamente ao Sara Ocidental, o Governo português parece agora desdizer tudo
isso e ceder ao cinismo das potências e dos negócios.
José Manuel Pureza, “Público” (sem link)
Na realidade, em alguns países, o “viver bem” foi até
inscrito na Constituição, como na Bolívia.
(…)
[Viver bem também significa] outras medidas para o
“bem-estar”, além de “indicadores” como o Produto Interno Bruto ou o mero
“crescimento” que não tem em conta a partilha da riqueza crescente, os limites
do planeta, a igualdade, a harmonia entre as pessoas e a terra que habitamos.
(…)
Precisamos dessa aspiração a uma “vida boa” para todas as
pessoas, mesmo que isso implique pôr em causa a “boa vida” dos donos disto tudo.
(…)
É do domínio do senso comum aspirarmos a uma vida que garanta
a segurança dos mínimos.
(…)
Não vivermos na ansiedade permanente do momento próximo.
(…)
É essa forma específica de segurança, socialmente organizada,
que nos traz liberdade.
(…)
[Há que fugir de um programa político que leve] à condenação
das gerações mais novas a condições de vida piores que as dos seus pais.
(…)
E, todavia, existem recursos para termos todos uma vida que
valha a pena ser vivida.
(…)
Exortar a uma “vida boa” para todas as pessoas transforma-se
pois numa convocatória de luta.
(…)
A “vida boa” pode ser horizonte e batalha.
(…)
Pela redistribuição de tudo: emprego, recursos, bens comuns,
trabalho, tempo.
(…)
Há palavras que transportam visões alternativas da vida e, se
nos transportam com elas, podem ser metáforas da vida verdadeira.
José Soeiro, “Expresso” online
[Para a nova liderança do Bloco] não há margem para erros
depois de uma pesada derrota eleitoral que reduziu a bancada parlamentar a
cinco deputados.
(…)
[A explicação para a grande vitória do PS nas últimas
legislativas foi a foma de muitos portugueses acautelarem] que
não haveria uma governação de direita que pudesse incluir o Chega. Este voto
útil é o que explica a maioria absoluta.
(…)
É possível que a mesma equação surja nas próximas eleições.
(…)
Mas o Bloco mostra que não irá baixar os braços.
(…)
O lugar do BE é ocupar a rua.
(…)
Os portugueses já começaram a ir para a rua e a manifestar
insatisfação com as políticas do Governo.
(…)
BE e PCP precisam agora de disputar a rua com forças
políticas do espectro mais oposto ao seu.
(…)
Esta
disputa pela ocupação da rua é uma verdadeira luta política que está a ser
travada e que merecia melhor atenção do país.
(…)
[O PS]
e o Chega apresentam-se ao eleitorado como sendo opositores, mas é evidente a
forma como o crescimento de um leva ao crescimento do outro
(…)
As duas forças políticas que impedem essa contaminação [do
movimento sindical pelo Chega] são exclusivamente o BE e o PCP.
(…)
[No dia em que BE e PCP baixarem os braços] as ruas
serão tomadas pela extrema-direita populista e cai o sistema democrático.
(…)
É por
isto que é uma boa notícia que o BE não desista de se afirmar como oposição ao
Governo e que não desista de ocupar a rua
(…)
Ocupar a rua exige ao Bloco que solidifique a sua militância.
(…)
É preciso uma organização que dê corpo à ideia de partido
movimento que o BE pode e pretende ser.
(…)
Mariana Mortágua é a líder perfeita para os difíceis desafios
do Bloco de Esquerda.
(…)
[Ficam os militantes], e com isso também nós, bem entregues.
Carmo Afonso, “Público” (sem link)
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