(…)
O país ficou sem controlo de sectores estratégicos como o da
energia, perdeu dos maiores polos de inovação e investigação, capacidade de
internacionalização e instrumentos para influenciar e regular áreas-chave da
economia.
(…)
Os CTT voltaram a falhar os 22 indicadores de qualidade do serviço de correio
universal.
(…)
Numa década, passaram de marca prestigiada que garantia generosos
dividendos ao Estado a exemplo de incompetência.
(…)
Numa década, a empresa entregou aos acionistas €373 milhões em dividendos, 40% do que pagaram ao Estado.
(…)
O Estado perdeu receitas e os portugueses deixaram de receber
cartas e encomendas a tempo e horas.
(…)
O Estado vendeu a maior empresa de energia e a sua distribuidora
ao regime chinês, comprometendo a soberania e a segurança nacionais.
(…)
Na REN, o Estado recebeu €749 milhões por uma empresa que, em apenas 10 anos, já devolveu €430 milhões.
(…)
A aposta pública nas renováveis, que contribuiu para um cluster
industrial que perdura, garantiu dividendos a Pequim enquanto a EDP cortava no
investimento e nos funcionários em Portugal.
(…)
A ANA, adquirida por um operador francês, tem gerado margens de
45% para a VINCI, depois de esta ter aumentado por 20 vezes as taxas
aeroportuárias de Lisboa.
(…)
Graças ao investimento no centro tecnológico de Aveiro, a Portugal
Telecom foi a primeira empresa mundial a desenvolver um cartão pré-pago.
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Hoje, a empresa que mais investia em inovação foi reduzida ao
papel de operador periférico de uma empresa periférica.
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O mesmo aconteceu com a Cimpor, que chegou a ser a nona maior
cimenteira do mundo (…) é hoje uma pequena cimenteira propriedade de um
grupo turco.
(…)
[Os mesmos que aplaudiram a privatização da Cimpor] achavam que a
privatização da Galp ia abrir portas a maior concorrência e descer os preços
dos combustíveis.
(…)
Somos o segundo país europeu com menor peso económico do sector
empresarial do Estado e estamos abaixo da média europeia na percentagem de funcionários públicos.
(…)
O país abdicou, por tuta e meia, de empresas-chave para a
definição de uma política energética, industrial e de inovação.
(…)
Talvez fosse altura de parar de atalhar debates e discutirmos se
queremos fazer o mesmo com uma companhia de bandeira e um hub aeroportuário num
país dependente do turismo.
(…)
No auge da pandemia, Neeleman não quis manter a TAP sem auxílios
públicos.
(…)
Esperava repetir a velha receita: lucros privados, prejuízos
públicos.
(…)
Condenados a servir à mesa e a arrendar casas a turistas, mas
estamos exemplarmente privatizados.
Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)
O que
escrevi recentemente sobre o modo como,
no afã de derrubar o Governo, se está a estuporar a democracia era
suficiente, porque nada mudou e é minha convicção que nada vai mudar.
(…)
As regras do jornalismo desapareceram do espaço
público, substituídas por um tratamento comicieiro e politicamente motivado e
orientado.
(…)
O
efeito adictivo de uma droga está em pleno funcionamento e tentar falar
racionalmente a uma assembleia intoxicada deliberadamente é em grande parte
inútil.
(…)
Os estragos que tudo isto está a fazer à
democracia são enormes em dois planos: um, o do poder político
democrático e a sua legitimação; outro o da degradação acentuada do jornalismo
e dos seus critérios.
(…)
Ambos [Galamba e Frederico Pinheiro] estão obviamente
a mentir e isso é tão evidente que as suas mentiras envenenam tudo.
(…)
Muitas
das trapalhadas têm apenas que ver com a cobardia de não dizer a verdade, que é
bastante menos grave do que as mentiras para a encobrir.
(…)
E o primeiro-ministro ao dar-lhe [a Galamba]
cobertura só aumenta a gravidade do caso para o Governo.
(…)
No caso de Frederico Pinheiro, [as mentiras] são
igualmente evidentes.
(…)
É
igualmente interessante como tudo o que mostrava que ele estava a mentir era
rapidamente esquecido para se passar ao elogio e para apagar a violência dos
seus actos.
(…)
No seu conjunto, a CPI foi muito hostil a
Galamba e muito amável com Frederico Pinheiro.
(…)
André Ventura pareceu um santo junto do tom
agressivo e despropositado do representante do PSD.
(…)
Não se esqueçam do efeito arruaceiro de como
alguns deputados intervêm na CPI.
(…)
No
caso da CPI mais que se justificava ter reduzido os directos a certas
intervenções, gravar tudo e evitar o efeito de “lavagem ao cérebro” gerado por
horas e horas de repetição das mesmas perguntas e das mesmas respostas.
(…)
O que
estava suceder foi entregue a comentadores e jornalistas-comentadores
esmagadoramente de direita, com relevo para a brigada do Observador, agora também à
noite na CNN.
(…)
Quando um diz mata, o outro diz esfola e, por
fim, outro diz esquarteje-se.
(…)
[O Governo] merece muito, mas o que se
está a passar atinge muito mais a democracia do que o PS e o Governo, como se
verá.
Pacheco Pereira, “Público” (sem link)
A banca nacional (a que opera no país)
teve, no primeiro trimestre deste ano, 955 milhões de euros de resultados
(lucro). O povo português está a ser literalmente roubado.
(…)
O presidente da República, em vez de
fazer uma crítica forte a esta realidade, optou por apelar à boa vontade dos
banqueiros para refletirem sobre as taxas de juros aplicadas.
(…)
Quem perdeu, e muito, na anterior crise
foi o povo, não os detentores da banca.
(…)
Os portugueses até pagaram os roubos
feitos, ao longo de muitos anos, por gestões desastrosas e corruptas.
(…)
As taxas de juros impostas aos cidadãos
são um escândalo, até em comparação com as práticas europeias, e não podem
continuar.
(…)
A questão dos lucros ilegítimos devia
estar no centro do debate político.
Diz o
relatório da [consultora imobiliária] Knight Frank que os preços nos 100
principais mercados residenciais de luxo do mundo subiram 5,2% em 2022, ao
mesmo tempo que o investimento em bens de luxo cresceu 16%.
(…)
Segundo
o Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos, 1,6 mil milhões de
pessoas vivem sem condições e mais de 100 milhões nem casa têm.
(…)
[Vivemos]
num sistema capaz de emprestar dinheiro a um capitalista tendo como garantia
aquilo que o próprio vai adquirir, mas a um país carente de liquidez só dão
crédito a “taxas de juro predatórias”.
António Rodrigues, “Público” (sem link)
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