sexta-feira, 19 de maio de 2023

CITAÇÕES

 
Quando um Governo PS se mete em bolandas — neste caso um ministro numa cena de rufias e promovido por isso —, aparece algum advogado da maioria a garantir que o cerne da questão é a recusa do PEC IV pela esquerda há 12 anos. 

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António Costa, mais fino do que o seu advogado, aparte algum protesto que então esboçou em prol do governante cuja queda desejava, jamais repetiu essa tese sobre a indispensabilidade do PEC IV e por razões evidentes.

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Não queria que o PS fosse visto como o partido que cortava as pensões e, ao assinar a ‘geringonça’, que foi o programa anti-PEC, comprometeu-se a fazer o contrário do que o PS antes promovera.

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A recuperação da questão PEC é somente uma extravagância de quem detestou a ‘geringonça’.

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O chumbo do PEC IV teve como consequência “trazer a troika”, escreve Sousa Tavares, pelo que o BE devia ter aprovado o programa, e disso me acusa.

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Descontando a bizarria de pensar que um partido deve romper o seu compromisso com os eleitores e aprovar o que garantiu que combateria.

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Renegasse o BE o seu mandato e o PEC era chumbado na mesma.

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Vale a pena perguntar qual a razão pela que o Governo nunca discutiu esses PEC com a esquerda. 

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Foi por saber que com a esquerda não havia negociação possível de uma estratégia socialmente tão cruel.

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É este PEC que Sousa Tavares acha que a esquerda tinha de aprovar.

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A mais intrigante [contradição] foi ver o Governo PSD-CDS a assinar a venda da EDP com um membro do Comité Central do PC chinês.

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Não menos curioso é ver agora Miguel Sousa Tavares, fervoroso defensor da TAP pública, a dar por certo que devia ter sido vendida em 2011. A coerência tem dias.

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Os mercados financeiros sabiam da fragilidade da dívida portuguesa e, como o BCE se recusava a apoiá-la, tinham luz verde para cobrar qualquer juro.

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Cria alguma vergonha alheia que pessoas que vivem no mundo possam alegar que os mercados se encheriam de piedade e protegeriam as contas de Portugal.

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Mas poderia o PEC IV salvar-nos de um programa como o da troika?

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As medidas laborais seriam as já previstas pelo PS.

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Se o advogado do PEC IV consultasse o arquivo teria o desgosto de saber que o Governo de então derrubou a sua tese.

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Escrever sobre o PEC de há 12 anos para distrair a degradação política de hoje dá nisso [falta de memória dos outros].

Francisco Louçã, “Expresso” Economia (sem link)

 

Entre 2004 e 2018, cerca de mil crianças ficaram órfãs. Em 2022, até novembro, 21 menores perderam a mãe em contexto de violência doméstica.

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Cerca de um terço dos homicidas suicida-se e os demais são presos. Essas crianças são deixadas sem mãe nem pai. O que lhes acontece?

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Uma parte significativa é cuidada pela família, principalmente pelos avós.

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Os cuidadores serão pessoas idóneas.

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No entanto, as necessidades destas crianças e destes cuidadores não se esgotam nos perigos previstos pela Lei de Crianças e Jovens em Risco.

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Estes avós nem sempre possuem as condições necessárias para cuidar de crianças em tempo integral. 

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Em 2021, para fazer face a uma das muitas necessidades identificadas, foram criadas as Respostas de Apoio Psicológico para Crianças e Jovens Vitimas de Violência Doméstica (RAP).

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Segundo a Comissão para a Cidadania e a Igualdade, desde a data de concretização do projeto, foram atendidas e acompanhadas 9977 crianças e jovens vítimas da violência doméstica.

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Um outro projeto, este promovido pela Comissão Nacional de Promoção dos Direitos e Proteção das Crianças e Jovens (CNPDPCJ) e ainda em fase de implantação, é o projeto A Teu Lado.

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Os cuidadores, frequentemente os avós, permanecem, no entanto, ainda esquecidos.

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É fundamental que sejam criados planos de apoio às famílias/cuidadores.

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É preocupante que muitos não conheçam os seus direitos e não recebam apoio das instituições responsáveis.

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É imprescindível que o Estado assuma a responsabilidade pelo desenvolvimento integral das crianças e famílias vítimas de homicídio em violência doméstica.

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O suporte às famílias deve ser coerente e contínuo, desde o momento do homicídio até à autonomia das crianças, com especial atenção aos avós e cuidadores que frequentemente assumem essa responsabilidade.

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É fundamental que sejam disponibilizadas estruturas de aconselhamento, apoio financeiro e psicológico, tanto aos cuidadores como às crianças e jovens vítimas do homicídio em violência doméstica, até que atinjam a maioridade.

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Se negligenciarmos essas famílias e cuidadores, estaremos a abandonar as crianças que são vítimas de homicídio em situações de violência doméstica.

António Castanho, “Público” (sem link)

 

António Costa escolheu ser aquele que se protege de um temporal com um pequeno chapéu de chuva chamado Galamba.

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Só um particular sentimento de inimputabilidade face ao temor justifica que António Costa insista em arrastar o seu Governo para isto, passeando-o num lamaçal sem fundo à vista.

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Entre a hierarquia férrea da chefe de gabinete Eugénia Correia e o novo espírito de colaboração de João Galamba, sobra um problema de comunicação dificilmente explicável.

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Os livros de História só deixarão cair umas linhas sobre a total irrelevância deste assunto [subtracção de um computador propriedade do Estado, por parte de um ex-funcionário acabado de ser demitido] no dossier da TAP.

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O ambiente de "saloon" vivido no Ministério não é dignificante, mas por ter sido conhecido e relatado pela voz de João Galamba acaba por se elevar a tesourinho de Estado.

Miguel Guedes, JN

 

O número de indivíduos com património líquido elevado (UHNWI, na sigla em inglês) deverá aumentar 28,5% nos próximos cinco anos e passar dos 579.625 de 2022 para 744 mil em 2027, de acordo com o último relatório da consultora imobiliária Knight Frank.

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Em Abril, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, (…), alertava o mundo para o facto de a pobreza estar hoje maior do que estava há quatro anos e de a fome ter subido e voltado aos níveis de 2005.

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Ao mesmo tempo, a desigualdade no mundo nunca foi tão grande: apenas 26 pessoas têm o mesmo nível de riqueza de metade da população mundial.

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Os ricos continuam a acumular fortuna neste mundo ocidental que voltou a crescer ao ritmo pré-pandemia, enquanto às nações de rendimento médio se negam medidas de alívio dos encargos da dívida e se recusam ajudas financeiras.

António Rodrigues, “Público” (sem link)


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