sábado, 27 de maio de 2023

MAIS CITAÇÕES (234)

 
O tempo do PS é até 2026.

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O Presidente pode demitir o Governo. Em meio século de democracia, seria a primeira vez que isso aconteceria contra a vontade de um primeiro-ministro que conquistou, ele mesmo, uma maioria absoluta.

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A crise política é artificial. Não são artificiais os casos. 

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Só um Governo caiu por causa de casos: foi o de Santana Lopes, porque a sua legitimidade política era quase nula.

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[Com Cavaco] todos esperávamos pela sexta-feira para saber que novo escândalo nos reservava um governo pejado de gente eticamente pouco recomendável.

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E, no entanto, o Governo cumpriu o seu mandato.

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Quem não punha os pés no Parlamento, se recusava a participar em debates nas legislativas e chamava “força de bloqueio” ao Tribunal de Contas dificilmente pode dar lições de respeito democrático.

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O ciclo que nos empobrece começou com a adoção de um modelo de integração monetária de que Cavaco Silva foi um entusiasta e de que nenhum governante se afastou.

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[Aconteceu com a “geringonça”] um dos raros momentos em que o peso dos salários no PIB aumentou.

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A crise que realmente interessa às pessoas — distribuição injusta dos custos da inflação, aumento das taxas de juro, “contas certas” à custa da degradação dos serviços públicos e da sangria de profissionais qualificados do Estado, falta de habitação — não será interrompida se Costa der lugar a um Montenegro enxertado de Rocha e dependente de Ventura.

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Para mim, o crescimento e o défice não resumem o bloqueio da nossa economia. 

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António Costa pensa mal a política que conta, mas sabe da que sempre moveu o bloco central. 

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Por mais bloqueado que o país esteja, os ciclos económicos existem. 

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Como bem sabe Cavaco, que apodreceu no poder durante dois anos marcados por escândalos semanais, os mandatos não se encurtam quando o fim do ciclo político se aproxima.

Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)

 

[Os recentes lucros das grandes empresas multinacionais em 2022 (…) resultam de um assalto em grande escala permitido pelos governos a quem controla os principais monopólios do capital global.

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A espiral inflacionista em que ainda vivemos foi espoletada pela opção das empresas petrolíferas de usarem o monopólio sobre o sistema energético para compensarem as quedas de lucros durante os lockdowns do Covid.

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Todos os acordos sociais foram rasgados e agora só sobra a barbárie.

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Outros desequilíbrios fora do controlo da elite já estão a manifestar-se.

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A onda de calor que neste momento devasta o continente asiático fez, em plenos meses de temperaturas moderadas como Março ou Abril, baterem-se recordes.

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A abundância da produção de algodão e de têxteis a nível global foi comprimida, os preços aumentaram.

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As colheitas de milho, trigo e arroz foram afetadas pela seca nos Estados Unidos, na Europa e na China.

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O Alqueva e a absurda quantidade de culturas irracionais altamente dependentes de água praticadas no Alentejo está no limite da viabilidade.

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Já vivemos noutro planeta e não naquele onde foram criadas todas as relações de exploração, as instituições e o sistema bancário e financeiro que consolidaram o capitalismo.

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Quem tinha um empréstimo viu o seu valor aumentar, enquanto os preços de todos os bens aumentavam também. 

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O Silicon Valley Bank nos Estados Unidos faliu por causa da subida das taxas de juro, porque era um banco especializado em dívida.

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O que aconteceu com o Silicon Valley Bank e com outros repetir-se-á no futuro. 

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O endividamento das famílias está a aumentar para combater os preços elevados. 

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A crise climática continuará a exprimir-se diretamente como uma crise de custo de vida.

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A subida do nível das taxas de juros aumentou ainda mais na dívida pública dos países mais pobres.

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[Os países do Sul Global] tornaram-se maioritariamente dependentes da importação de comida que era “barata” mas já não é nem voltará a ser. 

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As dívidas crescentes vão, em quantidades cada vez mais maiores, não ser pagas.

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Os prémios de seguro globais estão em ascensão porque o risco está a deixar de ser risco para passar a ser certeza. 

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Todos os riscos são muito maiores e o risco de grandes catástrofes climáticas é generalizado.

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Quem pagará estes desastres? As pessoas desses países através do Estado, o último garante. 

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O aumento do custo de vida já é uma consequência da crise climática e os preços altos são e continuarão a ser impostos às pessoas porque a oferta geral de bens e produtos está em queda.

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Os sistemas de saúde ficam à beira do colapso, as pessoas não conseguem pagar rendas, não se conseguem deslocar para trabalhar sem custos exorbitantes, deixam de pagar contas e dívidas.

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E dir-nos-ão sempre que é necessário salvar a banca, porque senão toda a economia colapsa.

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Os modelos económicos e financeiros não estão desenhados para a crise climática.

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Nenhum governo do mundo está a fazer ou sequer a planear os cortes de emissões necessários para travar o aumento de temperatura abaixo dos 1.5ºC.

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A qualidade de vida está em regressão por todo o mundo por causa da crise climática e do sistema em que vivemos, que recusa-se a resolvê-la. 

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A alienação é generalizada entre a população e portanto torna-se muito difícil traduzir que as crises financeiras em que o capitalismo sempre viveu agora também têm uma ligação umbilical à crise climática. 

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A crise climática será a mãe de todas as crises financeiras, porque é a crise fundamental da espécie humana e irá repercutir-se em todos os sistemas humanos. 

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Temos de puxar o travão de emergência para travar o caos. 

João Camargo, “Expresso” online

 

[Segundo os padrões de consumo ocidentais] generaliza-se a ideia de que quanto mais consumimos ou quanto mais podemos consumir, maior é o nosso bem-estar, o nosso conforto e a nossa felicidade.

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[Os] padrões deste ‘conforto’ que, culturalmente, aceitamos como universais, pois são eles que ameaçam a sustentabilidade e o equilíbrio socioecológico.

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Identifica-se, assim, uma associação simbólica entre consumo e bem-estar/conforto. Identifica-se, assim, uma associação simbólica entre consumo e bem-estar/conforto.

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A forma como esta noção de conforto pode funcionar como uma barreira à mudança e impedir a adoção de práticas ‘sustentáveis’.

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A associação entre consumo e bem-estar pode conduzir-nos a visões redutoras que priorizam o conforto, de curto prazo, os desejos materiais mais imediatos, em detrimento do equilíbrio e sustentabilidade de longo prazo.

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O desafio é conseguir ver além deste lado material e desconstruir estes conceitos que servem o modelo de organização social e económica instituído nas sociedades ocidentais.

Fátima Alves, “Diário as beiras”

 

As relações entre a Europa e os Estados Unidos com a China e a Rússia, por um lado, e com a África do Sul, tornaram-se cada vez mais tensas nas últimas semanas. 

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[A África do Sul é] um dos únicos países a defender o bom senso internacional através do diálogo e de uma solução de paz mediada no conflito na Ucrânia, reconhecendo a violação da soberania pela Rússia.

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O G7, que representa somente 10% da população mundial, considera Pretória “desalinhada” juntamente com os mais de 40% dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).

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Todavia, no país de Mandela, valoriza-se com apreciável grau de civismo a diferença, sempre em prol do respeito e o diálogo entre culturas, sem o cancelamento à la carte como se assiste atualmente na Europa.

Carlos Henriques, “Diário as beiras”

 

A «cultura do ódio» é um vírus letal para a democracia, que acaba até por contaminar setores com propostas próximas, capazes de se digladiarem de forma agressiva, fechando-se em vez de estabelecerem consensos. 

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O sociólogo Manuel Castells viu a origem deste negativo estado de coisas «nas promessas que a democracia liberal não cumpriu», ampliando o universo do ressentimento.

Rui Bebiano, “Diário as beiras”


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